Os Talentos da Região de Góis
Nas dobras profundas da nossa serra se escondem, por vezes, aptidões surpreendentes e se ocultam talentos fantásticos que mal podíamos adivinhar a sua existência, ali debaixo do nosso nariz, mesmo quando a chuva diluviana cai, ou quando o astro-rei se inclina impiedosamente sobre os montes, um talento destes se pode manifestar quando menos esperamos. Ele há coisas que nos surpreendem quando menos esperamos, até quando a lua desponta atrás dos montes e tenta' ocultar-nos, por ciúmes, as estrelas mais brilhantes do firmamento.
Sempre nos aceitámos como oriundos duma região culturalmente pouco desenvolvida face à escassez de autores conhecidos na nossa praça, apesar, destes poucos, nos merecerem o maior apreço e consideração. Por outro lado, em jeito de recompensa, temos a generosidade da natureza que nos brinda, todos os dias, com os seus encantos. Acontece que os talentos populares nem sempre se levantam do seu recatado lugar, nem são muito dados a emergirem do seu cómodo anonimato. Atitude que mal podemos compreender, já que o belo só passa a sê-lo quando se é dado a conhecer, contudo respeitamos tal posição. 'pois é da condição humana.
Ainda mal refeitos da surpresa que fomos acometidos, não queremos nem podemos ficar reféns da ocultação das grandes potencialidades dum poeta popular da nossa região, pouco ou nada conhecido, que cultiva não só a arte de rimar, como ainda tem a capacidade de transformar qualquer história em poesia, dentro do seu alto e refinado gosto seguindo o seu entendimento. Esta faceta já muito rara, não é comum, nem está ao alcance de qualquer mortal. Trata-se duma aptidão própria de alguém que, durante a sua vida, cultivou este género literário.
Estamos a falar do nosso amigo Ernesto Rosa do Corterredor, que ainda há bem pouco tempo nos obsequiou com um poemário concebido e extraído da história do livro de "O Rasto dos Barrões", do qual não resistimos a transcrever apenas uma estrofe dos dezoito poemas que escreveu: " Nas Mestras ao fundão, a norte/ era há muito venerada/ senhora da Boa Morte/ deixou de ser festejada/ a lenda foi praticada/ mas com um pouco de
sorte/ creio não foi esborratada/ contudo menosprezada/ a nova causou desnorte". E em jeito de esclarecimento e afirmação remata:
"Jamais alguém pode ter/ a mesma visão do que eu/ donde me encontro a ver/o ângulo é tão-só meu."
Para que se conste, aqui deixamos este pequeno lamiré das capacidades do ainda pouco conhecido, António Aleixo" do Corterredor de Góis, cujo versejar contém alguns dos seus ingredientes - remoques e insinuações mordazes -, cultivadas, com toda a maestria, pelo célebre poeta popular algarvio. O nossa estupefacto, mal se pôde conter, quando nos dermos conta que buscávamos noutras paragens aquilo que tínhamos à nossa porta, um poeta com o valor do Ernesto Rosa, nosso conterrâneo. Ele há coisas! ...
Adriano Pacheco
in Jornal de Arganil, de 22/10/2009
Sempre nos aceitámos como oriundos duma região culturalmente pouco desenvolvida face à escassez de autores conhecidos na nossa praça, apesar, destes poucos, nos merecerem o maior apreço e consideração. Por outro lado, em jeito de recompensa, temos a generosidade da natureza que nos brinda, todos os dias, com os seus encantos. Acontece que os talentos populares nem sempre se levantam do seu recatado lugar, nem são muito dados a emergirem do seu cómodo anonimato. Atitude que mal podemos compreender, já que o belo só passa a sê-lo quando se é dado a conhecer, contudo respeitamos tal posição. 'pois é da condição humana.
Ainda mal refeitos da surpresa que fomos acometidos, não queremos nem podemos ficar reféns da ocultação das grandes potencialidades dum poeta popular da nossa região, pouco ou nada conhecido, que cultiva não só a arte de rimar, como ainda tem a capacidade de transformar qualquer história em poesia, dentro do seu alto e refinado gosto seguindo o seu entendimento. Esta faceta já muito rara, não é comum, nem está ao alcance de qualquer mortal. Trata-se duma aptidão própria de alguém que, durante a sua vida, cultivou este género literário.
Estamos a falar do nosso amigo Ernesto Rosa do Corterredor, que ainda há bem pouco tempo nos obsequiou com um poemário concebido e extraído da história do livro de "O Rasto dos Barrões", do qual não resistimos a transcrever apenas uma estrofe dos dezoito poemas que escreveu: " Nas Mestras ao fundão, a norte/ era há muito venerada/ senhora da Boa Morte/ deixou de ser festejada/ a lenda foi praticada/ mas com um pouco de
sorte/ creio não foi esborratada/ contudo menosprezada/ a nova causou desnorte". E em jeito de esclarecimento e afirmação remata:
"Jamais alguém pode ter/ a mesma visão do que eu/ donde me encontro a ver/o ângulo é tão-só meu."
Para que se conste, aqui deixamos este pequeno lamiré das capacidades do ainda pouco conhecido, António Aleixo" do Corterredor de Góis, cujo versejar contém alguns dos seus ingredientes - remoques e insinuações mordazes -, cultivadas, com toda a maestria, pelo célebre poeta popular algarvio. O nossa estupefacto, mal se pôde conter, quando nos dermos conta que buscávamos noutras paragens aquilo que tínhamos à nossa porta, um poeta com o valor do Ernesto Rosa, nosso conterrâneo. Ele há coisas! ...
Adriano Pacheco
in Jornal de Arganil, de 22/10/2009
Etiquetas: adriano pacheco, corterredor, poema
1 Comments:
Já somos a Capital da Chanfana
agradecemos ao Sr. Valentim Rosa,ainda vamos ser um Grande Concelho.
Os Burros das Mestras que o Anselmo arranjou não se deram com os nossos Ares.
Aqui só se dão iluminados
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