segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Demografia

Já várias vezes escrevi artigos sobre Demografia, até já escrevi três livros sobre o tema mas as pessoas perguntam-me varias vezes o que é afinal Demografia.
Achei importante responder a esta questão, pois cada vez vejo, que se fazem mais Análises Demográficas, muitas delas mal feitas e mal conduzidas, pois sem se dominar e bem a Demografia, nunca poderemos fazer uma boa análise dela.
A Demografia corresponde à descrição das populações humanas, Epistemologicamente, demografia deriva de demos (população ou povo) e grafia (escrever).
Mas na realidade a Demografia ultrapassa essa definição pois é uma ciência social que conta com um estatuto próprio com os seus métodos e as suas técnicas específicos. E aborda questões importantíssimas como o envelhecimento da população, a queda da fecundidade, a composição das famílias ou a estrutura da população activa, taxas de Natalidade e Mortalidade entre outras sendo assim temas que interessam inúmeras instituições.
A demográfica ou seja estes fenómenos sociais estão cada vez mais, no centro das atenções e das nossas preocupações.
A Demografia actua em diversas áreas quer a nível nacional quer a nível internacional. A nível nacional e como a nível local é importante conhecer as necessidades d os efectivos e da composição das populações.
Noutras áreas, bem distintas, a Demografia desenvolve técnicas de análise específicas como por exemplo: Estudo das taxas de mortalidade por causas (saúde pública), taxas de mortalidade (seguros e bancos), projecção de populações tendo em conta cenários precisos (gestão previsional dos recursos humanos, educação, problemas ambientais) ou demografia genética.
A investigação, formação e estudo da Demografia em Portugal está nas mãos dos departamentos de Demografia, que frequentemente estão nos departamentos de Geografia ou Sociologia.
Mas não há nada como dar exemplos, do que estou a falar por isso vou dar-vos dois exemplos, como se faz Demografia.
Taxa Bruta de Natalidade - Relação, geralmente em permilagem, entre os Nados-Vivos de um determinado ano e a correspondente população média anual. É igual ao número de Nados-Vivos por 1000 habitantes (população média). E a fórmula é:

TBN=N/P x 1000

Onde: TBN – Taxa Bruta de Natalidada; N – Número de Nados Vivos, durante um ano; P – População média do respectivo ano.
Mas o que é um NADO-VIVO?
A dificuldade começa logo pelo en¬tendimento do que são esses nados-vivos. Para a OMS, por exemplo, entende-se por nascimento de uma criança viva a expulsão ou a extracção completa do corpo da mãe, independentemente da duração da gestação, dum produto de concepção, que, após esta separação, respira ou manifesta qualquer outro sinal de vida, tal como batimento do coração, pulsação do cordão umbilical ou contracção efectiva dum músculo submetido à acção da vontade, quer o cordão umbilical tenha sido cortado ou não, e quer a placenta tenha ou não permanecido ligada. Todo o produto de um tal nascimento é considerado como criança nado viva
Mas, já na RFA e Áustria, a definição é mais estrita, pois não menciona a contracção muscular. Na Suiça, a noção de nado-vivo apenas tem em conta a respiração e a pulsação do coração, e a criança que nasce com menos de 30 cms nem sequer é registada, a menos que consiga sobreviver.
Por outro lado, nos Países-Baixos, Luxemburgo e Suécia, a definição da OMS é aceite tal e qual. E, na França e Grã-Bretanha, a definição legal in¬dica “respiração ou outros sinais de vida”. Mas, em França, há uma restrição que estabelece que uma criança nascida antes de 180 dias de gestação não é registada a não ser que sobreviva até ao momento do registo. Caso contrário, nem sequer é registado como nado-morto. Finalmente, noutros países, são considerados nados-vivos todos os que fazem qualquer movimento dos músculos voluntários, por pequeno que seja, mesmo que não sobrevivam, o que aumenta o número de nados-vivos e dos mortos com menos de um ano.
Mas a questão torna-se ainda mais complexa com a interpretação prática da definição, nas múltiplas aplicações con¬cretas, sobretudo nos casos duvidosos: as clínicas gostam de apresentar baixas taxas de recém-nascidos mortos; os médicos não gostam que os bebés lhes morram nas mãos; os pais têm relutância em aceitar um filho nado-morto; para os funcionários do registo é mais fácil preencher apenas um registo de nado-morto do que um registo de nascimento e outro de óbito. O que é ainda agravado pelos tabus e/ou concepções religiosas, enfim, culturais, em países e meios sociais diferentes.
Posso ainda dar outro exemplo:
As Taxas de Mortalidade, Mortalidade Infantil Endógena – A que resulta de deformações congénitas, de taras hereditárias ou de traumatismos causados pelo parto.
Mortalidade Infantil Exógena – A que resulta de causas exteriores ao indivíduo, como doenças infecciosas, alimentação insuficiente, cuidados hospitalares deficientes, acidentes diversos, etc.
Taxa Bruta de Mortalidade – Número de óbitos por 1000 habitantes (população média), num determinado período.
Taxa de Mortalidade Fetal Tardia (Morti-natalidade) - Relação, geralmente em permilagem, entre o número de fetos-mortos com 28 ou mais semanas de gestação, num determinado período, e o total de nascimentos desse mesmo período.
Taxa de Mortalidade Feto-Infantil - Relação, geralmente em permilagem, entre o número de óbitos fetais tardios, acrescido dos mortos com menos de um ano de vida, num determinado período, e o total de nascimentos desse mesmo período.
Taxa de Mortalidade Infantil – Relação, geralmente em permilagem, entre o número de óbitos de crianças com menos de 1 ano por 1000 nados vivos, num determinado período.
Taxa de Mortalidade Neo-natal - Relação, geralmente em permilagem, entre o número de mortos com menos de 28 dias de vida, num determinado pe¬ríodo, e o total de nados vivos desse mesmo período.
Taxa de Mortalidade Neo-natal Precoce (Perinatal) - Relação, geralmente em permilagem, entre o número de mortos com menos de 7 dias de vida, num determi¬nado período, e o total de nados vivos desse mesmo período.
Taxa de Mortalidade Neonatal Tardia - Relação, geralmente em permilagem, entre o número de mortos com 7-27 dias de vida, num determinado pe¬ríodo, e o total de nados vivos desse mesmo período.
Taxa de Mortalidade Pós-Neonatal - Relação, geralmente em permilagem, entre o número de mortos com 28-365 dias de vida, num determinado período, e o total de nados vivos desse mesmo período.
Taxa de Mortalidade Pré-natal - Relação, geralmente em permilagem, entre o número de óbitos pré-natais, num determinado período, e o total de na¬dos vivos desse mesmo período (há algumas divergências entre os auto¬res).
Espero sinceramente que este artigo tenha ajudado a compreender o que é a Demografia e para o que ela serve no nosso dia-a-dia, não podemos ser Geógrafos ou Sociólogos sem, termos um vasto conhecimento de Demografia, na minha casa a Demografia é altamente debatida e investigada uma vez que eu sou Geógrafo e a minha mulher Socióloga.

Dr. Henrique Tigo
Geógrafo

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

oi,nossa achei tudo muito interessante ,mas queria q vc me explicasse , O q no seu entender ,contribuiu para o desenvolvimento da demografia?

04 novembro, 2008 15:37  

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