domingo, 8 de fevereiro de 2009

Dia da Freguesia do Colmeal

Foi há uma semana e ainda não se calaram os ecos que nos continuam a chegar das mais diversas formas.
Estamos todos de parabéns: as colectividades envolvidas que demonstraram como é possível trabalhar em conjunto, a Junta de Freguesia que desde a primeira hora se disponibilizou para assegurar o transporte desde a sede de freguesia e todos aqueles, que muitos foram, a comparecer na Casa do Concelho de Góis, pequena demais para receber tantos Colmealenses. Dois autocarros vieram da sede da freguesia.

Foi um dia memorável que nunca mais ninguém vai esquecer. José Dias Santos, presidente da casa concelhia, nunca tinha visto a “sua casa” tão cheia. Mesmo a transbordar. Salão, salas de entrada, corredor, piso inferior, escadas de acesso e também na rua os Colmealenses acotovelavam-se para conseguir um lugar. Era de todo impossível.

Desde muito cedo que o salão ficou repleto. Nas salinhas da entrada e também no piso inferior os artesãos expunham os seus produtos e os seus trabalhos. Quadros, tapetes, casas em xisto, mel, aguardente, medronho, queijo, broa, filhós, castanha pilada, vinagre de mel, medronho com mel, bijutarias, rendas, artigos em lã, etc., foram objecto de grande procura, sendo que muitos destes produtos esgotaram.

O salão principal estava completamente transfigurado. As habituais fotografias foram retiradas para dar lugar à exposição de quadros de Fernando Costa, gravuras de Ilda Reis, ponto de cruz em quadrilé de Silvéria Dias, azulejos e pinturas de Paula Ramos e Diana Ramos.
Uma colecção de fotografias com paisagens das várias aldeias e casais “forrava” parte das paredes. Também Josefina de Almeida esteve representada com cinco obras suas, na sala de entrada. Uma espectacular construção em xisto, com iluminação, de Mário Mendes Domingos, esteve patente ao público durante todo o encontro.

Aberta a sessão, o Sr. Dr. Luís Martins, presidente do Conselho Regional da Casa do Concelho de Góis, depois de agradecer a presença de todos naquela realização solicitou um minuto de silêncio em memória do sócio número um da Casa Concelhia, Sr. Graciano Marques.
Sentia-se orgulhoso por ver a casa cheia. Isso queria dizer que “quando se chama pelo regionalismo ele ainda está presente”. Não deixou de manifestar a sua preocupação pela dificuldade que se sente em cativar a juventude. Expressou a sua felicidade por ver como as comissões de melhoramentos da freguesia do Colmeal trabalharam em conjunto e por tornarem possível a grandiosidade deste “Dia da Freguesia”.

José Dias Santos, presidente da Casa do Concelho de Góis, depois de cumprimentar a mesa e todos os presentes, e muito em especial os que se deslocaram da freguesia, referiu que a Casa “é a parte que o concelho de Góis tem em Lisboa para receber todas as pessoas do concelho e que está sempre ao dispor de todos”.

A Dr.ª Lourdes Castanheira, representante da ADIBER, referiu-se às vicissitudes da freguesia do Colmeal, ligada ao mundo rural e com um défice populacional. Falou do envelhecimento dos seus residentes e da desertificação. “Também tem, apesar de tudo, algumas potencialidades. Recursos naturais onde se destaca a energia eólica, uma mais valia para a freguesia”. Falou ainda do novo programa comunitário que veio substituir o LIDER+ e que estará à disposição de todas as colectividades e instituições. Terminou felicitando o ressurgimento do Rancho Serra do Ceira.

Henrique Braz Mendes, presidente da Junta de Freguesia do Colmeal, sentia-se orgulhoso de ver a casa cheia. Agradeceu “o empenho que tiveram todas as colectividades da freguesia na realização deste encontro da gente do Colmeal”, e realçou ainda “a força e união da colectividade da União Progressiva da Freguesia do Colmeal”.

Dr.ª Lisete de Matos, presidente da Assembleia de Freguesia do Colmeal, cumprimentou a todos e as restantes freguesias do concelho e saudou ainda os concelhos que se “irmanam com o concelho de Góis na problemática do regionalismo, porque tiveram os mesmos problemas e a mesma experiência”. Demonstrando muito apreço pela iniciativa, salientou e enalteceu o esforço do voluntariado colocado ao dispor do regionalismo, terminando com os seus “parabéns aos promotores”.

