Rasgou-se o céu num passo desfeito
na luz cruel vertida de tua janela
teus peitos esmagados noutro peito
eu na rua encarcerado, brutal cela
Sinto todo o odor emergente desse leito
como se essa cena fosse minha, e eu dela
minhas mãos moldam-te no vazio, perfeito
...outras maos correm teu corpo canela
Espeto-me no punhal forte desse ciume
Choro em raiva rouca, por outro respirar
todo o cheiro que libertas, doce perfume
Teu corpo no meu não voltará a dançar
mas queima-lo-á sempre como lume
em todos os passos que o Tango chorar
Abílio Bandeira Cardoso
na luz cruel vertida de tua janela
teus peitos esmagados noutro peito
eu na rua encarcerado, brutal cela
Sinto todo o odor emergente desse leito
como se essa cena fosse minha, e eu dela
minhas mãos moldam-te no vazio, perfeito
...outras maos correm teu corpo canela
Espeto-me no punhal forte desse ciume
Choro em raiva rouca, por outro respirar
todo o cheiro que libertas, doce perfume
Teu corpo no meu não voltará a dançar
mas queima-lo-á sempre como lume
em todos os passos que o Tango chorar
Abílio Bandeira Cardoso
Etiquetas: abílio cardoso, poema
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