quinta-feira, 19 de julho de 2007

GóisArte conquistou espanhóis

Música, escultura, teatro, dança, pintura e literatura estiveram em sintonia com Góis, num fim-de-semana valorizado pelo juramento de geminação entre o município português e o espanhol, de Arouso.

As duas autarquias comprometeram-se responder às aspirações e necessidades das duas populações, manter permanentemente os laços estabelecidos, favorecendo “em todos os domínios” o intercâmbio entre os seus habitantes. Através de “compreensão mútua”, ficou assente o sentimento de fraternidade europeia e a vontade de conjugar esforços a fim de auxiliar “na mais ampla medida” os meios do sucesso, tendo em vista e paz e a prosperidade.

O presidente da Câmara Municipal goiense classificou a geminação como “um momento marcante” da história do concelho. José Girão Vitorino expressou a esperança de que este “seja sinónimo de maior abertura com o exterior”, “rumo a um mundo cada vez mais global, do qual Góis não pode deixar participar”. Tendo como base a formação da União Europeia, como exemplo a seguir devido ao projecto político, económico, social e cultural que encerra, o edil salientou os processos de geminação que entretanto se constituíram. Nesse sentido, reiterou a necessidade do concelho se afirmar no espaço europeu como um município “parceiro no encontro de vontades e na aproximação dos povos” e enalteceu a cerimónia de estreitamento de laços de cooperação e promoção de intercâmbios culturais, cujo objectivo primordial “é a troca de experiências nas diferentes áreas do desenvolvimento e conhecimento”. A parceria começou por ser cultural, porém ao considerar que os dois concelhos têm semelhanças geográficas, sociais e económicas, a geminação pode favorecer também a Educação, o Turismo e o Comércio. Para Manuel Miras Franqueira estava a ser “um dia feliz”. O alcaide de Arouso evocou por várias vezes a felicidade por formalizar a união entre os dois povos, até porque, confessou, “Góis conquistou-me!”. O presidente do concelho quer que a relação “não seja meramente formal” e desejou que os habitantes goienses se sintam “em casa” quando visitarem a região galega, “pois é assim que nos sentimos aqui”. Também Manuel Miras Franqueira referiu as semelhanças entre os concelhos, como os elementos naturais, patrimoniais, sociais e culturais, pelo que comprometeu-se a trabalhar para que a geminação seja uma realidade.


“É de facto brilhante”

Amplamente elogiado pela política cultural que o município adopta, de acordo com José Girão Vitorino a vida artística do concelho adquiriu um sentido “especial” a partir da primeira edição do GóisArte e onze anos depois, contou com um programa “multifacetado”, onde se incluíram todas freguesias no evento. “O Góis Arte tornou-se um momento singular e irrepetível entre nós e na região”, afirmou na sessão de abertura do certame. A opinião foi partilhada por José Carvalho, representante máximo da Assembleia Geral, que enalteceu a apresentação pública de trabalhos dos diversos estilos artísticos, aliás, função a que se destina o certame.

No entender de António Pedro Pita, o município deve ser aplaudido pelas medidas que tem tomado. O delegado regional de cultura afirmou que “não há muitas câmaras, que de há vários anos tenham concentrado a sua atenção teórica e política sobre as artes plásticas”e frisou ainda o facto de acontecer numa localidade do interior. Ainda, considerou a aliança que é feita entre o querer fazer e o onde fazer, nomeadamente em edifícios que promovem e acolhem arte. Em representação do Governador Civil, Jorge Cosme evidenciou a particularidade da mostra internacional da vila, que é ser realizado no centro do país e por isso ter um valor acrescentado, já que, contrariamente aos eventos do género realizados nos grandes centros urbanos, este tem um menor número de pessoas a assistir e tem menos apoio. “É de facto brilhante”, sustentou.

A par dos constantes elogios que o GóisArte recebeu, a cerimónia de abertura contou igualmente com a apresentação da obra de Ana Filomena Amaral, “Coroa de Góis”. Um livro que teve o intuito de ser uma homenagem em vida a Alice Sande (artista da terra), acabando no entanto, por ser uma homenagem póstuma. Segundo a professora, a história que escreveu é o seu contributo e aclamação à arte natural de Góis. Antes da visita às cerca de 80 obras de arte, a sensibilidade foi preparada com a guitarra clássica de Silvestre Fonseca, num concerto que também preconizou estilos diversificados.
Diana Duarte
in Jornal de Arganil, edição electrónica

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