Góis é uma situação de excepção
Há quase 900 anos Góis recebeu a sua primeira (conhecida) carta de fundação, outorgada por D. Teresa e D. Afonso Henriques, Condes de Portugal. Anaia Vestraris, a quem foi concedida tal carta, foi o primeiro povoador deste vasto território. À altura seriam oferecidas terras a quem aqui viesse fixar-se, juntamente com outros benefícios. Hoje não será fácil atrair gente oferecendo terras de cultivo, nem as autarquias as terão. Contudo, é urgente repovoar o interior.
Qual a estratégia do governo central para o interior do distrito de Coimbra?
Atendendo às recentes notícias relativas ao fecho de escolas, ao encerramento das urgências nos centros de saúde e sabe-se lá mais o que é que ainda se vão lembrar de fechar (…) a resposta só pode ser uma: Desertificar, despovoar, acabar com as populações nesta área. Quem se arrisca a residir em locais onde não existem escolas para os seus filhos ou onde não existe apoio médico durante a noite? Sobretudo em locais onde as vias de acesso são impeditivas de rápidas deslocações? E sugerindo-se que os filhos sejam, aos 6 anos de idade, desenraizados das famílias, optando-se por lares residenciais para estudantes nas sedes de concelho, em detrimento da manutenção das escolas primárias nas freguesias e aldeias? Os senhores ministros viveriam assim? Educariam nestes territórios os seus filhos? Deixar-se-íam envelhecer numa região sem apoio médico nocturno?
O que é que nos permite continuar a viver no interior?
Longe vai o tempo dos “povoadores”, passaram mais de 800 anos! Hoje o objectivo é cada vez mais o inverso, uma politica quase malthusiana e potenciadora do fim das populações do interior, matando a respectiva cultura, matando o país por dentro, começando-lhe pelo coração: pela gente.
Parece que mais nada importa que não os números, somos todos números, e os números do interior do distrito são menos números que outros números. Substituíram Keynes por Malthus, definitivamente!
Góis, sede do concelho, situa-se a cerca de 40 km de Coimbra, contudo, Góis-concelho, tem aldeias que distam quase à mesma distância da sua sede. O encerramento do SAP no período da noite vai colocar estas pessoas a 80 km e a cerca de 2 horas, dos cuidados básicos de saúde, o que se não sendo grave no caso de uma indisposição ligeira (caso que resultará na negação completa do serviço, pois ninguém fará uma viagem destas durante a noite sem motivo grave, auto-avaliado!), sê-lo-á para uma vítima de AVC.
O combate à desertificação humana exige medidas concretas de discriminação positiva para os territórios que a sentem. Num ano em que a Assembleia Geral das Nações Unidas o dedica à desertificação, nas suas várias vertentes (incluindo a desertificação humana), o nosso país fecha escolas e urgências de centros de saúde no interior já desertificado, não promove a celeridade de investimentos vitais como a EN-342, optando por soluções sempre e cada vez mais desprestigiantes para toda esta região. E, Góis, por exemplo, perde 10% da população em ciclos de 10 anos, sem que nada se faça de concreto para inverter tal tendência. Pelo contrário, potencia-se a fuga das populações, com medidas impeditivas da fixação de pessoas como as que têm sido anunciadas (e a um ritmo tal que impede as populações de reagir).
Os concelhos do interior e as suas populações apenas terão tratamento igual aos outros se houver coragem e vontade (politica) de investir e manter serviços, dotando-os de mais meios e condições mais favoráveis, que potenciem o crescimento homogéneo do país. A igualdade só será assegurada se, para zonas de excepção, forem criadas medidas urgentes e concretas de excepção.
Abílio M. Bandeira Cardoso ( Advogado)
Qual a estratégia do governo central para o interior do distrito de Coimbra?
Atendendo às recentes notícias relativas ao fecho de escolas, ao encerramento das urgências nos centros de saúde e sabe-se lá mais o que é que ainda se vão lembrar de fechar (…) a resposta só pode ser uma: Desertificar, despovoar, acabar com as populações nesta área. Quem se arrisca a residir em locais onde não existem escolas para os seus filhos ou onde não existe apoio médico durante a noite? Sobretudo em locais onde as vias de acesso são impeditivas de rápidas deslocações? E sugerindo-se que os filhos sejam, aos 6 anos de idade, desenraizados das famílias, optando-se por lares residenciais para estudantes nas sedes de concelho, em detrimento da manutenção das escolas primárias nas freguesias e aldeias? Os senhores ministros viveriam assim? Educariam nestes territórios os seus filhos? Deixar-se-íam envelhecer numa região sem apoio médico nocturno?
O que é que nos permite continuar a viver no interior?
Longe vai o tempo dos “povoadores”, passaram mais de 800 anos! Hoje o objectivo é cada vez mais o inverso, uma politica quase malthusiana e potenciadora do fim das populações do interior, matando a respectiva cultura, matando o país por dentro, começando-lhe pelo coração: pela gente.
Parece que mais nada importa que não os números, somos todos números, e os números do interior do distrito são menos números que outros números. Substituíram Keynes por Malthus, definitivamente!
Góis, sede do concelho, situa-se a cerca de 40 km de Coimbra, contudo, Góis-concelho, tem aldeias que distam quase à mesma distância da sua sede. O encerramento do SAP no período da noite vai colocar estas pessoas a 80 km e a cerca de 2 horas, dos cuidados básicos de saúde, o que se não sendo grave no caso de uma indisposição ligeira (caso que resultará na negação completa do serviço, pois ninguém fará uma viagem destas durante a noite sem motivo grave, auto-avaliado!), sê-lo-á para uma vítima de AVC.
O combate à desertificação humana exige medidas concretas de discriminação positiva para os territórios que a sentem. Num ano em que a Assembleia Geral das Nações Unidas o dedica à desertificação, nas suas várias vertentes (incluindo a desertificação humana), o nosso país fecha escolas e urgências de centros de saúde no interior já desertificado, não promove a celeridade de investimentos vitais como a EN-342, optando por soluções sempre e cada vez mais desprestigiantes para toda esta região. E, Góis, por exemplo, perde 10% da população em ciclos de 10 anos, sem que nada se faça de concreto para inverter tal tendência. Pelo contrário, potencia-se a fuga das populações, com medidas impeditivas da fixação de pessoas como as que têm sido anunciadas (e a um ritmo tal que impede as populações de reagir).
Os concelhos do interior e as suas populações apenas terão tratamento igual aos outros se houver coragem e vontade (politica) de investir e manter serviços, dotando-os de mais meios e condições mais favoráveis, que potenciem o crescimento homogéneo do país. A igualdade só será assegurada se, para zonas de excepção, forem criadas medidas urgentes e concretas de excepção.
Abílio M. Bandeira Cardoso ( Advogado)
Etiquetas: abílio cardoso, góis
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