sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Estrada do Inviando

O órgão executivo da Junta de Freguesia ao ler o artigo Carta Aberta de Isabel Neves no Jornal O Varzeense de 30 de Novembro do corrente ano, ficou estupefacto com o teor da notícia.
Por vezes, ao ler-se uma determinada notícia onde só é ouvida uma das partes, as pessoas podem, ou não, naquilo que está induzido na leitura, tomarem uma posição. Muitas das vezes há uma fuga aos problemas, vestindo o papel de vítimas. Dentro do contexto Estrada do Inviando, passaremos a transcrever uma carta que foi escrita pelo Sr. Alberto Neves e dirigida ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Góis. Por sua vez a Câmara Municipal de Góis enviou para a Junta de Freguesia de Vila Nova do Ceira, uma cópia dessa mesma carta. A carta diz o seguinte:
Ex.mo Senhor Presidente
da Câmara Municipal de Góis
Ex.mo Senhor

Na sequência do processo verbal e escrito que se arrasta desde o Ano de 2005, depois de muito se ter escrito até nos órgãos de comunicação locais, sem nunca se ter esclarecido o fundamento real deste processo, pois, nunca percebi se defendem um benefício público ou se defendem o interesse de particulares.
No decorrer deste tempo houve sempre abuso de poder, tentativa de ocupação abusiva das minhas propriedades, desrespeitando-me mesmo como cidadão consciente e ciente dos meus direitos. Este processo provocou mesmo um agravamento do meu estado de saúde já então precária, tomando-o mesmo irreversível, tantos foram os abusos morais, a pressão psicológica, as injúrias que ouvi.
Face ao desgaste que este processo me tem provocado, perante a pressão que mais uma vez exerceram sobre mim venho apresentar 2 propostas como me foi pedido pelo Dr. Mário Garcia na tentativa de resolver este conflito que não foi decididamente originado por mim.
1.ª Proposta apresentada em 14 de Dezembro de 2005 mantenho e passo a recordar:
1) Cumprimento do projecto inicial, de modo a preservar os 4 sobreiros da minha propriedade, abatendo unicamente uma árvore (sobreiro) jovem para permitir desfazer a curva
2) Documento enviado pelo Município em como se compromete a não cortar mais nenhum sobreiro da minha propriedade, na construção da estrada do Inviando.
3) Reabertura da serventia e regadio na primeira propriedade da qual pretendem ocupar 76m mais 11m "a posteriori" pelo que receberei € 5.00 (cinco Euros) por cada metro ocupado na globalidade.
4) Reposição do turbo de água que atravessa a via pública com autorização municipal e que a máquina arrancou quando veio fazer o saneamento e não foi reposto com a devida protecção como estava anteriormente.
5) Pagamento da factura de um tubo de regadio que tive que implantar para poder regar a propriedade, apresento factura de despesa.
6) Indemnização por danos não patrimoniais causados e abate do sobreiro referido no ponto 1 no valor de €5.000,00 (cinco mil Euros), em virtude de "a posteriori", após ocupação efectiva de mais metros do que os vendidos, virem alterar projectos, o traçado marcado da estrada, após terem obtido a minha anuência e venda de 76m2, virem então dizer que tinham que cortar os sobreiros, ocupando mais 11 metros de terra.
2.ª Proposta
Depois de grande pressão moral aceito alterar os pontos 1 a 3 da proposta 1, ou seja:
1) Para procederem ao abate de 4 dos sobreiros da minha propriedade mais a ocupação do respectivo terreno a indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais causados, tem o valor de € 80.000,00 (oitenta mil Euros).
2) Os restantes pontos mantêm-se.
P.S. Não autorizamos qualquer prossecução da obra na nossa propriedade enquanto o presente diferendo não estiver resolvido. Estas propostas não são negociáveis e aceito estas condições durante 30 dias a contar desta data.
Atentamente
(Alberto Neves)

Como puderam acabar de ler, no mínimo os valores pedidos são caricatos e inegociáveis.
Perante este cenário e quando 4 sobreiros podem ter um valor de 80 000 € (oitenta mil euros), na moeda antiga 16 000 000$00 (dezasseis mil contos), a única vontade que qualquer leitor pode demonstrar é o riso.
Por favor, D. Isabel, não fale em negociações fora do bom-senso. Perante este cenário deveria no mínimo admitir que as obras estão paradas por falta de uma proposta viável de negociação por parte do seu pai. A esta hora estarão certamente centenas de pessoas de Vila Nova do Ceira a pensar, no bom que seria, terem árvores com esses valores...
Mais se informa que deu entrada na Junta de Freguesia de Vila Nova do Ceira um abaixo assinado também subscrito pela D. Isabel Neves, datado de 18 de Maio de 2007, onde se pode ler o seguinte:
Ex.mo Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova do Ceira
Somos um grupo de moradores do lugar do Inviando que queremos, sabendo que estão connosco a grande maioria deles, dizer da nossa profunda indignação pelo que se está a passar com as obras da estrada. Sofremos na pele as consequências dum problema que não criamos. Lamentamos que não tenham sido encontradas soluções atempadas para evitar este perfeito caos em que há tantos meses, já se contam anos, a estrada se transformou. Os prejuízos têm sido muitos e as explicações inexistentes. Fala-se muito mas, de concreto, nada se sabe e é por essa razão que vimos perante V.ª Ex.ª na esperança de receber uma proposta que, pelo menos, nos crie alguma esperança.
Com os melhores cumprimentos
Inviando, 18 de Maio de 2007
C/ conhecimento ao Sr. Presidente da Câmara de Góis

Também julgamos conveniente informar todos os leitores que o Sr. Alberto Neves autorizou a venda de 76 metros quadrados do artigo n.º 4748 com vista à construção da estrada projectada para o local de Inviando, pelo preço de 5 euros por metro quadrado, conforme documento arquivado na Junta de Freguesia.
Afinal de quem é a culpa da obra permanecer parada?
António Alberto Ferreira Monteiro, Paulo Manuel Nogueira Santos e Nuno Miguel Figueiredo Marta Ferreira
in O Varzeense, de 15/12/2007

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este artigo é estranho. A junta não tem o direito de publicar uma carta que foi dirigida à Câmara e da qual tiveram conhecimento por condescendência desta. É até eticamente muito grave. A Câmara tem neste momento mais uma grave problema em mãos.
Quanto à questão e aos valores em causa é evidente que os Sr.s não querem vender os sobreiros. Por aquele preço ninguém os compra. Estão no seu direito e a estrada pode ser feita sem os abater. Afinal quem é que não quer resolver o problema?

30 dezembro, 2007 10:41  
Anonymous Anónimo said...

A estrada continua sem solução. Será que a culpa é do proprietário? A junta sacode a água do capote (não trata dos assuntos atempadamente e depois diz que a culpa é do proprietário). A câmara diz que a culpa é da junta (não sei em que é que os técnicos ocupam o tempo!). E todos nós continuamos a comer pó.Três anos para fazer 300 metros de estrada. È obra! Vamos ver se ao menos na vespera das eleições isto lá vai...

05 maio, 2008 21:49  

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