sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Em Vila Nova do Ceira

Para muitos varzeenses acabaram as férias e regressaram às suas lides de trabalho ou ocupações, espalhados por todo o país.
Terminaram por agora aqueles dias maravilhosos em que o despertador também esteve de descanso, o levantar era quando o corpo começava a acusar o excesso de descanso ou o estômago avisava que o pequeno almoço esperava já há muito tempo e o almoço estava na calha para daí a pouco tempo.
O fazer a barba, escovar os dentes e tomar banho eram hábitos que não convinha esquecer.
Esta sornice motivada pela falta de trabalho, pela pressão da pureza dos ares, pelo colorido esverdeado, pelo silêncio sufocante, vai abrindo o apetite e nem os passeios a pé, as conversas á sombra das árvores do Adro, conseguem disfarçar as barrigas opadas que se mostram por baixo das tshirts coloridas que alegram as nossas Várzeas.
O Adro continua a ser a sala de visitas, o ponto de encontro e o lugar onde se sabem ou dão as notícias do dia a dia.
Ali aparecem as pessoas, que não se vêem há um ou mais anos, que avaliam, nos outros, as rugas, os cabelos brancos ou os quilos a mais ou a menos, desde a última vez que se encontraram, para julgar por si se também estão na mesma.
As crianças começam ali a sua aprendizagem de espírito varzeense: amor às Várzeas, amizade com todos, respeito pelas pessoas e por suas coisas. Escolhem os amigos e as brincadeiras onde empregam todo o seu esforço e saber. E sentem-se felizes neste ambiente inesquecível.
Assim é há quatro gerações, que nos lembre, e assim recordamos o que tem sido o Adro para os jovens que todos os anos acompanham seus pais ou avós nas férias de Verão.
Mas o Adro está perder os atractivos que marcaram as gerações que agora ali trazem seus filhos ou netos.
Onde estão aquelas manhãs de desenho em que as crianças entre os 6 e 12 anos em que cada um desenhava a maneira como viam a Filarmónica, o Cerro da Candosa, a igreja, ou noutros temas e que tanta satisfação deram quando expostas na Mostra de Arte, há três anos?
Onde estão as corridas em volta do Adro?
E nas festas, a dança das cadeiras? As corridas de obstáculos? A tracção à corda? As corridas de cântaros? Os rally-papers? O atirar às latas? Os vestidos de chita e papel? As tômbolas? As gincanas, com provas de enfiar agulha, correr com um ovo numa colher de pau, derrubar latas, encher vasilhas, dançar em espaços cada vez menores.
Coisas velhas mas que ainda era capaz de entusiasmar a miudagem.
O grupo de pessoas que se entregava a criar estes divertimentos como o Fernando Alvoeiro, o Augusto Carvalho, o Diamantino, o Paulo Cruz, o Tonito Serôdio, o Zé Carlos Garcia, o Amadeu Dias (Nãna). A Clara e Rosângela Garcia e muitos outros, embora muito contestados, não tiveram quem os substituísse.
Os jovens depois dos 15 anos não encontraram, este ano, o ambiente para permaneceram nas Várzeas nas noites quentes de Verão e refugiaram-se em Góis ou Poiares e até as Canaveias que tanto os atraíram os anos transactos, não teve este ano o atractivo que desejavam.
Talvez os lideres varzeenses, os dirigentes das associações e colectividades, os autarcas, e os comerciantes tenham uma palavra a dizer, e não só mas estudar meios baratos e possíveis para dinamizar as Várzeas e dar-lhe o dinamismo perdido.
Matos Cruz
in A Comarca de Arganil, de 6/09/2007

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