segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Cruzeiros

Em qualquer estrada ou caminho de Portugal, no meio de um povoamento ou no cimo de monte agreste, num sítio ermo ou num jardim, podem encontrar-se cruzeiros, padrões da fé cristã quase sempre erguidos em memória de ocorrências jubilosas ou dramáticas de importância privada ou pública.
De riquíssima variedade - desde a mais impressionante singeleza ao maior requinte escultórico, de qualquer forma muitos com notável qualidade estética - e executados em distintas pedras regionais, os cruzeiros apresentam também grande diversidade de tipos.
Em numerosos casos são uma simples cruz sem qualquer elemento decorativo e, quando muito, ostentam algum nome, palavras ou datas inscritas; por vezes a cruz foi trabalhada com decorações, molduras, desenhos incisos. Outro tipo é o da coluna de pequena base a sustentar alti fuste rematado pela cruz, esculpida com maior ou menor riqueza, como um capitel. Uma variante mostra inversas proporções - pedestal elevado, cruz de modestas dimensões.
Existem também muitos exemplos que apresentam a figura esculpida ou pintada de Cristo crucificado, assente sobre o fuste. Constituem outro tipo de cruzeiros aqueles de várias figuras isoladas formando elaborada composição cujo eixo é um Cristo na cruz. E outro tipo mais, o dos cruzeiros elevados sobre um plano-base com escultura de vulto redondo representando a «descida da cruz».
Não são raros os calvários, grupos de três cruzes onde se distingue de qualquer forma a central, a de Cristo. Quase sempre os calvários encontram-se junto a capelas dedicadas ao culto da redentora morte do Salvador.
E ainda, o cruzeiro catorze vezes repetido ao longo de caminhos, normalmente subindo encostas, a assinalar as estações da Via-Sacra.
Os cruzeiros revelam quase sempre a época da eleboração pelos seus estilos arquitectónicos.
in As Mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal, Verbo