Vigiando das Caveiras
Começo como sempre, saudando o meu amigo leitor e pedindo desculpa por qualquer coisinha que eu possa dizer e que seja mal vista por terceiros. Hoje não vou escrever sobre qualquer tema em especial. Vou soltar a os dedos e escrever…
Começo por dois assuntos que alguma mágoa me traz. É que faleceu em Março o meu amigo Francisco Neves e agora, há quatro dias, José de Matos Cruz, não só meu amigo, mas amigo de todos. Permitam-me os familiares destes dois homens que escreva algo sobre eles.
Francisco Neves, 1º Secretário da Direcção da Casa do Concelho de Góis, abriu-me os braços quando ingressei nos corpos sociais da mesma. Vi nos seus olhos que se sentia feliz por entrar um membro mais jovem. Houve um dia à noite, numa das minhas visitas ao correio, em que ele me mostrou todos os cantos e recantos da Casa. Fiquei a saber que é bem maior do que eu pensava. Francisco Neves ensinou-me os caminhos da Casa e explicou-me muitos dos procedimentos da mesma. É pena que nos tenha deixado assim tão de repente…
José de Matos Cruz… Sempre imaginei tomar um café com ele e ouvir a sua sabedoria e as suas histórias (ele contava muitas). Devido à minha vida pessoal e profissional, nunca consegui fazê-lo embora num verão recente o tenha procurado em vão na Várzea. Sempre ouvi do Sr. Matos Cruz bons concelhos e incentivos. Ajudei-o na construção dos blogues e tinha permissão para escrever neles. Fechou os olhos e partiu para sempre numa altura feliz do seu cargo na Casa do Concelho de Góis. Ainda hoje, custa-me acreditar na notícia que recebi por telefone…
Mude-mos de assunto. Numa reunião Regionalista que assisti há pouco tempo, ficou no ar uma pergunta, mas já encontrei a resposta. Ao dizer que era necessário puxar para o regionalismo a camada mais jovem, um amigo dos Amieiros disse:
“- Temos de agir! O que é preciso para incentivar a juventude para estas andanças? Hoje em dia, nas nossas aldeias já há estradas, água, electricidade, etc. Devíamos virar-nos para a cultura…”
Pois é! A resposta é simples. Eu, como jovem que sou, pensei. Imaginei hipóteses e pensei no que poderia existir lá na minha terra, que me fizesse aparecer com mais frequência. Conclui que seria NADA! Infelizmente tenho de ser realista e admitir que mesmo sendo jovem e fazer de tudo para que as aldeias, suas tradições e costumes se mantenham vivas ou renasçam; tudo o que se fizer é um esforço desnecessário. A camada jovem só vai à aldeia quando é a festa e mesmo assim, alguns ficam em casa a ver a novela ou a jogar no computador. Se há baile, grande parte não sabe dançar, se o almoço é um prato típico da região, não gostam. Depois, é o namorado(a) não está lá para animar e depois são as pessoas lá da terra que preocupam-se de mais com a vida dos outros… Podemos apostar na cultura, mas… qual cultura? Os povos eram pobres, viviam da terra… No meu caso pessoal, já pedi às pessoas lá da aldeia que tivessem recortes de jornais, fotografias e histórias antigas, me facultassem para juntar tudo e poder fazer um evento cultural relembrando o passado. Até hoje, NADA! Está-se tudo marimbando para estas coisas. Já houve pessoas a dizer que isto do Regionalismo era coisa de boémios. A meu ver e mediante o meu sentimento pessoal, é tudo uma questão de (como se diz em bom português) pancada. A nova geração de seres humanos não está preparada para trabalhar por amor à camisola, para fazer bem aos outros, para conviver sem ser em bares ou discotecas e desculpam-se sempre com isto ou aquilo. Acham uma seca estas coisas, e porque? Não é por ficarem sem ir ao hi5 ou ao MSN. É porque lá, só há velhos e gente sem “cor”. Pudera! Se eles não aparecem, não pode haver outro tipo de ambiente. E ainda há outro motivo para a juventude estar por fora. É que… o jornal lá da terra que aparece em casa, normalmente é o pai ou a mãe que lê… no entender de alguns, acham aquilo que lá vem escrito, conversa repetitiva e de chacha!
