As Escolas de Alvares Não Podem Fechar
Quando li a acta da reunião de Câmara de Góis, de 13 de Fevereiro de 2007, onde o Sr. Presidente mencionou a intenção do Governo em mandar encerrar as escolasdo 1.º ciclo de Alvares, Cortes e Ponte Sótão, no fim deste ano lectivo, senti uma miscelânia de sentimentos, entre eles: a raiva, a tristeza, a indignação e a desilusão.
Se é certo que a Sr.ª Ministra da Educação não tem obrigação de conhecer o país palmo a palmo, geograficamente falando, claro, já a Sr.ª Directora da DREC (Direcção Regional de Educação do Centro) tem essa obrigação, ou no mínimo tem de se rodear de pessoas que conheçam a região que dirige.
Como a Sr.ª Directora da DREC não conhece o concelho de Góis e à data em que escrevo esta artigo não sei se estará disponível para sair do conforto do seu gabinete para o fazer, aconselhava-a a munir-se de um simples mapa das estradas da região centro, desdobra-lo e verificar as distâncias quilométricas que separam algumas aldeias da freguesia de Alvares, como: Chã, Foz, Alvares, Amioso Cimeiro, Cortes, Boiça e Mega Fundeira e a Vila de Góis.
Há-de reparar também que por aqui não passam IPs (itinerários principais), nem ICs (itinerários complementares). Digo-lhe ainda que todas estas estradas são estreitas, com curvas e contracurvas constantes, com desníveis bastante acentuados e muitas delas com o piso bastante deteriorado.
O sr. Presidente da Câmara disse, nessa mesma reunião, que no caso das crianças terem de frequentar a escola em Góis, teriam de percorrer 40 km. Ora isso só seria possível, se o transporte que viessem a apanhar fosse directamente do extremo sul do concelho, no caso da povoação de Mega Fundeira até à vila de Góis. Como tal não me parece ser possível, pois se esta situação se verificar, julgo que as crianças da freguesia seriam transportadas num único meio de transporte. Por esse motivo gostaria de fazer um pequeno exercício:
Imaginemos que haviam crianças (uma que seja) nas aldeias que já mencionei. E que o meio de transporte começaria a recolhê-lhas na povoação mais distante (Mega Fundeira), e terminaria na mais próxima (Chã de Alvares) até se dirigir a Góis. Sabe quantos quilómetros percorreria? Cerca de 85, isso mesmo 85 km para a ida e mais 85 km para a vinda.
Mas atenção, nesta exercício não mencionei outras aldeias, onde poderão viver crianças com idade para frequentarem o 1º ciclo, como: Amiosinho, Roda Cimeira, Carrasqueira, Coelhosa, Telhada, Algares, Simantorta, etc.
Sr.ª Ministra e Sr.ª Directora, esta vossa pretensão de encerrar as escolas da freguesia de Alvares só pode ter duas leituras. Ou foi um disparate, fruto do desconhecimento gerográfico, social e económico da região. E isso é incompetência. Ou então pretendem liquidar, através de uma rápida desertificação, todo o interir rural do país em geral e a freguesia de Alvares em particular. E digo isto porque não vejo quais os pais que irão permitir que um filho com a idade de 5, 6 ou 7 anos tenha de acordar às 4.30 horas da madrugada, seja colocado às 5.30 horas num qualquer meio de transporte, provavelmente um autocarro a cair aos pedaços e fazê-lo percorrer mais de 85 km em estrada de montanha até chegar à escola, e no final do dia voltar a fazer a mesma coisa para chegar a casa por volta das 21 horas.
O que vai acontecer é que estes pais, que estão em plena idade activa vão "fugir" daqui e engrossar ainda mais a população de um qualquer subsídio de uma qualquer cidade do litoral.
Mas, reflectindo melhor, não será isso que a classe política pretende, já que são os distritos do litoral onde os votos contam e não os distritos do interior? Por exemplo, o distrito de Lisboa elege 48 (quarenta e oito) deputados, o de Portalegre apenas 2 (dois). Para eleger os 10 (dez) deputados pelo distrito de Coimbra o que conta são os votos das cidades de Coimbra, Figueira da Foz e mais umas quantas com largas dezenas de milhares de eleitores e não os mil eleitores de Alvares. Esses, infelizmente, contam pouco ou mesmo nada.
Uma última nota. Não tenho dados estatísticos do número de crianças em idade escolar da freguesia de Alvares, e muito menos quais as aldeias onde vivem. No entanto em Chã de Alvares, nos últimos dois anos, nasceram quatro crianças e brevemente nascerá mais uma. Existe ainda uma outra com quatro anos, o que quer dizer que brevemente serão seis crianças com menos de cinco anos. Ora este acontecimento demográfico já não se verificava há vários anos, ou mesmo décadas.
Senhores governantes, era bom que antes de tomarem decisões, as analisasem primeiro em todas as suas vertentes e principalmente numa visão de médio e longo prazo.
Alvarenses, vamos lutar para que as duas únicas escolas da freguesia não encerrem.
José Manuel Simões Anjos
in O Varzeense, de 30/03/2007
Se é certo que a Sr.ª Ministra da Educação não tem obrigação de conhecer o país palmo a palmo, geograficamente falando, claro, já a Sr.ª Directora da DREC (Direcção Regional de Educação do Centro) tem essa obrigação, ou no mínimo tem de se rodear de pessoas que conheçam a região que dirige.
