sábado, 21 de abril de 2007

Os Penedos de Góis e a Aldeia de Povorais

Fazemos parte de um concelho com território que se estende por mais de 271 km2, distribuídos por cinco freguesias, as quais agrupam dezenas de aldeias numa região totalmente acidentada. Com vales profundos por onde correm ribeiras e riachos que debitam grandes quantidades de água às bacias hidrográficas: Mondego e Zêzere. Somos assim, um concelho de montanha que ajuda a matar a sede a uma boa parte deste país. Mas... adiante.
Dos montes e das serras entrelaçados em linhas descontínuas, que fazem parte desta região de frondoso arvoredo e abundante água cristalina, sobressaem com toda proeminência Penedos de Góis, cuja exuberância se impõe por si própria a uma distância considerável. Afrontando de tal forma o visitante, que se toma impossível abstrair-se da presença majestosa deste colosso da natureza. E de facto uma das maiores, se não a maior, maravilha desta região. Há que reconhecâ-lo e acarinhá-lo por isso.
Curiosamente, ou talvez não, não temos sabido dar o devido realce nem aproveitamento turístico a esta raridade da natureza, à volta da qual se poderiam erguer vários projectos de desporto radical, com algum impacto nacional. Contudo, eles - os espantosos penedos - lá continuam expostos de forma activa, firmes e hirtos como torres, mas completamente ignorados.
Por detrás deste rochedo, situa-se a pitoresca e genuína aldeia de Povorais, cujas características lha dão o traço mais genuíno de aldeia serrana, bem à distância da dita civilização. Porém e devido à imponência dos seus protectores penedos - quem diria? - é relegada para um plano secundário, apesar da beleza natural dos seus mais vivos traços dos seus mais vivos traços de ancestralidade, onde ainda se podem ver habitações de pedra nua, ligada com barro, outras ainda de pedra solta, mas todas emolduradas por uma paisagem vetusta.
Juntando a tudo isto a simpatia das suas gentes hospitaleiras, com hábitos comunitários afáveis e maneiras próprias de bem receber, consegue-se encontrar um conjunto harmonioso entre a montanha agreste e o povo que a humaniza e lhe dá vida e cor. A rusticidade da montanha adornada pelas linhas suaves dos vales, transmite ao visitante a firmeza e a tranquilidade que por vezes lhe falta. Com esta paz de espírito instalada, desperta-se a atenção para as qualidades humanas deste povo, que já vão rareando na nossa sociedade.
Como a tantas outras belezas naturais, continuamos sem preceber por que não somos capazes de as colocar ao serviço desta região, dando a conhecer aos operadores de circuitos turísticos, esta raridade que a natureza nos oferece de forma tão generosa. (?) Bem sabemos que gerir um portento destes, de forma directa, apetrechado de condições apelativas para o desporto radical, seria necessário boa organização e muitos meios.
Mas que diabo, fazer um pouquinho de publicidade destas condições naturais pouco comuns, não nos parece nada fora do nosso alcance.
Se não fizermos alguma coisa para dar a conhecer a nossa região, ao nível dos media, ela morrerá na mais completa obscuridade. Não basta sabermos o que temos e deliciarmo-nos com ele, importa também dá-lo a conhecer a quem o desejar. O exemplo mais flagrante está no popular encontro dos "motards".
Da nossa parte, através dos mal alinhavados registos que aos poucos vamos dando a conhecer, fazemos aquilo que os maus ventos nos vão permitindo sem açoites de grande monta.
Adriano Pacheco
in O Varzeense, de 15/04/2007

Etiquetas: , , ,

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nos Povorais tive uns tios que já por cá não andam. Tudo de bom

21 abril, 2007 14:26  
Anonymous Anónimo said...

Um dos ex-libris do concelho de Gois, parabéns pela foto e pelo artigo.O ano passado surgiu a ideia de fazer um percurso pedestre, mas por motivos profissionais não aconteceu. Talvez este ano surja a oportunidade.

21 abril, 2007 15:31  

Enviar um comentário

<< Home