sábado, 11 de outubro de 2008

Cortes: A nossa actual Comissão de Melhoramentos

Tinha jurado a mim próprio, não escrever mais sobre a nossa Comissão de Melhoramentos, mas o destino estava ironicamente traçado.
Tinha de abrir e encerrar as minhas crónicas, versando o tema mais difícil, mais controverso, mais apaixonante, que me criou algumas inimizades.
A pedido de alguns conterrâneos, entendi satisfazer o seu pertinaz desejo, dissertando um pouco sobre esta segunda mãe sempre amada, que os cortênses criaram nos anos 30, de alma bélica e destemida para os inimigos e meiga e graciosa para os seus filhos.
Inicio este apontamento, com uma expressão que nos tem caracterizado nos últimos anos e preenche o vocabulário popular dos portugueses: nós temos o que merecemos.
É comum no nosso meio, os que nada produzem para o bem alheio, serem os que mais criticam, os que produzem alguma coisa.
Para um organismo benemerente de cariz social poder cumprir com algum sucesso a sua agenda de trabalhos, tem de sentir na sua retaguarda apoio moral, físico e material da comunidade, a quem são destinados os frutos do seu trabalho, da sua massa associativa e simpatizantes.
Apoio moral acreditando abertamente nos seus dirigentes, nas suas capacidades e empenho e denodado desejo de serem fieis aos seus compromissos e projectos previamente programados, transmitindo-lhes, verbal ou por escrito, essa mensagem.
Apoio físico, devendo o sócio ou simpatizante, mesmo afastado dos órgãos directivos, colaborar nas actividades da Comissão, quando solicitado, ou voluntariamente oferecer os seus serviços.
Apoio material é tudo o que possamos oferecer à Comissão, que vá ao encontro das suas necessidades, para um trabalho mais produtivo, visando um maior cumprimento dos objectivos. Mais ofertas monetárias, porque o cofre está vazio.
Não esqueçam os críticos destrutivos, ou bobos da crítica maléfica, que essas críticas só poderão merecer algum crédito quando prestarem à Comissão, provas cívicas de boa conduta, que passa pelo estatuto de associado cumpridor, como as quotas em dia e elevada assiduidade nas reuniões e assembleias gerais, pois é aí que se debatem os assuntos, expondo as nossas ideias e discordâncias. (Propunha ao presidente da direcção para publicar nos jornais da nossa região, com alguma antecedência, as datas e local das reuniões da direcção, para os associados interessados poderem estar presentes. É um direito que lhes assiste).
Na última assembleia geral que decorreu em Lisboa, de 400 associados, não houve 30 presenças na sala.
Exceptuando os críticos baratos, a maioria dos associados, estão com o actual presidente da direcção que vai fazendo o que, como todos os outros que por ali passaram, vai fazendo o que pode pela Comissão, que bem precisa de todos nós, e felizmente ainda somos muitos. Devemos continuar a respeitar a nossa bandeira pelo amor que sentimos pela terra dos nossos pais e avós.
Ser-se dirigente de uma colectividade de cariz social como a nossa, para os que são fiéis às promessas e cumprem as regras, é uma tarefa bastante espinhosa, com noites de insónias. Mas como diz o ditado, «quem corre por gosto não cansa».
Na qualidade de porta-voz do grupo fomentador desta crónica, aponto alguns reparos na gerência da colectividade, que devem ser corrigidos.
1.º - As assembleias gerais devem ser efectuadas todos os anos e não por biénio. Um crasso erro dos pseudo legisladores. Os sócios têm de estar mais informados sobre as actividades da Comissão e sua contabilidade. Dar mais oportunidades de intervenção aos contribuintes de intervenção aos contribuintes mais activos, aliviando assim as suas mágoas, quando as têm. Motiva, moraliza e cria uma relação mais salutar entre sócios e dirigentes.
2.º - Actualização da residência dos sócios fiéis aos seus compromissos e rastreio dos sócios infiéis em falta há décadas. Ex.: recebi em minha casa, uma carta dirigida a um sócio fictício que nunca pagou um tostão de quotas, nem nunca viu a Comissão mais gorda. Como este, deve haver dezenas.
3.º - Qual é o futuro de uma biblioteca que se mantém encerrada, tendo como leitores ratos e moscas? Onde está a cultura? Será que o padre Ramiro Moreira poderá dar uma mãozinha, que solucione esta lacuna cultural?
4.º - Alertamos para a necessidade de periodicamente serem efectuados trabalhos de manutenção nas mais valias, que esporadicamente vão enriquecendo o património cortênse, como a fonte das bicas, fonte do casal e algumas obras de arte do passado. Dizer-se que não há dinheiro, não é desculpa. Desde que a comunidade seja bem informada e sensibilizada, o dinheiro aparece. Será necessário para o efeito, criar-se um fundo exclusivo de maneio.
Relativamente à nossa biblioteca, virada para a incultura, devem os amigos do livro e da cultura, ler um pequenino artigo, mas elucidativo do gosto pelo saber, publicado no Varzeense n.º 494 de 30 de Julho, tendo por título, "Gerações Espontâneas - Viva sempre professora", de Cristina Garcins.
