sábado, 27 de janeiro de 2007

Freguesia do Colmeal

Nos limites com terras de Arganil, dista treze quilómetros da vila de Góis.
Compreende os lugares de: Colmeal, Quinta de Bolide, Malhada, Carrimá, Foz da Cova, Souto, Aldeia Velha, Carvalhal, Salgado, Saião, Sobral, Adela, Açor, Vale de Asna, Roçaio, Loural, Coiço, Ribeiro de Além e Quinta das Águias.
Pela etimologia do termo que deu nome à freguesia, pela toponímia, por uma série de vestígios encontrados na região e, até, dando crédito moderado a inúmeras lendas que circulam ainda nas bocas do povo, vários autores quiseram já situar o seu aparecimento em data determinada. Como consequência, as hipóteses são muitas, mas resulta uma certeza apenas, a povoação do território de Colmeal é muito antiga, possivelmente anterior a D. Afonso Henriques e à fundação do reino de Portugal, mas não é possível determinar com exactidão as suas origens.


Pertenceu durante muitos anos à comarca de Coimbra.
Em 16 de Novembro de 1560 esta pequena povoação da margem direita do Ceira deverá ter atingido um certo valor, pois mereceu do então bispo de Coimbra, D. João Soares, a promoção a sede de freguesia, por documento que concedia idêntica regalia à vizinha aldeia do Cadafaz.
Por via disso, a pequena capela que ao tempo existia, dedicada a S. Sebastião (S. Sebastião do Colmeal), foi aumentada e transformou-se em igreja matriz.
Os lugares que, nessa fase inicial, passam a fazer parte da nova freguesia são, além do Colmeal, Carvalhal, Souto, Aldeia Velha, Sobral e Adela.


A cura era da apresentação do vigário de Góis e seus benefeciários. Tinha destes, 4.000 réis, e dos seus paroquianos mais 4.000 réis, 40 alqueires de trigo e ainda o pé-de-altar.
Com os habitantes da também nóvel freguesia de Cadafaz, também os de Colmeal eram obrigados a irem três vezes no ano à Igreja Matriz de Góis (pela festa da Nossa Senhora da Assunção, na do Espírito Santo e na do Corpo de Deus). O não cumprimento desta imposição era igualmente punido "com um arrátel de cera para a matriz de Góis por pessoa e por cada falta...".
Do mesmo modo eram pertença dos prelados do bispado, pagando pela respectiva visitação, "meia colheita das colheitas gerais, ao preço de 250 réis, à custa de dízimos e rendas da matriz e anexas".
E, ainda como Cadafaz, também as capelas desta freguesia teriam que possuir obrigatoriamente "Caixa dos Santos Óleos, com suas mulas, Pia Baptismal, Campanários com sinos ou campas e todas as demais insígnias...".


São curiosas as anotações, a que haverá que dar o desconto do tempo passado, registadas sobre a freguesia do Colmeal em "O Concelho de Góis": "A vida dos habitantes da freguesia tem sido difícil. Os terrenos são muitos pobres, inacessíveis à maioria das culturas".
Como recurso surgia a caça, que era muito "abundante e variada, quer grossa quer miúda", segundo Pinhel Leal, e as pequenas indústrias caseiras, tipo artesanal, sem significado digno de realce. Mais tarde, surgiu um outro de melhor resultado mas que exigia grandes sacrifícios: as migrações periódicas para sítios onde as culturas exigiam muitos trabalhadores em determinadas épocas do ano. A apanha de azeitona no Ribatejo ou Beira Baixa, as ceifas no Alentejo ou Espanha, as mondas nos arrozais, etc...


"Para isso saíam de casa por períodos de semanas ou meses e regressavam com um pequeno pecúlio que lhes permitia ou garantia a subsistência até chegar nova época em que eram requisitados para outros trabalhos. Hoje, ainda a emigração é particularmente sentida nessa zona, existindo só em Lisboa uma colónia numerosíssima". Aqui havia uma tradição interessantíssima, assim relatada na "Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira": "Nesta Freguesia distribui-se anualmente um bodo de remota origem, a que sucessivas gerações têm dado cumprimento, e que corresponde a uma promessa feita a S. Sebastião para que intercedesse a favor das gentes da freguesia dizimadas por uma epidemia.". Sendo ainda S. Sebastião, a quem a primitiva capela era dedicada, o padroeiro da freguesia, no entanto é de maior devoção popular o Senhor da Amargura, em cuja honra se celebra a festa anual do terceiro Domingo de Agosto.



Orago: S. Sebastião.


População: 323 habitantes.


Actividades económicas: Exploração florestal, agricultura e pequeno comércio.


Festas, Feiras e Romarias:
- Festa de S. Sebastião (Bodo), Colmeal.
- Festa de Nosso Senhor da Amargura (3º Domingo de Agosto).
- Festa de S. Lourenço, Ádela (10 de Agosto).
- Festa de Nossa Senhora do Livramento, Aldeia Velha e Casais (Agosto).
- Festa de S. João, Carvalhal (Junho).
- Festa da Nossa Senhora de Fátima e S. José, Malhada (11 de Agosto).
- Festa a S. Pedro, Soito (Junho)


Património cultural e edificado:
Igreja Paroquial (em xisto, sinos do século XIX), "A Ponte", Moínho da Quinta, Capelas do Senhor, lagares de azeite da Ponte Ceiroco e de Adela e moínhos de água.


Outros locais de interesse turístico:
Senhor da Amargura, balneários da Ponte, cascata da Cortada e margens do rio Ceira.


Gastronomia:
Chanfana, cabrito assado, filhós, tigeladas, bolo com cebola, carne, presunto e chouriço.


Artesanato:
Atoalhados em renda.

Junta de Freguesia de Colmeal
Rua Pdre André Almeida Freire
Colmeal
3330-073 COLMEAL GOI

Tel: 235 761 111
Mail: jfcolmeal@clix.pt

Horário:
9:00 - 12:30 e das 14:00 - 17:30
De 2ª a 6ªFeira

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Permita-me que a prpósito dos locais de interesse da Freguesia do Colmeal acrescente aqui a capela de São Pedro no Soito, que segundo a lenda remonta ao Sec. XVI, o espaço museológioco / casa de convívio do Soito, inaugurado há cerca de 2 anos e que tem cerca de 800 peças representativas da vida da aldeia e da região( e que integra o catálogo dos locais de interesse editado pela CMG).

Ainda fazendo um pouco de publicidade à minha aldeia devo referir a "fonte-velga" que há cerca de 5 anos foi também integralmente reconstruída em xisto, um moimho água no centro da aldeia, que ainda moi com a água do tanque de rega, bem como as recentes construções / reconstruções em xisto e com telhados em ardósia.
António Duarte

osito dos

27 janeiro, 2007 15:40  
Anonymous Anónimo said...

Adicionalmente ao que já referi, penso que é de toda a justiça salientar, também, como ponto de interesse as duas explorações de caprinicultura existentes, respectivamente na Quinta das Águias e Vale de Azna, as quais constituem as únicas actividades económicas de relevo na Freguesia, para além da construção e da pequena agricultura de subsistência.
Desenvolvidas respectivamente por cidadãos europeus de origem alemã e holandesa, a sua existência faz-nos acreditar que é possível a vida nas nossas terras (serras).

António Duarte

27 janeiro, 2007 15:51  

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