sábado, 16 de dezembro de 2006

Pena de Vida, de Abílio Bandeira Cardoso

Quando partes cresces na sombra marcada,
Todo o meu receio de não te chegar aumenta,
Assumes o tamanho duma lua sangrenta
Que em todo o luar se impõe, ensanguentada

Recolho-me no papel e na pena penada.
E as penas que meu peito já não aguenta,
Em toda a solidão que apenas experimenta,
Solto-as pela pena de penas cansada

Entre a dor de partires e o medo de chegares
Esmago suspiros de ansiedade contida.
Todas as penas são pena de não regressares

Nos olhos carrego o negro da pena sentida
Com que escrevo “nós” em versos singulares.
Condenado à morte,...és minha pena de vida...

Abílio Bandeira Cardoso

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