Helena Moniz, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Góis, após transmitir os cumprimentos do edil, ausente por compromissos já assumidos anteriormente, falou sobre regionalismo não esquecendo “as pessoas que em tempos multiplicaram esforços para que os povos pudessem usufruir das infra-estruturas básicas para a melhoria da sua qualidade de vida”. Continuou, alertando para que “neste princípio de século chegou o momento de olharmos em frente e planearmos o futuro. As dificuldades são outras e revelam um cariz sócio cultural diferente”.
Realçou o trabalho da União Progressiva da Freguesia do Colmeal que “tem desenvolvido interessantes e inovadoras actividades de promoção turística, social e cultural”, reafirmando que “interessa que o nosso território defenda a sua identidade, a sua especificidade e preserve as suas memórias, vivências e tradições reavivando a sua memória colectiva”.

José António Pereira de Carvalho, presidente da Assembleia Municipal de Góis, relembrou os tempos idos do PREC em que a população da freguesia do Colmeal se opôs à retirada das placas toponímicas existentes e que faziam referência a eventos ou a personalidades ligadas ao anterior regime. Em seu entender “povo que não regista a sua história não tem nada para transmitir às gerações futuras”.
Muito se fez graças à intervenção das «Comissões» que, com sede estabelecida nesta Casa do Concelho de Góis, levou ao aparecimento de grandes figuras do Regionalismo, razão pela qual considero estas Instituições como fundamentais no desenvolvimento e progresso das suas terras”.

António Domingos Santos, presidente da Direcção da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, em nome de todas as colectividades da freguesia, cumprimentou os elementos da mesa e dirigiu-se a todos quantos enchiam a sala. Uma palavra especial para a imprensa regional que tem tido um papel muito importante como “voz” dos regionalistas e das suas aspirações ao longo de décadas.
Recordou o convite feito pelo Conselho Regional e o desafio a que se propusera no sentido de ter todas as colectividades da freguesia a seu lado, o que conseguira. Foi um trabalho de equipa, feito com alegria e entusiasmo, que culminou com esta enchente de conterrâneos e amigos, alguns dos quais das restantes freguesias e dos concelhos vizinhos de Arganil e Pampilhosa da Serra.

Referindo-se ao programa proposto para este “Dia da Freguesia do Colmeal” realçou o papel importante dos artesãos que tinham vindo das várias aldeias e casais com os seus produtos tão genuínos. Solicitou aos presentes para que aproveitassem a oportunidade para os adquirir, pois seria um incentivo para quem os produziu.
Recordou Fernando Costa e Ilda Reis, dois artistas colmealenses desaparecidos mas ali presentes com obras suas, que já estiveram expostas nos quatro cantos do mundo.
Não querendo e “evitando repetir temas” que seriam tratados no decorrer da programação, foi transmitindo a sua satisfação pelo trabalho de grupo, não deixando de recordar e sugerir uma visita demorada e atenta às exposições patentes no andar inferior – fotografias dos mais belos recantos das nossas aldeias, recortes da imprensa regional, fotografias e documentação antiga das colectividades.

Depois de aludir às próximas intervenções e da apresentação do livro “Memorial” da União, deu grande enfoque ao reaparecimento do Rancho Serra do Ceira, que parece estar de novo no bom caminho e na senda de novos êxitos.

Henrique Mendes, António Duarte e Miguel Mendes, três épocas, três visões diferentes de regionalismo, captaram em seguida a atenção dos presentes.
Recordados os tempos difíceis que os primeiros regionalistas encontraram, os muitos entraves com que passo a passo se iam deparando para conseguirem as estradas, a água, a electricidade, escolas, o posto médico, o telefone, o saneamento básico, etc.
O entusiasmo, o empenho, a falta de meios e de dinheiro, que sempre se ultrapassava com a vontade férrea que caracterizava os nossos regionalistas, foram postos em relevo.
Uma nova visão tendo em atenção as oportunidades e as ameaças que se colocam nos tempos actuais, numa tentativa de combater a desertificação que se vem sentindo nas nossas aldeias. É imperativo dar vida às nossas aldeias, atrair novos investidores e manter uma constante pressão junto das entidades locais.
Realçado o papel importante que se viveu para a concretização deste “Dia”, reunindo as colectividades e fazendo um trabalho conjunto, que se espera venha a ser o início de um novo período no regionalismo da freguesia do Colmeal e no concelho de Góis.

