domingo, 30 de março de 2008

«Rosários de Amor»

Para lembrar o Doa Mundial da Poesia, comemorado em 21 de Março, não encontrei nada mais próprio do que o recente livro «Rosários de Amor», e da sua autora, Clarisse Barata Sanches.
Conheço quase toda a sua obra, assim posso afirmar que conheço Clarisse Barata Sanches. É uma mulher com M grande! Através da sua escrita revela os seus sentimentos, aliás de outro modo não sabe escrever. Em 2004 comemorou 50 anos de carreira, com a edição de «Sonhos da Alma», uma escrita riquíssima em sonetos, de que é mestra.
Por vezes penso, quando estes poetas partirem quem escreverá como eles?
Para além da escrita, conheço Clarisse Barata Sanches de longas conversas ao telefone e posso testemunhar muitas das suas angústias, que a sua alma nobre e sensível sente a todos os níveis. Há algum tempo, perguntou-me: - como foi que iniciámos o nosso conhecimento?
É natural que não se lembrasse, mas eu lembro-me perfeitamente: já lia os seus escritos através da imprensa, em especial A Comarca de Arganil, quando publicou «Hinos da Tarde», outro belo trabalho, onde predominam as «glosas». Escrevi-lhe para comprar um exemplar e na sua gentileza, quis oferecer-me alguns exemplares de outras edições anteriores. O nosso contacto não mais terminou e ultimamente tem sido mais frequente, porque como a distinta e versátil escritora refere, ao citar António Aleixo. «A arte é força eminente/Não se ensina, não se aprende/Não se compra não se vende/Nasce e morre com a gente».
Permitam-me que acrescente, vou aqui revelar uma confidência: Clarisse Barata Sanches, escritora invulgar, não guarda a mestria só para ela, muitas vezes tenho pedido conselho, que ela não recusa. Posso dizer que acompanhei alguns momentos de ansiedade, para que tudo ficasse perfeito, incluindo a capa que fez questão de incluir flores da Natureza, que admira e gosta de proteger, e as pombas da paz, que muito a preocupa, na família e no mundo, além de uma imagem de Nossa Senhora, como pessoa de fé, bem retratada ao longo de todos os seus escritos. Cito apenas esta quadra, recentemente classificada em 1.º lugar no Concurso Literário, subordinado ao tema «Conselho», «Se quiser dar um conselho/Que não seja folha ao vento.../Tenha sempre o Evangelho/A brilhar no pensamento». Clarisse Barata Sanches - Góis - Portugal.
Vários dos seus apreciadores já fizeram nas colunas de A Comarca a apologia de «Rosários de Amor». O título há muito que estava escolhido e a palavra «Rosários» que vem de rosas, não tem um cariz exclusivo religioso, quer dizer, série de estratos seguidos, que são afinal os Rosários de Amor, da Clarisse, que não busca a fama através dos grandes meios da comunicação social.
Lamentável que os nossos governantes, sempre prontos a distribuir distinções, não estejam receptivos aos valores sentidos por Clarisse Barata Sanches, para que fosse reconhecido o seu mérito. Bem merecia uma distinção, pela defesa da honestidade, paz e fraternidade.
Mas Clarisse não escreve à espera de «louros» e por isso quero agradecer-lhe ter inserido o poema que me dedicou quando a edição de «O Meu Mundo em Poesia» e desejar-lhe que continue a sonhar com pombas mansas e um mundo sem mazelas... e que este não seja o último livro, como pensa, mas que outros se lhe sigam.
Isaura Martins
in A Comarca de Arganil, de 27/03/2008

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