Amoro-te, de Abílio Bandeira Cardoso
Desejo inventar palavras.
As que conheço parecem-me poucas,
Insuficientes,
Demasiado comuns e pequenas.
Às vezes fico dividido
Entre duas palavras...
E essa divisão não surge, sequer,
Entre a palavra que quero dizer
E a que imagino que queres ouvir.
Apetece-me dize-las às duas,
Numa só.
Como se ambas fossem uma,
Num único significado,
Abrangedor de ambas.
Hoje quero dizer que te adoro.
Porque és como o meu astro regente,
Que me dá vida...
E que eu venero como a um Deus, intocável.
Mas também quero dizer que te amo,
Que és tão igual a mim que podemos ser um só,
Penetráveis!
E nessa palavra que possuisse os dois significados,
Ponte entre o intocável e o penetrável,
Queria dois pilares de silêncio.
Que suportassem os dois significados.
Um pilar de silêncio
No momento em que a ouves,
Por não a conheceres.
E um outro feito do silêncio do momento seguinte,
Em que dás conta do plural do significado,
E engoles em seco a palavra nova que sai da minha boca
E que te impede de dizer que me queres.
Inventei agora essa palavra:
Amoro-te!
E amoro-te porque te amo e te adoro
E quando digo que te amo não esqueço que te adoro
E quando te digo que te adoro, lembro-me que te amo
Quando digo só uma dessas palavras
Não digo tudo...
E o que não digo...
Fica-me preso na garganta
Como azia...
E amoro-te lembra-me amoras...
Digo-te amoro-te
E fico com um gosto doce na boca
Às amoras
A amores
Que se adoram
Porque são doces.
...Mesmo quando não estás comigo.
Abílio Bandeira Cardoso
As que conheço parecem-me poucas,
Insuficientes,
Demasiado comuns e pequenas.
Às vezes fico dividido
Entre duas palavras...
E essa divisão não surge, sequer,
Entre a palavra que quero dizer
E a que imagino que queres ouvir.
Apetece-me dize-las às duas,
Numa só.
Como se ambas fossem uma,
Num único significado,
Abrangedor de ambas.
Hoje quero dizer que te adoro.
Porque és como o meu astro regente,
Que me dá vida...
E que eu venero como a um Deus, intocável.
Mas também quero dizer que te amo,
Que és tão igual a mim que podemos ser um só,
Penetráveis!
E nessa palavra que possuisse os dois significados,
Ponte entre o intocável e o penetrável,
Queria dois pilares de silêncio.
Que suportassem os dois significados.
Um pilar de silêncio
No momento em que a ouves,
Por não a conheceres.
E um outro feito do silêncio do momento seguinte,
Em que dás conta do plural do significado,
E engoles em seco a palavra nova que sai da minha boca
E que te impede de dizer que me queres.
Inventei agora essa palavra:
Amoro-te!
E amoro-te porque te amo e te adoro
E quando digo que te amo não esqueço que te adoro
E quando te digo que te adoro, lembro-me que te amo
Quando digo só uma dessas palavras
Não digo tudo...
E o que não digo...
Fica-me preso na garganta
Como azia...
E amoro-te lembra-me amoras...
Digo-te amoro-te
E fico com um gosto doce na boca
Às amoras
A amores
Que se adoram
Porque são doces.
...Mesmo quando não estás comigo.
Abílio Bandeira Cardoso
Etiquetas: abílio cardoso, poema
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