António Domingos Santos fez seguidamente a apresentação do “Memorial” da União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Tal como o título indica, neste livro recordam-se todos os que ao longo da vida da colectividade passaram pelos seus corpos sociais. Não é a história da União. Talvez um dia se reúnam as páginas dispersas dos seus setenta e cinco anos e se faça o seu “Historial”. Será tudo uma questão de tempo e de oportunidade. Tendo convidado para a mesa homens e mulheres que fazem parte da vida da União como Horácio Nunes dos Reis, José Nunes de Almeida, Manuela Costa ou Antonieta Fontes, a primeira mulher a ser eleita para um cargo na colectividade, António Santos agradeceu a Lisete de Matos e à Gráfica que produziu o livro, toda a colaboração prestada para o que o “Memorial” ali pudesse ser apresentado.

Como diz Lisete de Matos na nota de abertura “Setenta e cinco anos volvidos sobre a data da sua constituição, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal está de parabéns por preservar no esforço de bem-estar e convívio, cultura e reforço da identidade. Também pela homenagem que presta aos seus antecessores, segura das exigências do presente e de que não há futuro sem memória do passado”.

Este “Memorial”, livro da responsabilidade da Direcção da UPFC “é uma homenagem simples como simples foram também aqueles que pensaram e criaram a União”, que, é considerada como “um alfobre e uma escola de regionalistas. Um exemplo que era seguido atentamente pelas outras colectividades”.

Já com a voz embargada pela comoção, pediu uma forte salva de palmas “para todos quantos figuram no “Memorial” a quem prestamos o nosso profundo agradecimento e a nossa homenagem”.

Com “Viajando pela Freguesia” todos tiveram oportunidade de ouvir textos alusivos a cada uma das aldeias e seus casais e ver fotografias lindíssimas dos recantos que nem todos conhecemos. Foi um período bastante interessante para intervalar um pouco a série de intervenções. Trabalho desenvolvido por cada uma das comissões e que servirá como roteiro futuro para mostrar o que de melhor e mais bonito temos para apresentar a quem nos visita.

Lisete de Matos, autora de vários livros e de artigos na imprensa regional, apresentou o tema seguinte “Regionalismo e o Futuro”.
Referiu-se às “migrações como uma das componentes estruturais da nossa sociedade e como sendo uma resposta às difíceis condições de sobrevivência nas regiões rurais”.
O êxodo que se verifica em toda a freguesia e na região, o que provoca o começo da desertificação que hoje se sente – “a população parte à procura de melhores condições de vida…, partem os homens que vão chamando os que ficaram”.
Mas verifica-se sempre uma “ligação dos protagonistas às origens… e o valor que atribuem à terra-solo, o Regionalismo, enquanto movimento associativo específico dos migrantes da zona, e singular nos seus objectivos”.

Um poema “Ser Regionalista”, muito bem elaborado e enquadrado no tema, de autoria de Fernando Tavares Marques, e lido por Lucília Silva e Nuno Santos, preencheu o espaço seguinte.

Percebia-se algum nervosismo entre os elementos do Rancho Serra do Ceira que se preparavam para a sua primeira apresentação em público após algum tempo de paragem.
Criado pelo padre Manuel Pinto Caetano, o Serra do Ceira foi “deslizando” pela freguesia do Cadafaz até se fixar no Esporão onde se foi mantendo até à imobilidade.
Com pessoas interessadas e entusiasmadas na freguesia do Colmeal, jovens e menos jovens estão disponíveis para que o Rancho seja de novo uma realidade. Trabalha-se afincadamente para que voltem a viver-se momentos de felicidade e de sucesso que muitos de nós recordamos com saudade.
A sala foi generosa nos aplausos com que os recebeu e numa primeira ajuda para a compra de fatos e de algum equipamento. A solidariedade beirã mostrou mais uma vez do que é capaz.

Seguiram-se os “Sons da Malhada” que, com as suas vozes e o seu instrumental, alegraram todos quantos mantinham a sala repleta e que já os esperavam ansiosamente.

