“Enterro do bacalhau” esta noite em Góis
A vila de Góis vai recriar, logo à noite, uma tradição que já não se vivia há cerca de 50 anos. Trata-se do “Grande enterro do bacalhau”, um teatro de rua que vai realizar-se no Largo do Município, a partir das 21h00. A iniciativa partiu do grupo de escuteiros
Sandra Marques, elemento dos escuteiros explica em que consiste este evento, durante o qual o bacalhau, enquanto alimento comestível, não vai sequer ser visto, em seu lugar vai estar uma personagem, que encarna este peixe. «É uma tradição que já não se vivia há 50 anos e que consistia na condenação do bacalhau, já que nesta altura – Quaresma - era proibido comer carne», segundo os cânones da Igreja Católica, começa por esclarecer Sandra Marques, acrescentando que «o povo já estava farto de comer peixe, neste caso bacalhau, querendo condená-lo em praça pública».
Assim, no largo do Município de Góis vão estar dez personagens para concretizarem essa “condenação”, nomeadamente, um juiz, um delegado, o defensor do bacalhau, o próprio bacalhau - que vai ser condenado à morte - a Quaresma, a Páscoa, o oficial do tribunal e duas testemunhas - o Zé Pacóvio e o Lambão das Iscas - e o carrasco, que vai enforcar o bacalhau. Além disso, na plateia encontram-se duas carpideiras para chorar a morte do bacalhau e a família do bacalhau, esposa e filhos. As personagens vão ser representadas por alguns elementos dos escuteiros e também pessoas mais velhas, pois «algumas delas já fizeram isto anteriormente e assim podem orientar-nos», diz-nos Sandra Marques.
Refira-se que esta tradição só é possível ser revivida porque alguns goienses ainda se lembram da época em que se realizava este teatro de rua, há cinco décadas, tendo um deles fornecido o guião. «Antigamente, com a ditadura, as pessoas não podiam dizer muita coisa, então aproveitavam este tipo de situações para dizer o que pensavam e criticar», avança Sandra Marques, acrescentado que o teatro era e será feito em quadra. A partir de agora pretende-se repetir o evento todos os anos, por esta altura, até porque, como adianta a organizadora, «nós, grupo de escuteiros, assumimos perante a população mais idosa que esta será uma tradição que se irá manter durante os próximos anos, mas claro, já com algo mais moderno». Por isso, a partir de agora esta iniciativa vai assumir-se como um «evento cultural, etnográfico e turístico para Góis», afiança Sandra Marques.
Relativamente às expectativas para logo à noite aquele elemento dos escuteiros goienses apenas espera que estejam presentes «as pessoas necessárias», pois como salienta, «já nos deu muito gozo preparar isto, foi um prazer juntar diferentes gerações, valeu a pena esta aprendizagem que houve entre nós, foi muito salutar», diz esclarecendo que em “palco” vão estar personagens dos 30 aos 80 anos.
No final do teatro vai ainda haver um convívio na Associação Educativa e Recreativa de Góis, colectividade que juntamente com a ADIBER, a Câmara Municipal de Góis e a população em geral apoia o evento.
Isabel Duarte
in Diário de Coimbra, de 6/04/2007
Sandra Marques, elemento dos escuteiros explica em que consiste este evento, durante o qual o bacalhau, enquanto alimento comestível, não vai sequer ser visto, em seu lugar vai estar uma personagem, que encarna este peixe. «É uma tradição que já não se vivia há 50 anos e que consistia na condenação do bacalhau, já que nesta altura – Quaresma - era proibido comer carne», segundo os cânones da Igreja Católica, começa por esclarecer Sandra Marques, acrescentando que «o povo já estava farto de comer peixe, neste caso bacalhau, querendo condená-lo em praça pública».
Assim, no largo do Município de Góis vão estar dez personagens para concretizarem essa “condenação”, nomeadamente, um juiz, um delegado, o defensor do bacalhau, o próprio bacalhau - que vai ser condenado à morte - a Quaresma, a Páscoa, o oficial do tribunal e duas testemunhas - o Zé Pacóvio e o Lambão das Iscas - e o carrasco, que vai enforcar o bacalhau. Além disso, na plateia encontram-se duas carpideiras para chorar a morte do bacalhau e a família do bacalhau, esposa e filhos. As personagens vão ser representadas por alguns elementos dos escuteiros e também pessoas mais velhas, pois «algumas delas já fizeram isto anteriormente e assim podem orientar-nos», diz-nos Sandra Marques.
Refira-se que esta tradição só é possível ser revivida porque alguns goienses ainda se lembram da época em que se realizava este teatro de rua, há cinco décadas, tendo um deles fornecido o guião. «Antigamente, com a ditadura, as pessoas não podiam dizer muita coisa, então aproveitavam este tipo de situações para dizer o que pensavam e criticar», avança Sandra Marques, acrescentado que o teatro era e será feito em quadra. A partir de agora pretende-se repetir o evento todos os anos, por esta altura, até porque, como adianta a organizadora, «nós, grupo de escuteiros, assumimos perante a população mais idosa que esta será uma tradição que se irá manter durante os próximos anos, mas claro, já com algo mais moderno». Por isso, a partir de agora esta iniciativa vai assumir-se como um «evento cultural, etnográfico e turístico para Góis», afiança Sandra Marques.
Relativamente às expectativas para logo à noite aquele elemento dos escuteiros goienses apenas espera que estejam presentes «as pessoas necessárias», pois como salienta, «já nos deu muito gozo preparar isto, foi um prazer juntar diferentes gerações, valeu a pena esta aprendizagem que houve entre nós, foi muito salutar», diz esclarecendo que em “palco” vão estar personagens dos 30 aos 80 anos.
No final do teatro vai ainda haver um convívio na Associação Educativa e Recreativa de Góis, colectividade que juntamente com a ADIBER, a Câmara Municipal de Góis e a população em geral apoia o evento.
Isabel Duarte
in Diário de Coimbra, de 6/04/2007
Etiquetas: góis
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