sábado, 13 de janeiro de 2007

A Casa da Comareira - 2.ª parte

Depois de conhecer os cantos à casa, o ideal é sair para a rua. Nesta altura do ano nem o clima serve de desculpa para a preguiça – o céu azul proporciona o contraste perfeito para que a exuberância primaveril brilhe em todo o seu esplendor.


Quem tem boca…

Com roupa confortável, calçado resistente e um agasalho para fazer face aos arrefecimentos súbitos, faça-se à serra. Pode começar por travar conhecimento com os seus vizinhos, os habitantes da aldeia da Comareira que, entre o trabalho nas hortas, a lida dos animais e a feitura de queijos, têm sempre tempo para dois dedos de conversa, para delícia dos bons ouvintes e dos apaixonados por histórias de tempos idos. Aproveite para perguntar pelo caminho que leva à ribeira e pode ser que alguém tenha a ousadia de contar-lhe que, antigamente, as mulheres da Comareira se escapuliam para lá para tomarem banho despidas, enquanto desfiavam quadras alusivas ao segredo.

Por sua conta e risco, e a pé, ainda pode visitar as duas Aldeias do Xisto mais próximas, Aigra Nova e Aigra Velha. Na primeira é provável que encontre alguma animação em torno na pequena tasca local e das obras que, brevemente, darão lugar à Casa da Associação de Melhoramentos, que contará com uma Loja da Aldeia oficial (com a chancela das Aldeias do Xisto) e espaços para convívio e refeições saídas da grelha ou do forno a lenha. Pergunte pelo Sr. André e ele explica-lhe tudo e ainda lhe arranja uns petiscos para saborear ao ar livre.

A segunda aldeia, mais pacata, é precisamente onde vive o Sr. André, que divide as horas do dia entre ajudar os vizinhos e contribuir para a dinamização local. Enquanto isso, a sua esposa assume as árduas tarefas rurais. Encontrámo-la a vigiar as cabras num cenário idílico, um prado verdejante rodeado de vegetação rasteira, que por agora alterna entre os tons doirado e roxo - este último proveniente das urzes que conferem ao mel da Serra da Lousã as características que lhe garantiram a certificação.
A paisagem tem tanto de bela quanto de solitária, pelo que é muito provável que também aqui haja companhia para uma simpática troca de palavras.

Sobre rodas

Já de carro, há que reservar algum tempo para descobrir os encantos da vila de Góis – que são muitos. Estacione onde puder e descubra a pé as ruas estreitas do centro histórico, que tomou forma a partir do antigo edifício do hospital. No largo onde desagua a rua dos paços do concelho (e onde se encontra a sede da Lousitânea) há uma fonte de duas bicas que promete amor eterno aos casais que dela bebam em simultâneo, e ainda uma amostra de azulejos moçárabes protegidos por uma vidraça.

Descendo em direcção à entrada da vila, caracterizada pela ponte joanina sobre o Ceira, admire as margens cuidadas do rio no sítio da Praia Fluvial da Peneda, a mais concorrida da vila. Se prosseguir junto à margem, no sentido nascente, encontrará em poucos minutos outro recanto muito agradável para uns banhos de água doce, embora não seja oficialmente considerado zona fluvial: a Praia do Pego Escuro, junto a uma antiga azenha. Aqui avistam-se lontras pela noitinha, se o barulho do bar contíguo não as afugentar…

Pergunte ainda pelo Parque do Cerejal, onde se fazem belos piqueniques à sombra das árvores (que não são cerejeiras) e ao som do Ceira, mais uma vez, ladeado por um viveiro de trutas e domesticado na Praia Fluvial de Santo António (que até tem areia no Verão). Depois, informe-se junto da Transserrano (empresa associada da Lousitânea) acerca das actividades que estes organizam, como os percursos da Brama do Veado, em Setembro, a Rota do Azeite, em Novembro, e uma série de actividades de contacto com a cultura e a natureza locais durante o ano inteiro. Num instante dará por si de agenda na mão a marcar as próximas viagens até estas paragens.
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