Como a Sr.ª Directora da DREC não conhece o concelho de Góis e à data em que escrevo esta artigo não sei se estará disponível para sair do conforto do seu gabinete para o fazer, aconselhava-a a munir-se de um simples mapa das estradas da região centro, desdobra-lo e verificar as distâncias quilométricas que separam algumas aldeias da freguesia de Alvares, como: Chã, Foz, Alvares, Amioso Cimeiro, Cortes, Boiça e Mega Fundeira e a Vila de Góis.
Há-de reparar também que por aqui não passam IPs (itinerários principais), nem ICs (itinerários complementares). Digo-lhe ainda que todas estas estradas são estreitas, com curvas e contracurvas constantes, com desníveis bastante acentuados e muitas delas com o piso bastante deteriorado.
O sr. Presidente da Câmara disse, nessa mesma reunião, que no caso das crianças terem de frequentar a escola em Góis, teriam de percorrer 40 km. Ora isso só seria possível, se o transporte que viessem a apanhar fosse directamente do extremo sul do concelho, no caso da povoação de Mega Fundeira até à vila de Góis. Como tal não me parece ser possível, pois se esta situação se verificar, julgo que as crianças da freguesia seriam transportadas num único meio de transporte. Por esse motivo gostaria de fazer um pequeno exercício:
Imaginemos que haviam crianças (uma que seja) nas aldeias que já mencionei. E que o meio de transporte começaria a recolhê-lhas na povoação mais distante (Mega Fundeira), e terminaria na mais próxima (Chã de Alvares) até se dirigir a Góis. Sabe quantos quilómetros percorreria? Cerca de 85, isso mesmo 85 km para a ida e mais 85 km para a vinda.
Mas atenção, nesta exercício não mencionei outras aldeias, onde poderão viver crianças com idade para frequentarem o 1º ciclo, como: Amiosinho, Roda Cimeira, Carrasqueira, Coelhosa, Telhada, Algares, Simantorta, etc.
Sr.ª Ministra e Sr.ª Directora, esta vossa pretensão de encerrar as escolas da freguesia de Alvares só pode ter duas leituras. Ou foi um disparate, fruto do desconhecimento gerográfico, social e económico da região. E isso é incompetência. Ou então pretendem liquidar, através de uma rápida desertificação, todo o interir rural do país em geral e a freguesia de Alvares em particular. E digo isto porque não vejo quais os pais que irão permitir que um filho com a idade de 5, 6 ou 7 anos tenha de acordar às 4.30 horas da madrugada, seja colocado às 5.30 horas num qualquer meio de transporte, provavelmente um autocarro a cair aos pedaços e fazê-lo percorrer mais de 85 km em estrada de montanha até chegar à escola, e no final do dia voltar a fazer a mesma coisa para chegar a casa por volta das 21 horas.
O que vai acontecer é que estes pais, que estão em plena idade activa vão "fugir" daqui e engrossar ainda mais a população de um qualquer subsídio de uma qualquer cidade do litoral.
Mas, reflectindo melhor, não será isso que a classe política pretende, já que são os distritos do litoral onde os votos contam e não os distritos do interior? Por exemplo, o distrito de Lisboa elege 48 (quarenta e oito) deputados, o de Portalegre apenas 2 (dois). Para eleger os 10 (dez) deputados pelo distrito de Coimbra o que conta são os votos das cidades de Coimbra, Figueira da Foz e mais umas quantas com largas dezenas de milhares de eleitores e não os mil eleitores de Alvares. Esses, infelizmente, contam pouco ou mesmo nada.
Uma última nota. Não tenho dados estatísticos do número de crianças em idade escolar da freguesia de Alvares, e muito menos quais as aldeias onde vivem. No entanto em Chã de Alvares, nos últimos dois anos, nasceram quatro crianças e brevemente nascerá mais uma. Existe ainda uma outra com quatro anos, o que quer dizer que brevemente serão seis crianças com menos de cinco anos. Ora este acontecimento demográfico já não se verificava há vários anos, ou mesmo décadas.
Senhores governantes, era bom que antes de tomarem decisões, as analisasem primeiro em todas as suas vertentes e principalmente numa visão de médio e longo prazo.
Alvarenses, vamos lutar para que as duas únicas escolas da freguesia não encerrem.
José Manuel Simões Anjos
in O Varzeense, de 30/03/2007
1 Comments:
Alguém vai ter de pagar as mordomias dos senhores políticos que (se)governam (n)este país. E, claro vai ter que se começar pelos que menos contam para os (re)colocar no poleiro. Nem sequer aquele artigo (será de um qualquer pasquim?) que diz que "todos são iguais e com os mesmos direitos" vale alguma coisa a não ser retórica.
Se alguém tem de pagar a crise (criada por quem?) vai ter de começar por aqueles que menos contam para a sua (deles) estatística.
Pagamos impostos como todos os outros e ... estradas? hospitais, condições de vida? escolas? etc. etc. etc. Isso são só direitos de alguns (aqueles que vivem nos grandes centros, com grande quantidade de eleitores, porque é de votos que vive a sanguessuga do poder político).
Mas, os culpados somos todos nós que vivemos neste país à parte que continuamos sem conseguir dizer (ou será fazer?) BAAAASTAAA.
A minha proposta é transformar os políticos em defensores do povo (é o que eles dizem que são) sem direito a mordomias mais do que o salário, sem reformas vergonhosas, sem cartões de crédito, sem viatura paga por todos nós, sem renda de casa paga pelo Zé, etc. etc. etc.
Certamente eles assim conheciam o país que dizem governar.
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