Vá lá pessoal. Bora lá aparecer…
No sábado foi a Assembleia-Geral da colectividade da minha terra. A Liga dos Amigos de Aldeia Velha e Casais. Neste tipo de sessões, os associados devem apreciar o trabalho desenvolvido pela Direcção, analisar as contas e saber o que se faz com o dinheiro que eles dão como donativo e para pagar as quotas, entrevir quando necessário, dar ideias e criticar, enfim, DEVEM APARECER, não? Foi uma vergonha! Das 10 pessoas que lá estiveram, uma era da Mesa, cinco da Direcção e outra do Conselho Fiscal, sendo miseravelmente de APENAS 3 o número de associados.
Caramba! Então a direcção que se fartou de trabalhar e estava tão ansiosa por apresentar os resultados disso, fica a falar praticamente para as paredes!?!?!? Nem os secretários da Mesa se dignaram aparecer! Afinal o que se passa? Será assim tão complicado tirar um dia num ano para ir a uma reunião e saber como vão as coisas lá na parvalheira? Eu sei o que é. É que assim podem dizer mal disto e daquilo porque não foram eles que contribuíram para a eleição da lista, blá blá blá. Têm certamente coisas mais interessantes e urgentes para fazer. Passear, ir ao cinema, ao teatro, brincar com os filhos, visitar familiares e amigos, etc. Tudo, coisas que não podiam ser feitas sem ser naquele preciso dia. Nesse dia, confesso que cheguei a casa DANADO e se pudesse pedia a anulação da reunião. É que se formos a ver bem as coisas, tudo o que foi apresentado e proposto pela Direcção, foi aprovado em maioria. E quem era essa maioria? Nem vale a pena responder…
Também há aquela velha situação, que eu particularmente acho desnecessária e descabida. É que conheço casos em que um indivíduo que encabeçava uma lista e depois sai do seu cargo, normalmente desliga-se por completo da agremiação e por vezes até parece estar contrariado com tudo o que se passa em redor da mesma. Aqui perto das Caveiras onde vos escrevo, há uma terra onde se padece do mesmo. Quanto a isto, não encontro explicação. Pode ser que daqui a algum tempo lá encontre resposta e escreva mais umas palavrinhas.
Bem amigo, sentado nesta pedra fria das Caveiras, confesso desconhecer o efeito que estas palavras podem produzir nos meus fieis leitores e ilustres homens e mulheres por quem tenho grande admiração, consideração e respeito. Já não aguentava mais e tive de deitar tudo cá para fora.
Um abraço a todos e até breve…
Henrique Miguel Mendes
http://vigiando_das_caveiras.blogs.sapo.pt
Começo por dois assuntos que alguma mágoa me traz. É que faleceu em Março o meu amigo Francisco Neves e agora, há quatro dias, José de Matos Cruz, não só meu amigo, mas amigo de todos. Permitam-me os familiares destes dois homens que escreva algo sobre eles.
Francisco Neves, 1º Secretário da Direcção da Casa do Concelho de Góis, abriu-me os braços quando ingressei nos corpos sociais da mesma. Vi nos seus olhos que se sentia feliz por entrar um membro mais jovem. Houve um dia à noite, numa das minhas visitas ao correio, em que ele me mostrou todos os cantos e recantos da Casa. Fiquei a saber que é bem maior do que eu pensava. Francisco Neves ensinou-me os caminhos da Casa e explicou-me muitos dos procedimentos da mesma. É pena que nos tenha deixado assim tão de repente…
José de Matos Cruz… Sempre imaginei tomar um café com ele e ouvir a sua sabedoria e as suas histórias (ele contava muitas). Devido à minha vida pessoal e profissional, nunca consegui fazê-lo embora num verão recente o tenha procurado em vão na Várzea. Sempre ouvi do Sr. Matos Cruz bons concelhos e incentivos. Ajudei-o na construção dos blogues e tinha permissão para escrever neles. Fechou os olhos e partiu para sempre numa altura feliz do seu cargo na Casa do Concelho de Góis. Ainda hoje, custa-me acreditar na notícia que recebi por telefone…
Mude-mos de assunto. Numa reunião Regionalista que assisti há pouco tempo, ficou no ar uma pergunta, mas já encontrei a resposta. Ao dizer que era necessário puxar para o regionalismo a camada mais jovem, um amigo dos Amieiros disse:
“- Temos de agir! O que é preciso para incentivar a juventude para estas andanças? Hoje em dia, nas nossas aldeias já há estradas, água, electricidade, etc. Devíamos virar-nos para a cultura…”
