domingo, 13 de maio de 2007

Nome, de Abílio Bandeira Cardoso

Enche-me de palavras a boca
Amarra-me pelo meu nome
E geme-o,
Geme-o como se fosse ele,
E não eu,
A encher-te de prazer.
E grita-o,
Grita-o mesmo nos silêncios
Em que entro em ti
E ficas sem interjeições.
E lembra-o,
Lembra-o quando eu sair de ti,
Levando na boca tuas palavras
E o meu nome.
E chora-o,
Chora-o quando eu não voltar
E meus passos deixarem de soar
Nos ouvidos que te beijo.
E deseja-o,
Deseja-o na tua voz arfada
Presa a mim na madrugada
De que sou ausente.
E cala-o,
Cala-o quando te magoar
Que o silêncio há-de gritar…
Há-de gritá-lo!

E se já nenhum de nós o ouvir…
Saímos,
Na hora de sair.

Abílio Bandeira Cardoso

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