sábado, 28 de abril de 2007

Amor é Lua, de Abílio Bandeira Cardoso

Agarra-me a lua e solta-me o luar
Agarra-a de mão cheia e de dedos em rede
Pareces não agarrar coisa alguma!
E agarras um astro...
Agarras um corpo celeste!
Talvez não celestial...
Sempre agarras um corpo!

É a alma que queres tocar!
Quando já se tocou uma alma os corpos são meros suportes!
Matéria! Perecíveis!
Pouca coisa!
Nada!
Apenas a materialização do que interessa...
E se não vê...

Embrenhei-me num pomar e colhi a maçã mais bela...
Vermelha, côr de lábios sedentos de um beijo...
Os sentidos enganam!
Todos o sabemos e continuamos a deixar-nos enganar!

Uma alma é igual a uma maçã?
Ao fruto de pecado?
Será a alma um fruto de pecado?

Quando colhemos uma alma...
Jamais seremos os mesmos!
E... não há corpos, celestiais que o sejam, que se lhe comparem!
Cometemos um pecado original...

Nossas almas tocaram-se, colheram-se,
Embrenharam-se uma na outra
Fundiram-se e tornaram-se uma só,
Uma só maçã, colhida antes do tempo!...

Abílio Bandeira Cardoso

Etiquetas: ,