Cortenses, temos de manter a postura que sempre nos caracterizou e nos deu força para vencermos muitas batalhas. Com três palavrinhas apenas, Amor, Unidade, Solidariedade.
Temos de confiar na honestidade, capacidades de gerência, espírito empreendedor e persistente, do nosso actual mestre-de-obras e da cultura, João Reis Antão, que nos vai concerteza dar muitas alegrias no futuro.
Somos do tempo, em que a maior fonte de receita provinha das ofertas e leilões efectuadas em piqueniques, festas, almoços e jantares. Os tempos modernos criaram outros esquemas de trabalho, que dispensam estes encaixes monetários. As receitas obtidas unicamente das quotas são francamente insuficientes para uma Comissão ambiciosa.
O aumento das quotas para 10 euros continua a ser insuficiente, se fizermos as contas do deve e haver, não é necessário formação em gestão financeira, para entender-mos contabilidade tão elementar.
Se considerarmos que o número de sócios da nossa Comissão nunca foi elevado e que desse efectivo uma percentagem preocupante deixou de pagar quotas, o haver vai definhando e a Comissão entra em falência. Portanto, não é com 10 euros que salvamos a nossa colectividade. Cortenses, temos de cerrar fileiras e hastear bem alto a nossa bandeira.
Estando de férias na aldeia, aproveitei para visitar as novas obras de arte para serviço público em construção, tendo passado também pela fonte das bicas. Relativamente à fonte do casal, estando a obra a meio do casal, estando a obra a meio termo, é difícil dar um parecer coerente. A escadaria está dentro dos parâmetros do bom gosto, enquadrando-se bem no meio. Porém, é visível um pequeno erro técnico, mais de ordem estética, à entrada, num dos muros de pedra. A tina de água em pedra, colocada levianamente no exterior ligado ao depósito, vai também contra as normas de ordem estética. Foi no entanto bem incluída no projecto, mantendo a tradição desses ancestrais costumes de um passado remoto.
Na fonte das bicas, não foi surpresa verificar, que os barrotes de madeira que cobrem a latada estão crivados de bicho e um deles já desapareceu.
No dia da sua inauguração, em conversa com os grandes construtores sediados na grande capital, alertei para esta eventual ocorrência a médio prazo, sugerindo a sua substituição por barrotes de cimentos pintados de castanho a imitar a madeira. O que eu fui dizer. Os senhores puseram-se a rir na minha cara, mas acontece, que o último a rir é sempre o que ri melhor.
Ainda não esqueci aquele riquíssimo altar em talha rendada, removida da capela velha e repartido pela população. Tentei convencer os responsáveis pelo seu destino, a manter esse altar, passando por um restauro qualificado e recolocado na nova igreja. Não me passaram cavaco e fui alvo dos mesmos risos sarcásticos.
O polidesportivo é realmente uma obra muito importante para um maior desenvolvimento da aldeia, que muito prende os nossos adolescentes e os jovens, que são o futuro do País. Mas... é património da Câmara Municipal de Góis e portanto irá obviamente funcionar a partir de um estatuto imposto pelo município.
É uma grande mais valia para a escola, que poderá voltar aos tempos áureos do passado e com perspectivas de um maior futuro. Sejamos optimistas.
Os cortenses precisam de conviver mais, para debater com mais profundidade os problemas da sua aldeia. No nosso tempo (lá vem ela falar do passado), o grande convívio foi um factor que muito contribuiu para a grande união e poder cortense.
Foi muito bem vinda a iniciativa do nosso presidente, João Reis, em incluir no calendário de actividades uma excursão anual. Pelas informações recolhidas, a deste ano efectuada a Monte Real teve uma boa aderência. É muito bom sinal. Para o ano contem connosco.
A nossa Comissão precisa de angariar fundos para manter o seu equilíbrio financeiro, e é nestes eventos que todos podemos comungar nesse propósito. Porque não voltarmos ao nosso tradicional piquenique, à nossa festa anual e ao almoço de aniversário? Criaram-se entretanto hábitos negativos que temos de contrariar, através de uma campanha calórica que lave o cérebro aos associados e simpatizantes e os faça abrir a carteira.
Vítor Costa Alves
in A Comarca de Arganil, de 1/10/2008

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá vitor se é Alves só pode ser meu primo tabém sou de Cortes e também lá passo algumas férias e alguns fins de semana tambem fico revoltada com tanta modernice.não acha que a fonte do casal é a continuação da casa do sr. do lado de cima da estrada?a tinta amarela é igualzinha mas gostei da escada e da placa dourada dedicada à benemérita que ofertou os terrenos.

22 outubro, 2008 21:28  

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