segunda-feira, 16 de abril de 2007

Rasgou-se o céu num passo desfeito
na luz cruel vertida de tua janela
teus peitos esmagados noutro peito
eu na rua encarcerado, brutal cela

Sinto todo o odor emergente desse leito
como se essa cena fosse minha, e eu dela
minhas mãos moldam-te no vazio, perfeito
...outras maos correm teu corpo canela

Espeto-me no punhal forte desse ciume
Choro em raiva rouca, por outro respirar
todo o cheiro que libertas, doce perfume

Teu corpo no meu não voltará a dançar
mas queima-lo-á sempre como lume
em todos os passos que o Tango chorar

Abílio Bandeira Cardoso

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