segunda-feira, 5 de maio de 2008

Bombeiros preocupados com falta de voluntários

Num mandato de continuidade, cuja tomada de posse decorreu na semana passada, a direcção demonstrou preocupação em torno da falta de voluntários. Perante a lacuna, a autarquia goiense disponibilizou os funcionários da Câmara, que sejam bombeiros, em horário laboral, para ocorrerem aos sinistros.

Considerando que a questão está em “crise” o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis revelou que existe uma “grande preocupação” pela falta de voluntários para o corpo activo, facto que lhe foi transmitido pelo próprio comandante da Corporação. Diamantino Garcia, voluntário nos órgãos sociais disse que é “um grande orgulho” prestar esse serviço, porém não deixou de acentuar a escassez, cada vez mais comum, de pessoas disponíveis para a Associação. Numa tentativa de inverter a situação, o presidente da Câmara apelou aos seus funcionários bombeiros para não abandonarem a corporação e informou que estes podem abandonar o serviço na autarquia para acorrer a um incêndio ou qualquer sinistro, caso seja necessário. José Girão Vitorino transmitiu a mensagem durante a cerimónia, reproduzindo o que havia dito aos funcionários. “Estão completamente à vontade, não têm problema nenhum e ainda estamos cá para agradecer o seu espírito de colaboração com o povo”. O edil justificou a decisão afirmando que “temos obrigação de defender os interesses de todos os munícipes do concelho”. Frisando serem “cada vez menos” os voluntários, adiantou que “vamos tentar que a nossa juventude adira mais ao Bombeiros”. Outra das medidas que o edil advogou ser importante para a Corporação é a criação de uma Equipa de Intervenção Permanente em Góis, mas reiterou a necessidade de ter apoio das entidades competentes. “As exigências são muito elevadas, não temos pessoal habilitado para o efeito”, lamentou afirmando que foi aberto concurso, mas só duas pessoas se inscreveram.
O representante da Liga Nacional de Bombeiros mostrou-se de acordo com as declarações de Diamantino Garcia, referindo “ser verdade” a “crise” à volta do voluntariado, contudo em resposta ao presidente da Câmara declarou que “exigir que tenham o 12.º ano e carta de pesados não é exigir muito”. O dirigente considera que a sociedade deve acompanhar a evolução, aludindo ao facto de antigamente serem poucos os jovens que saíam do interior para estudar, ao contrário do que acontece actualmente. Na sua opinião deve haver formação, mas também uma contrapartida financeira para o esforço a que os bombeiros estão votados. “Se disserem aos jovens que têm de estar no quartel às sextas-feiras à noite ou ao domingo de manhã, torna-se complicado”. Assim, defendeu a criação de uma Equipa de Intervenção Permanente. “Hoje em dia esta actividade já não se compadece com o tocar da sirene e vir alguém a correr sabe-se lá de onde. E se não vem ninguém? As pessoas ficam sem auxílio?”, retorquiu, vincando que o voluntariado tem de ser o complemento de uma prestação de serviço “imediato e eficaz”.
Por sua vez, o primeiro comandante distrital de Coimbra lembrou que a legislação “está aberta” a alterações, informando que se não for atingido determinado patamar este pode ser diminuído. “Se Góis desejar e se fizer esse esforço, provavelmente poderá conseguir”, aventou. Na questão do voluntariado, de modo a colmatar a necessidade, visível noutras associações do distrito, revelou que a “curto prazo” será difundida uma campanha de sensibilização que a entidade pretende realizar.
Diana Duarte
in Jornal de Arganil, de 1/05/2008

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