quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

José Cabeças justifica a importância do microcrédito

Com a celebração deste Protocolo, visando a implementação do SIM – Sistema de Microcrédito para o Auto-Emprego e Criação de Empresas está a ser dado mais um importante passo para o combate à exclusão social, promovendo atitudes empreendedoras dos mais desfavorecidos e para a concretização de projectos que sustentem o seu auto-emprego.
Começamos por citar Muhammad Yunus, o pai do Microcrédito, recentemente galardoado com o Prémio Nobel da Paz, em resposta a uma jornalista do Jornal Público:
“Sabe porque falham muitas medidas de combate à pobreza?
Porque se olham os pobres como gente diminuída, pouco esperta, forçosamente preguiçosa, a precisar de seguir os conselhos dos que se consideram mais sábios, só porque são mais ricos. Isso é totalmente falso. Os pobres sabem melhor do que ninguém do que precisam exactamente para sair da pobreza. Podem até ter muito mais vocação para o negócio e inteligência do que você. Quase sempre tiveram apenas menos sorte e menos instrução, mas não são menos inteligentes. Sabem, aliás, muito melhor rentabilizar os seus talentos e lutar pela sobrevivência. Tal como um rico que queira tornar-se empresário, precisam de crédito, mas dispensam subsídios e esmolas.”
Tal como Yunus, acreditamos que todas as Pessoas têm potencial. Desta forma, esta é uma oportunidade decisiva que estamos a disponibilizar aos mais desfavorecidos e a todos os que, querendo dar um novo rumo à sua vida, não têm tido acesso a simples ajudas que podem ser decisivas para a melhoria do seu próprio bem-estar familiar.
Mais do que a possibilidade de concessão de um empréstimo bancário, este Protocolo revela a forte vontade e empenho dos vários Parceiros, em darem o seu contributo para a promoção da cidadania e para o reforço da própria democracia, ao possibilitar que todos os cidadãos tenham acesso ao crédito para poderem materializar os seus projectos de vida, associados ao desenvolvimento de iniciativas de carácter empresarial e económico.
Da parte da ADIBER, consideramos natural o nosso envolvimento nesta parceria, na medida em que os contactos que vamos mantendo com os potenciais promotores de projectos, permitem-nos observar que a grande dificuldade para a concretização das suas ideias, está na obtenção de pequenos empréstimos que complementem os apoios disponibilizados pelos regimes de incentivos financeiros que estejam em vigor, pelo que o microcrédito, desenvolvido de acordo com esta metodologia, é uma ferramenta essencial para dar resposta a esses constrangimentos.
A aposta que temos vindo a efectuar ao nível da formação profissional, enquanto factor decisivo a valorização e qualificação das pessoas, só é coroada de êxito pleno no caso de garantir a obtenção de elevados índices de empregabilidade aos formandos, pelo que o incentivo e a motivação para que sejam capazes de assumir responsabilidades ao nível da criação do auto-emprego, tem sido uma atitude permanente da ADIBER.
Ao assinarmos este Protocolo, na nossa qualidade de Organização da Sociedade Civil, estamos também a assumir as nossas próprias responsabilidades perante as populações que dedicadamente servimos, colocando-nos do lado das soluções face aos inúmeros problemas de ordem social que se lhes colocam e possibilitando que sejam criadas novas estruturas que fomentem o desenvolvimento económico do nosso Território.
Terminamos como começámos, citando Muhammad Yunus: “… o acesso ao crédito deve ser considerado entre os Direitos Humanos”.
“Criámos um Mundo movido pelo dinheiro e o sistema financeiro rejeita, pelo menos, de da população. Isto é ‘apartheid’ financeiro”.
“Se não somos dignos de crédito, somos praticamente condenados à morte”.