quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Freguesia do Colmeal - as nossas colectividades

União e Progresso do Carvalhal

De acordo com memórias do passado, cerca de 1935 terá sido constituída uma comissão de melhoramentos, com a mesma denominação da actual, que não chegou a ser legalizada e teria duração efémera.
Foram seus fundadores, entre outros, João Gonçalves Patrício, Manuel de Almeida Santos, António de Almeida e Manuel Martins do Rego, sendo este último o presidente da Direcção. A essa primitiva colectividade se deve as minas das Carvalhas, que ainda hoje abastecem a povoação.
Mais tarde, seria formada a actual Comissão.
De acordo com uma entrevista dada por Manuel Martins Barata em Janeiro de 2006, ao Boletim Paroquial “O Colmeal”, que aqui já recordámos e em parte reproduzimos, “A ideia de um nova colectividade já vem de longe, mas este movimento só tomou vulto quando da nossa festa pelo S. João. A rapaziada, em alegre convívio, deliberou levar essa ideia avante, dando disso conhecimento verbal a todos os nossos conterrâneos de forma a conseguir-se o desejado e imprescindível apoio.”
Só quatro depois, em 20 de Janeiro de 1970, foram aprovados os Estatutos, tendo sido seus fundadores Acácio Fernandes de Almeida, Álvaro Alves de Almeida, António Fernandes de Almeida, António Lopes, Fernando Almeida, João Martins, José Joaquim Almeida Santos, Manuel Almeida Lopes, Manuel Fernandes de Almeida e Manuel Martins Barata.
Este último foi o seu principal impulsionador, que, com grande dinamismo e perseverança, estaria na concretização da maior parte dos melhoramentos. Presidiu à Direcção desde o início até 1998, ao longo de 28 anos, tendo-lhe sucedido o actual presidente.
Das obras realizadas, são de destacar o beneficiamento da fonte que antigamente abastecia a povoação; os arruamentos, tendo a Comissão suportado o projecto e contribuído para o seu financiamento; a electrificação, igualmente mandando executar o respectivo projecto e pressionando para a concretização da obra, que seria inaugurada no dia 4 de Agosto de 1979; o cemitério, para servir sobretudo as aldeias de Carvalhal e Aldeia Velha, inaugurado em 31 de Outubro de 1982; projecto e financiamento da rede de águas, construída pela Câmara Municipal de Góis.
Também a rua “Volta da Procissão”, para a qual a população cederia alguns terrenos, tendo a União comparticipado com mão-de-obra e a Câmara Municipal fornecido materiais e, mais tarde, feito o alcatroamento.
No início da década de 80, seria nomeada uma Comissão Angariadora de Fundos, que, pelo trabalho desenvolvido, muito viria ajudar a colectividade na resolução dos seus problemas financeiros.
Na toponímia local são homenageados algumas das suas figuras: Rua Manuel de Almeida Santos, sócio número um e vice-presidente da Assembleia-Geral; Rua Acácio Fernandes de Almeida, sócio fundador e primeiro vogal; Largo Manuel Vicente, primeiro secretário da Delegação local e Rua Manuel da Silva Moreira, secretário da Direcção.
Nas esperanças do presente, existe a preocupação com a capela que necessita de grandes obras. Foi constituída, para o efeito, uma comissão de trabalho. Ainda se chegou a adquirir um terreno destinado a um templo novo, mas veio a optar-se pelo restauro do actual.
A festa de São João, em tempos a melhor festa religiosa da freguesia, ainda hoje continua a atrair os seus emigrantes e forasteiros.
Outra preocupação da direcção é o convívio. Residentes permanentes são apenas 26, mas a colónia lisboeta é grande e ligada à sua terra. No Verão junta-se muita gente, trazendo animação à povoação, sentindo-se no entanto a falta de algumas estruturas de apoio, que não tem sido fácil implantar.
A registar o facto de os jovens terem criado a sua própria associação, independente da colectividade, o que terá provavelmente contribuído para alguma dispersão de esforços.
Com os seus 180 sócios, a população aguarda com esperança o início de uma nova fase de actividade da União, para que Carvalhal, aldeia com grandes possibilidades turísticas, possa ressurgir e poder proporcionar melhores condições de bem-estar.
Adaptado de “memórias e esperanças”, de João Nogueira Ramos, Edição da C.do Concelho de Góis, 2004

