A Arte e a Matemática
Na sequência de anos anteriores, promove o Município na belíssima Vila de Góis, com a louvável persistência, nova Exposição anual de Artes Plásticas inserida na GóisArte Como habitual, é proposto aos Artistas que concorrem a esta manifestação cultural um tema pré-definido: "a Arte e a Matemática". Calculo que os artistas, malgrado o fraco desempenho na média atingida nos resultados escolares, saibam superar as dificuldades do tema proposto.
"A Arte e a Matemática" é um tema ambicioso que presume a análise das relações entre a criação estética e a única ciência universal: a matemática. Desde cedo a arte moderna se debate em duas direcções distintas: - uma num conceito plástico determinado pelo intelecto, outra oposta, recorrendo à subjectividade do instinto e ao subconsciente.
Esta corrente engloba a grande maioria dos artistas plásticos.
Desde cedo também se procuraram fórmulas que associassem a Arte com a técnica, da representação do Universo. Já Vitrúvio fez estudos sobre a proporcionalidade do Homem, criando uma fórmula perfeita para o representar na sua aparência física.Leonardo da Vinci usou a sua genialidade na criação de engenhos recorrendo à observação e ao estudo de fenómenos concretos.
Também Albert Dürer estuda demoradamente as proporções e a harmonia do corpo humano.
Já Paul Cezanne o grande iniciador da época moderna, notabilizou-se pelas suas preocupações construtivas, influenciando gerações de artistas, provocando a revolução de pintores e escultores, dando lugar ao "fauvisme" e ao consequente cubismo.
Piet Mondrian e Doesburg defendem a abstracção geométrica radical como harmonia universal. No seu tempo a revista "De Stil" defendia a ortodoxa redução do vocabulário à linha recta vertical e/ou horizontal como princípio irredutÍvel de purificação radical.
Nas Artes Visuais de inspiração científica o conceito de estrutura é um conceito fundamental. Ela é o suporte das mais variadas formas de Arte.
Le Corbusier propõe o célebre "Modulor"criando uma chave matemática tomando como padrão a escala humana e que sugere múltiplas aplicações de ordem prática no exercício da arquitectura.
Almada Negreiros afirmou que a Arte precede a Ciência. Com efeito, Almada demonstrava a presença de fórmulas geométricas na estrutura das suas composições. Essa demonstração porém limitava-se ao seu foro poético pessoal. E tinha direito a isso!
Joaquim Rodrigo, de quem fui grande amigo, justificava a "sua"teoria quaternária, usando quatro cores (amarelo, encarnado preto e branco) na elaboração dos seus quadros "científicos" utilizando cores ditas "férteis"numa sucessão pré-estabelecida. Segundo o pintor: "é mais belo o binómio de Newton do que a Vénus de Milo".
Para não alongar este tema, que já tem gasto toneladas de papel, recordo alguns célebres artistas que se preocuparam com esta problemática.
George Chirico tratando temas de carácter metafísico; Frank Stella, Victor Vasarely, na pista da geometria, Max Bill e a sua arte concreta, Klapheck com o apego à mecânica, também o escultor Jean Tinguely, mostrando porém a utilidade da mecânica no sinal negativo; Bubenik, cientificamente visceral: Herbin dominando esquemas elaborados da cor; Paul Klee, o grande inovador teórico da estética, recusava o termo "Arte", preferindo o conceito "criação de formas" (Gestaltung)
Esperemos que os artistas concorrentes à exposição da GóisArte tenham sabido mostrar capacidade de abordar com êxito a tarefa que lhes foi sugerida: "A ARTE E A MATEMÁTICA". NUNO SAN-PAYO 2008
in Jornal de Arganil, de 10/07/2008
"A Arte e a Matemática" é um tema ambicioso que presume a análise das relações entre a criação estética e a única ciência universal: a matemática. Desde cedo a arte moderna se debate em duas direcções distintas: - uma num conceito plástico determinado pelo intelecto, outra oposta, recorrendo à subjectividade do instinto e ao subconsciente.
Esta corrente engloba a grande maioria dos artistas plásticos.
Desde cedo também se procuraram fórmulas que associassem a Arte com a técnica, da representação do Universo. Já Vitrúvio fez estudos sobre a proporcionalidade do Homem, criando uma fórmula perfeita para o representar na sua aparência física.Leonardo da Vinci usou a sua genialidade na criação de engenhos recorrendo à observação e ao estudo de fenómenos concretos.
Também Albert Dürer estuda demoradamente as proporções e a harmonia do corpo humano.
Já Paul Cezanne o grande iniciador da época moderna, notabilizou-se pelas suas preocupações construtivas, influenciando gerações de artistas, provocando a revolução de pintores e escultores, dando lugar ao "fauvisme" e ao consequente cubismo.
Piet Mondrian e Doesburg defendem a abstracção geométrica radical como harmonia universal. No seu tempo a revista "De Stil" defendia a ortodoxa redução do vocabulário à linha recta vertical e/ou horizontal como princípio irredutÍvel de purificação radical.
Nas Artes Visuais de inspiração científica o conceito de estrutura é um conceito fundamental. Ela é o suporte das mais variadas formas de Arte.
Le Corbusier propõe o célebre "Modulor"criando uma chave matemática tomando como padrão a escala humana e que sugere múltiplas aplicações de ordem prática no exercício da arquitectura.
Almada Negreiros afirmou que a Arte precede a Ciência. Com efeito, Almada demonstrava a presença de fórmulas geométricas na estrutura das suas composições. Essa demonstração porém limitava-se ao seu foro poético pessoal. E tinha direito a isso!
Joaquim Rodrigo, de quem fui grande amigo, justificava a "sua"teoria quaternária, usando quatro cores (amarelo, encarnado preto e branco) na elaboração dos seus quadros "científicos" utilizando cores ditas "férteis"numa sucessão pré-estabelecida. Segundo o pintor: "é mais belo o binómio de Newton do que a Vénus de Milo".
Para não alongar este tema, que já tem gasto toneladas de papel, recordo alguns célebres artistas que se preocuparam com esta problemática.
George Chirico tratando temas de carácter metafísico; Frank Stella, Victor Vasarely, na pista da geometria, Max Bill e a sua arte concreta, Klapheck com o apego à mecânica, também o escultor Jean Tinguely, mostrando porém a utilidade da mecânica no sinal negativo; Bubenik, cientificamente visceral: Herbin dominando esquemas elaborados da cor; Paul Klee, o grande inovador teórico da estética, recusava o termo "Arte", preferindo o conceito "criação de formas" (Gestaltung)
Esperemos que os artistas concorrentes à exposição da GóisArte tenham sabido mostrar capacidade de abordar com êxito a tarefa que lhes foi sugerida: "A ARTE E A MATEMÁTICA". NUNO SAN-PAYO 2008
in Jornal de Arganil, de 10/07/2008
Etiquetas: góisarte
1 Comments:
Olá
Tenho interesse em reportagens sobre "A arte e a Matemática". Vc pode me sugerir algo?
Moro em Curitiba, Paraná, Brasil
iozodara@yahoo.com.br
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