Depois, a sala transfigurou-se novamente, agora para o jantar volante que foi servido a cerca de trezentos convidados. A finalizar, o baile serrano.
Para o Colmeal partiam entretanto todos aqueles que partilharam o “Dia da Freguesia” com os que habitualmente moram na área da Grande Lisboa.

Uma palavra de agradecimento para todos quantos colaboraram nesta realização, com relevo para a equipa que tomou conta da cozinha. Uma palavra muito especial para a grande ajuda que nos deram os nossos amigos e conterrâneos da “Mimosa”, “Guardanapo” e “Chopinho” e também um obrigado grande para a gerência da Seriposter pelos meios que nos disponibilizou.

Um dia memorável. Graças ao empenho das Comissões de Melhoramentos do Soito, de Ádela e de Malhada e Casais, da Associação Amigos do Açor, da Liga dos Amigos de Aldeia Velha e Casais, do Grupo de Amigos do Sobral, Saião e Salgado, da União e Progresso do Carvalhal e da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.

A união foi possível!

UPFC
in http://upfc-colmeal-gois.blogspot.com

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11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Grande Colmeal. Para festas não há quem lhe passe a peneira. Lembram-se daquele hino, de antigamente: "lá vamos, cantando e rindo, louvados..."
Obras e gente por aquelas bandas é que são cada vez menos. Mas não há problema, ficou a saudade e a saudade é uma coisa importante pois sem ela não havia fado...

09 fevereiro, 2009 01:29  
Anonymous Anónimo said...

O que tu querias era cantar: " uma gaivota voava, voava...."

09 fevereiro, 2009 10:36  
Anonymous Anónimo said...

Este anónimo deve ter saudade dos tempos da outra senhora...
Deve pertencer a alguma aldeia, vila ou cidade que seja privilegiada por alguns caciques do outro tempo, onde se fazem muitas obras...à custa dos compradios, vigarices etc...etc...
E é com certeza um ignorante, pois está a meter tudo no mesmo saco, ou seja, o Colmeal e as outras sete aldeias que fazem parte da freguesia e que estiveram envolvidas nesta festa na Casa do Concelho de Gois.
É só inveja.
Mas como dizia o outro "Os cães ladram e a caravana passa"

09 fevereiro, 2009 12:50  
Anonymous Anónimo said...

Pois!!! Agora já não é o Colmeal. è o Colmeal e mais sete aldeias. O regionalismo no seu melhor. Ou a "guerra" das capelinhas. Eh pá, vão dar banho ao cão...

09 fevereiro, 2009 15:08  
Anonymous Anónimo said...

Este nem merece resposta.
O gajo que se vá lavar, pois o cão deve estar mais bem asseado.

09 fevereiro, 2009 20:56  
Anonymous Anónimo said...

Cada vez mais admiro o Colmeal por engrandecer a freguesia apesar da mesma estar muito dispersa. Bem-haja aos homens e mulheres que nao desistem das suas raízes.

09 fevereiro, 2009 23:44  
Anonymous Anónimo said...

Este anónimo comentador deve ter problemas de flatulência na cabeça.
O melhor será tratar-se, pois parece ser grave.
E veja também o grau de xenofobia que o está a atacar. Pode ser ainda mais grave. E já agora, se conduzir não beba. Pode ter um acidente e desarrumar a areia que tem na cavidade encefálica.
Vá ao médico, mas a cura deve ser difícil.

10 fevereiro, 2009 00:58  
Anonymous Anónimo said...

Voces todos n passam de crianças imaturas com comentários desses.
Arregassem mas é as mangas e ponham as mãos à obra pelo concelho.

11 fevereiro, 2009 09:47  
Anonymous Anónimo said...

Por que será que em outros blogs sobre Gois não aparecem este tipo de comentários ?

11 fevereiro, 2009 11:15  
Anonymous Anónimo said...

Já me tinhas dito.

12 fevereiro, 2009 12:40  
Anonymous Anónimo said...

Decoro e bom senso seriam bem vindos para que o debate de ideias fosse construtivo.
Vê-se com tristeza que há alguns "profissionais" do mal dizer e da destruição.
É um sintoma alarmante, porque tínhamos em grande consideração e estima as pessoas da região.
Que tristeza!

12 fevereiro, 2009 13:29  

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