Comissão de Melhoramentos do Soito

“Em Carta Aberta, publicada na imprensa local, em 1954, de uma Pró-Comissão de Melhoramentos de Soito, endereçada aos seus conterrâneos, pode ler-se:
“… Tentando modificar esse estado de coisas (…) comunicamos estar em organização, em Lisboa, uma Comissão de Melhoramentos (…) que, para nós, soitenses, representará não só a união de ausentes e residentes da terra, como a possibilidade de tornar esta mais progressiva e, se possível, mais linda.”
Dos seus fundadores, seriam então eleitos, Marcelino Antunes de Almeida, Abel Nunes de Almeida e Urbano Nunes Marques, para presidentes, respectivamente, da Assembleia-Geral, da Direcção e do Conselho Fiscal.
Poucos dias depois, em 7 de Dezembro desse mesmo ano, anunciava-se, “… reuniu-se a Comissão de Melhoramentos do Soito (…) tomou-se conhecimento da aprovação dos estatutos (…) deliberou-se recomeçar com a construção do caminho do Corgo ao Ventoso, pelo Portomuro, cuja passagem do ribeiro (poente) o consócio Sr. Abel Nunes fará à sua custa. Para fazer face aos encargos e dada a fraca disponibilidade financeira da Comissão, resolveu abrir-se uma subscrição…”.
Na história da instituição, podemos distinguir duas fases.
Na primeira, desde a fundação até meados de 1980, há a destacar, entre outras acções: colaboração na construção do lavadouro público e no troço de estrada que liga a aldeia à estrada Colmeal-Rolão, calcetamento das ruas da aldeia, com o apoio do estado e das autarquias, e empenhamento para a electrificação da aldeia.
Depois de um período de actividade reduzida, verifica-se grande animação, a partir de 1999, com eleição de uma nova Direcção, cuja acção tem sido voltada sobretudo para a união das pessoas, através da promoção de actividades recreativas e culturais, bem como a recuperação e construção de espaços de lazer e cultura.
Neste período, é de salientar: a recuperação da antiga fonte, a “Fonte Velha”, a ampliação do largo junto à capela, actualmente a sala de visitas da aldeia, e a aquisição e recuperação de uma antiga casa em ruínas, com dois pisos, destinada a animação cultural, convívio e espaço museológico de temática rural, inaugurado em 2 de Novembro de 2002.
Tem havido a preocupação na utilização de materiais tradicionais (pedra da região e madeira), incentivando as pessoas também a fazê-lo nas suas obras particulares, de modo a conservar o património da aldeia.
Com uma direcção jovem, empenhada em valorizar a povoação, sente-se grande entusiasmo e boa imaginação.
Agora, são apenas 13 os residentes permanentes, enquanto que, na Grande Lisboa, os elementos da família soitense são estimados em cerca de 300.
“As pessoas de lá são as que menos acreditam naquilo, foram muito castigadas. Têm que ser os de fora…” dizem os actuais dirigentes, com o apoio dos seus cerca de 150 associados.
E não lhes faltam ideias e projectos, a realizar a curto prazo, para poderem proporcionar um futuro melhor, não apenas aos actuais moradores, mas a todos que para lá queiram voltar e lá vão periodicamente: o preenchimento do espaço museológico já criado, com o objectivo de conservação da sua cultura e memória colectiva, a dinamização de actividades culturais, o embelezamento da aldeia, nomeadamente com plantação de árvores, sem esquecer a continuação da sua acção reivindicativa, para que se olhe pela aldeia, que, por muito tempo, foi esquecida.”
in “memórias e esperanças”, de João Nogueira Ramos, Edição da Casa do Concelho de Góis, 2004
in A Comarca de Arganil, de 28/01/2009

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