O aborto, a nova batalha do governo é apenas uma questão de consciência pessoal
No início do próximo ano vamos ter novo referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez (aborto), oito anos depois de o povo português ter dito: Não.
Este é um tema sensível e não deveria ser usado pelo governo para afastar a atenção das decisões impopulares e cegas que tem tomado. É notória a capacidade deste governo em lidar com os meios de comunicação social e com a opinião pública. E, geralmente, os menos avisados vão atrás, seguindo o ritmo do maestro Sócrates. Sempre que há uma medida impopular segue de imediato, ou, simultaneamente, um anúncio de outra medida qualquer, afastando as atenções e dividindo a opinião pública.
Recentemente, face aos protestos legítimos dos funcionários públicos e autarcas, lá vem uma nova discussão para a ordem do dia: o aborto!
A liberalização do aborto é uma matéria sobre a qual há muito tempo formada, que não vou aqui revelar, apenas porque me parece que é, claramente, uma opinião reservada à esfera íntima e pessoal de cada um e, nesse contexto, deverá ser cada pessoa a decidir por si, sem se fundamentar nas opiniões dos outros. Não me parece legítimo que os políticos tomem estas matérias como bandeiras de propaganda. Aliás, se esses mesmos políticos estivessem assim tão interessados no que defendem, podiam alterar a lei na Assembleia da República, sem gastar milhares de Euros num referendo nacional, ou em sucessivos referendos nacionais, até que os eleitores se fartem e, cansados e revoltados pelos sucessivos gastos em referendos sobre a mesma questão, votem no sentido que os senhores políticos pretendem, mas cuja decisão não têm coragem de tomar. Parece que estamos todos a ser coagidos a votar SIM, sob pena de, vencendo o NÃO, em breve termos um novo referendo com a mesma pergunta.
A coacção é tanto maior quando o nosso primeir-ministro encabeça a campanha do SIM, dizendo que o que está em causa é a seguinte pergunta: Devem as mulheres que abortam ser presas e sujeitas a um humilhante processo judicial? Perante esta pergunta ninguém teria dificuldade em responder: uma mulher que aborte não o fará de ânimo leve, e essa decisão será, certamente, das mais difíceis da sua vida, já para não falar do desgaste físico e psicológico que o acto de abortar lhe trará.
A pergunta com que o nosso primeiro-ministro iniciou a campanha do SIM é redutora, porque não é apenas isso que está em causa. Teremos sempre de ver que, do outro lado dessa pergunta, há também uma vida que é interrompida, alguém a quem é negado o direito de nascer. Há, por outro lado, também que assegurar que, vencendo o SIM, as mulheres tenham o devído acompanhamento psicológico, antes e depois de se sujeitarem ao traumático acto de abortar.
Teremos, desta forma, de um lado, o direito à liberdade da mulher e, do outro lado, o direito à vida de cada embrião: e é no fiel destes dois pratos da balança que cada um de nós deverá pesar a sua cruz no dia em que entrar na mesa de voto.
Não nos deixemos então embadeirar nas campanhas políticas oportunistas, que apenas pretendem desviar a atenção de outros assuntos, e vamos pensar por nós, porque, este assunto do aborto é apenas um assunto de consciência, um assunto da consciência exclusiva de cada um.
Abílio M. Bandeira Cardoso
in A Comarca de Arganil, de 14/12/2006
Este é um tema sensível e não deveria ser usado pelo governo para afastar a atenção das decisões impopulares e cegas que tem tomado. É notória a capacidade deste governo em lidar com os meios de comunicação social e com a opinião pública. E, geralmente, os menos avisados vão atrás, seguindo o ritmo do maestro Sócrates. Sempre que há uma medida impopular segue de imediato, ou, simultaneamente, um anúncio de outra medida qualquer, afastando as atenções e dividindo a opinião pública.
Recentemente, face aos protestos legítimos dos funcionários públicos e autarcas, lá vem uma nova discussão para a ordem do dia: o aborto!
A liberalização do aborto é uma matéria sobre a qual há muito tempo formada, que não vou aqui revelar, apenas porque me parece que é, claramente, uma opinião reservada à esfera íntima e pessoal de cada um e, nesse contexto, deverá ser cada pessoa a decidir por si, sem se fundamentar nas opiniões dos outros. Não me parece legítimo que os políticos tomem estas matérias como bandeiras de propaganda. Aliás, se esses mesmos políticos estivessem assim tão interessados no que defendem, podiam alterar a lei na Assembleia da República, sem gastar milhares de Euros num referendo nacional, ou em sucessivos referendos nacionais, até que os eleitores se fartem e, cansados e revoltados pelos sucessivos gastos em referendos sobre a mesma questão, votem no sentido que os senhores políticos pretendem, mas cuja decisão não têm coragem de tomar. Parece que estamos todos a ser coagidos a votar SIM, sob pena de, vencendo o NÃO, em breve termos um novo referendo com a mesma pergunta.
A coacção é tanto maior quando o nosso primeir-ministro encabeça a campanha do SIM, dizendo que o que está em causa é a seguinte pergunta: Devem as mulheres que abortam ser presas e sujeitas a um humilhante processo judicial? Perante esta pergunta ninguém teria dificuldade em responder: uma mulher que aborte não o fará de ânimo leve, e essa decisão será, certamente, das mais difíceis da sua vida, já para não falar do desgaste físico e psicológico que o acto de abortar lhe trará.
A pergunta com que o nosso primeiro-ministro iniciou a campanha do SIM é redutora, porque não é apenas isso que está em causa. Teremos sempre de ver que, do outro lado dessa pergunta, há também uma vida que é interrompida, alguém a quem é negado o direito de nascer. Há, por outro lado, também que assegurar que, vencendo o SIM, as mulheres tenham o devído acompanhamento psicológico, antes e depois de se sujeitarem ao traumático acto de abortar.
Teremos, desta forma, de um lado, o direito à liberdade da mulher e, do outro lado, o direito à vida de cada embrião: e é no fiel destes dois pratos da balança que cada um de nós deverá pesar a sua cruz no dia em que entrar na mesa de voto.
Não nos deixemos então embadeirar nas campanhas políticas oportunistas, que apenas pretendem desviar a atenção de outros assuntos, e vamos pensar por nós, porque, este assunto do aborto é apenas um assunto de consciência, um assunto da consciência exclusiva de cada um.
Abílio M. Bandeira Cardoso
in A Comarca de Arganil, de 14/12/2006
Etiquetas: abílio cardoso, geral
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