terça-feira, 25 de março de 2008

Estrangeiros rejuvenescem concelho em desertificação

O concelho de Góis está a rejuvenescer graças aos cidadãos estrangeiros que, nos últimos anos, ali se têm instalado. São, sobretudo, ingleses, alemães e holandeses das classes média e alta, em idade activa, com crianças que crescem bilingues. Uns apostam em negócios próprios, outros trabalham por conta de outrem, mas todos vivem inseridos na comunidade, vencendo, lenta e pacientemente, a barreira linguística. Calcula-se que sejam já cerca de 200 a residir na área, corroída pela desertificação. Muitos estão a repovoar aldeias.

Atento ao fenómeno, o Movimento Cidadãos por Góis uniu-se à empresa "Probus Sigma" para criar, em 2007, o "The Expatriate Information Bureau" (EIB), um gabinete de apoio à população estrangeira. Tarefas como comprar casa ou fazer registos ficam, assim, facilitadas. Além disso, o EIB criou o "Programa Fornecedor Aprovado", para auxiliar os estrangeiros na obtenção de serviços honestos e justos. Cada fornecedor aprovado recebe um autocolante de recomendação para pôr na montra. A ideia é "combater a tendência para fazer os estrangeiros pagar mais", explica José Barros, presidente do Movimento Cidadãos por Góis.

José Barros relembra o momento em que reparou na existência de dezenas de nomes de cidadãos estrangeiros a viver em Góis, na lista telefónica. "E aqueles eram só os que tinham telefone fixo! Decidimos [o Movimento] fazer algo em favor desta colónia estrangeira, que interessa a uma região que se está a despovoar". As crianças de outras nacionalidades "salvaram" mesmo uma escola primária do encerramento, conta.

Este movimento de fixação é uma enorme mais-valia para o concelho, assegura José Barros. Ainda assim, lamenta "O poder local está completamente alheado do fenómeno. Toda a iniciativa tem partido da sociedade civil".

O presidente da Câmara Municipal de Góis, José Girão Vitorino, recusa comentar esta crítica. E refere estar a par da tendência. Tanto, que a Câmara disponibiliza um gabinete - "uma espécie de loja do cidadão" - para ajudar a comunidade estrangeira a integrar-se. "Temos aqui muitos cidadãos estrangeiros com a vida organizada", conclui.
in Jornal de Notícias, de 22/03/2008

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