Pois é! A resposta é simples. Eu, como jovem que sou, pensei. Imaginei hipóteses e pensei no que poderia existir lá na minha terra, que me fizesse aparecer com mais frequência. Conclui que seria NADA! Infelizmente tenho de ser realista e admitir que mesmo sendo jovem e fazer de tudo para que as aldeias, suas tradições e costumes se mantenham vivas ou renasçam; tudo o que se fizer é um esforço desnecessário. A camada jovem só vai à aldeia quando é a festa e mesmo assim, alguns ficam em casa a ver a novela ou a jogar no computador. Se há baile, grande parte não sabe dançar, se o almoço é um prato típico da região, não gostam. Depois, é o namorado(a) não está lá para animar e depois são as pessoas lá da terra que preocupam-se de mais com a vida dos outros… Podemos apostar na cultura, mas… qual cultura? Os povos eram pobres, viviam da terra… No meu caso pessoal, já pedi às pessoas lá da aldeia que tivessem recortes de jornais, fotografias e histórias antigas, me facultassem para juntar tudo e poder fazer um evento cultural relembrando o passado. Até hoje, NADA! Está-se tudo marimbando para estas coisas. Já houve pessoas a dizer que isto do Regionalismo era coisa de boémios. A meu ver e mediante o meu sentimento pessoal, é tudo uma questão de (como se diz em bom português) pancada. A nova geração de seres humanos não está preparada para trabalhar por amor à camisola, para fazer bem aos outros, para conviver sem ser em bares ou discotecas e desculpam-se sempre com isto ou aquilo. Acham uma seca estas coisas, e porque? Não é por ficarem sem ir ao hi5 ou ao MSN. É porque lá, só há velhos e gente sem “cor”. Pudera! Se eles não aparecem, não pode haver outro tipo de ambiente. E ainda há outro motivo para a juventude estar por fora. É que… o jornal lá da terra que aparece em casa, normalmente é o pai ou a mãe que lê… no entender de alguns, acham aquilo que lá vem escrito, conversa repetitiva e de chacha!
Vá lá pessoal. Bora lá aparecer…
No sábado foi a Assembleia-Geral da colectividade da minha terra. A Liga dos Amigos de Aldeia Velha e Casais. Neste tipo de sessões, os associados devem apreciar o trabalho desenvolvido pela Direcção, analisar as contas e saber o que se faz com o dinheiro que eles dão como donativo e para pagar as quotas, entrevir quando necessário, dar ideias e criticar, enfim, DEVEM APARECER, não? Foi uma vergonha! Das 10 pessoas que lá estiveram, uma era da Mesa, cinco da Direcção e outra do Conselho Fiscal, sendo miseravelmente de APENAS 3 o número de associados.
Caramba! Então a direcção que se fartou de trabalhar e estava tão ansiosa por apresentar os resultados disso, fica a falar praticamente para as paredes!?!?!? Nem os secretários da Mesa se dignaram aparecer! Afinal o que se passa? Será assim tão complicado tirar um dia num ano para ir a uma reunião e saber como vão as coisas lá na parvalheira? Eu sei o que é. É que assim podem dizer mal disto e daquilo porque não foram eles que contribuíram para a eleição da lista, blá blá blá. Têm certamente coisas mais interessantes e urgentes para fazer. Passear, ir ao cinema, ao teatro, brincar com os filhos, visitar familiares e amigos, etc. Tudo, coisas que não podiam ser feitas sem ser naquele preciso dia. Nesse dia, confesso que cheguei a casa DANADO e se pudesse pedia a anulação da reunião. É que se formos a ver bem as coisas, tudo o que foi apresentado e proposto pela Direcção, foi aprovado em maioria. E quem era essa maioria? Nem vale a pena responder…
Também há aquela velha situação, que eu particularmente acho desnecessária e descabida. É que conheço casos em que um indivíduo que encabeçava uma lista e depois sai do seu cargo, normalmente desliga-se por completo da agremiação e por vezes até parece estar contrariado com tudo o que se passa em redor da mesma. Aqui perto das Caveiras onde vos escrevo, há uma terra onde se padece do mesmo. Quanto a isto, não encontro explicação. Pode ser que daqui a algum tempo lá encontre resposta e escreva mais umas palavrinhas.
Bem amigo, sentado nesta pedra fria das Caveiras, confesso desconhecer o efeito que estas palavras podem produzir nos meus fieis leitores e ilustres homens e mulheres por quem tenho grande admiração, consideração e respeito. Já não aguentava mais e tive de deitar tudo cá para fora.
Um abraço a todos e até breve…
Henrique Miguel Mendes
http://vigiando_das_caveiras.blogs.sapo.pt
Etiquetas: aldeia velha
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