quinta-feira, 15 de março de 2007

Europa financiou projecto que nunca saiu do papel

A Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra (Adiber), sediada em Góis e presidida pelo militante do PS José Cabeças, recebeu cerca de 234 mil euros, do programa comunitário Leader II, para um projecto que nunca chegou a concretizar.

O financiamento europeu foi aprovado a 30 de Outubro de 1999 e o prazo de vigência do programa Leader II terminou dois meses mais tarde. Mas, mais de sete anos depois, o presidente da Adiber diz, ao JN, que continua interessado em concretizar o projecto em causa.

O chefe do programa Leader + (sucessor do Leader II), Rui Batista, garante que o incumprimento de compromissos assumidos pela Adiber será averiguado. E adianta que a associação poderá ser obrigada, nomeadamente, a devolver o dinheiro que recebeu.

No candidatura a financiamento comunitário, a Adiber propunha-se comprar uma parcela da Quinta do Baião, à Câmara de Góis, para aí construir um centro hípico, uma salsicharia, uma queijaria, um museu do mel e uma loja de artesanato. O objectivo, de acordo com a filosofia do Leader II, era promover algumas produções locais, na quinta situada à entrada da vila de Góis.

O primeiro passo era adquirir 20 mil metros quadrados de terreno, com três edifícios, e parecia fácil de dar tanto a Adiber como a Câmara eram presididas, em 1999, por José Cabeças. E, com efeito, praticamente dois meses depois da aprovação do financiamento comunitário, a 28 de Dezembro de 1999, o Executivo decidiu vender parte da quinta à associação, por 250 mil euros (Cabeças não participou na votação).

Mas a transacção nunca se concretizaria. O socialista Girão Vitorino, presidente da Câmara de Góis, desde que Cabeças abandonou o cargo, em Janeiro de 2000, para assumir a presidência da Administração Regional de Saúde do Centro, diz que negócio foi gorado por um cartório notarial. Alega que este não autorizou o destaque da parcela de terreno pretendida pela Adiber, porque o particular a quem a autarquia comprara a Quinta do Baião, em 1998, por 160 mil contos, "tinha feito um destaque há menos de dez anos".

Empresas querem a quinta

Vitorino acrescenta que, como já se completaram esses dez anos, "a Câmara está agora em condições de fazer a venda". O problema, para a Adiber, é que a autarquia, nos últimos meses, foi contactada por duas empresas, a FTP e a Eniol, interessadas em comprar a mesma parcela da quinta, para investir em turismo rural. Face ao interesse das firmas, a Adiber foi dizer à Câmara que ainda estava interessada no negócio.

Porém, em Janeiro último, antes de a Adiber vir novamente a jogo, já a vereadora do PSD Graça Aleixo alertava o Executivo para a necessidade de abrir um concurso público de ideias, antes de vender os terrenos e os três edifícios da quinta. Conforme se lê na acta da reunião, o socialista Diamantino Garcia contestou a ideia da oposição, "devido ao atraso que iria ser provocado por um concurso público". Já o presidente manifestou, apenas, "preocupação relativamente a um assunto tão grave e que se arrasta há cerca de oito anos".

Questionado pelo JN, Vitorino volta a não esclarecer se defende a revogação da deliberação que determinou a venda da propriedade à Adiber, nem se proporá a abertura de concurso "Vamos a ver", limita-se a responder.

Perante esta aparente indefinição, Cabeças diz que a Câmara deve "respeitar a história". Mas, havendo concurso, "a Adiber tem boas condições para sair vencedora", confia.

E se sair derrotada? "Temos na nossa posse todo o dinheiro, que iremos devolver à Comunidade Europeia", garante o dirigente associativo.

Leader II apoiou Adiber com 2,3 milhões de euros

O programa europeu Leader II, que vigorou entre 1994 e 1999, financiou 108 projectos da Associação de Desenvolvimento da Beira Serra (Adiber), com 3,2 milhões de euros.

Esses projectos permitiram criar 131 novos postos de trabalho, lê-se no relatório final do Leader II, que foi entregue à Comissão Europeia.

Apesar de não terem sido detectadas irregularidades no projecto da Quinta do Baião, declara-se no relatório que, "além das actividades de acompanhamento e controlo de rotina, realizadas pela Comissão Nacional de Gestão, a implementação do programa esteve sujeita a diversas auditorias conduzidas por entidades independentes".

Rui Batista, chefe do programa Leader +, que sucedeu ao Leader II, sustenta que o número elevado de projectos que beneficiaram de financiamento comunitário não permtia fiscalizá-los a todos.

Tutelado pelo Ministério da Agricultura e destinado a fomentar o desenvolvimento rural, o programa Leader II dispôs de 133 milhões de euros, em Portugal, e financiou projectos de 48 entidades locais.
in Jornal de Notícias, de 15/03/2007

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8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mais uns a deixarem o tempo passar, deixando os projectos e os financiamentos no fundo duma gaveta, para se poderem abotoar, no final, com uns milhares de euros da Europa. É uma vergonha!

15 março, 2007 01:35  
Anonymous Anónimo said...

Também há disto em Góis?!?

15 março, 2007 06:29  
Anonymous Anónimo said...

Passei para deixar um olá, rever seu cantinho e dar os parabens aos colegas do destaque de 4ª feira no Blogstar, Gostaria k aceitasse a minha oferta que está lá no meu perfil. Nica.

15 março, 2007 13:05  
Anonymous Anónimo said...

é só comilões !!!!!!

15 março, 2007 13:40  
Anonymous Anónimo said...

digam verdades!! O dinheiro não foi gasto!!! Presidente da ADIBER Diz: "Temos na nossa posse todo o dinheiro, que iremos devolver à Comunidade Europeia", garante o dirigente associativo." Saibam ler... Nao sejam BIBIS!!

15 março, 2007 16:29  
Anonymous Anónimo said...

Não foi gasto (diz ele), mas de facto não sei se existe. Por outro lado, já devia ter sido devolvido, já que não foi usado para aquilo que foi pedido. E se não saísse a notícia, quanto tempo mais ficaria guardado (esquecido) o dinheiro nos cofres da ADIBER?

15 março, 2007 19:59  
Anonymous Anónimo said...

Esses da Radical nao prestam para nada, assim têm o negócio deles. São uns parvos!!.Deixe de falar na vida dos outros óh Ivone!!Codrilheira!

15 março, 2007 20:01  
Anonymous Anónimo said...

Sim e porque nao falam nos Bombeiros sao quase 30 mil euros que o Necas meteu ao Bolso, e o Girao estava lá!! Ninguem fala pois não? E é assim, a Câmara é que nao a Quinta à ADIBER e porquê?? será que querem vender ao Carlos Gil a Quinta do Baião??? Talvès dê mais lucro alguém nao?

15 março, 2007 20:06  

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