Entrevista com Maria Helena Moniz, responsável pelo pelouro da cultura da Câmara Municipal de Góis
Durante este mês, a Câmara Municipal promove, um ciclo de teatro, que começou no passado dia 17 (...).
Os espectáculos já realizados revelaram-se autênticos êxitos. E por isso a nossa primeira pergunta à responsável pelo pelouro da Cultura (e vice-presidente da Câmara Municipal, Helena Moniz, como surgiu a ideia do Ciclo de Teatro em Góis?
- A ideia do Ciclo de Teatro surgiu, em primeiro lugar pera, de alguma maneira, comemorar o Dia Mundial do Teatro, que se celebra a 7 de Março e, em segundo, para que essa data não ficasse em branco no nosso concelho. As nossas gentes sempre gostaram de teatro, tenho esta ideia comigo. Talvez por isso a emblemática casa de espectáculos, não só de teatro, mas tantos, tantos outros, que acabaram por se ir perdendo nos e com os tempos e hoje são apenas gratas recordações, sobretudo das pessoas mais velhas.
- Acha então que com este Ciclo o público vai voltar a teatro?
- Sim, espero que o público adira a estes espectáculos que vão realizar, porque além da oportunidade de ver e apreciar uma boa peça de teatro, de incentivar e aplaudir os grupos e os actores que a levam à cena, o fruto da nossa interioridade também aqui se faz sentir porque, infelizmente e habitualmente se alguém desejar assistir um espectáculo deste género tem que se deslocar a Coimbra ou a outro qualquer grande centro. E nem todas as pessoas têm essa hipótese.
- O espaço emblemático da cultura goiense foi-se degradando com os anos, mas sabemos que a Câmara tem um projecto para recuperar aquela casa.
- Recuperar não, porque depois de uma avaliação técnica viu-se que não era possível a recuperação, não era viável. Temos um projecto novo para aquele espaço, que será a Casa da Cultura, com condições óptimas, não só para as actividades culturais, mas também para as actividades da própria Associação, quer seja para os ensaios da música, para a escola de música e todas as outras que são desenvolvidas, num espaço digno e com condições para qualquer tipo de espectáculo.
- Um espaço que faz falta em Góis?
- Faz falta, sem dúvida. Um equipamento desse género está a faltar em Góis.
- Apesar de tudo, há muitas actividades culturais no concelho?
- Eu diria que não há muitas, mas há algumas.
- E a responsável do pelouro da Cultura está interessada em incentivá-las...
- Exactamente. Esse é outro dos objectivos deste Ciclo de Teatro, incentivando os grupos existentes no concelho porque, como sabe, vão estar em palco um grupo do Esporão e outro de Vila Nova do Ceira, ambos em actividade. Lancei-lhes um repto, que eles aceitaram e estão realmente a dar boa conta de si. Mas é promover o intercâmbio de experiências entre pessoas que gostam de teatro, porque se hoje estão envolvidos a ensaiar e a preparar uma peça é porque gostam de teatro, mesmo de uma maneira amadora, com alguns a revelarem-se autênticos profissionais.
- Alguém disse que sem cultura não há desenvolvimento. Partilha dessa opinião?
- Já disse isso em vários momentos. Eu não entendo o desenvolvimento de uma região sem o seu desenvolvimento cultural.
- Mas não acha que a cultura foi esquecida durante muitos anos?
- Foi, sem dúvida. As pessoas acomodaram-se, exactamente, porque quando, por exemplo, não havia televisão, havia grupos florescentes de teatro, havia grandes manifestações culturais e recreativas aqui em Góis. Não falo com conhecimento de causa, mas falo por relatos que tenho ouvido e que andei a investigar.
- É necessário então voltar a apostar na cultura, nomeadamente no teatro?
- Eu penso que esse trabalho começa pela educação, depois pelo gosto pela cultura na qual se inclui o teatro, a dança, que devem começar logo pelo banco das escolas. E aqui temos um trabalho de grande responsabilidade, sobretudo para com os mais pequeninos, que deve começar logo nas escolas do 1.º ciclo, para que comecem a tomar gosto pelas actividades culturais, cada vez mais necessárias para a sua formação como cidadãos. Eu sei que as solicitções são muitas. É a televisão, o computador, a internet, são todos os meios postos aos seu alcance, óptimos, mas que deverão ser utilizadas com peso, conta e medida. Tudo isto é bom e tem vantagens enormes, muito diferentes de outros tempos em que tinhamos de inventar as nossas brincadeiras, tinhamos mais criatividade. Não estou a dizer que as crianças hoje não tenham criatividade, mas eu penso que ela está um pouco limitada e mais virada para o imitar aquilo que vêem.
- Então o teatro, até como ocupação de tempos livres não deixa de ser importante?
- Eu acho que sim. É importantíssimo.
- Daí a sua aposta nesta organização?
- Sim, e será uma maneira de, quem sabe, incentivar os pequenos espectadores que poderão assistir a estas peças na sua terra até, de se tornarem futuros actores, quem sabe até se não vamos despertar consciências.
- Além do teatro, que outras apostas estão a ser feitas na cultura?
- Para já não temos muita coisa planeada, mas temos outras apostas, como o desporto, um sector no qual as pessoas também estão um bocadinho adormecidas, principalmente a nossa juventude. Se não repare: ainda há dias, quando das comemorações do 1.º aniversário do Circuito de Manutenção, por incrível que pareça há pessoas que ainda não deram por ele. Mesmo apesar de ser um local extraordinário sobre o qual, digo sinceramente, conheço outros circuitos mas acho que aquele é realmente uma maravilha, até talvez devido ao seu enquadramento paisagístico. Tenho dito às pessoas que estão na moda as caminhadas, porque não irem para ali caminhar? Acho que será muito mais agradável do que caminharem à beira de uma estrada, com todos os perigos inerentes.
- Inclusivamente usufruindo com todas as recomedações que o Circuito lá tem.
- Exactamente, seguindo as recomendações colocadas ao longo do percurso, esticando os braços, fazendo uma flexão, enfim aquilo que lhe apetecer. Mas porque estou a falar de desporto, aproveito para dizer que estou a pensar voltar a promover um encontro de pesca feminina, que no ano passado por diversos motivos não houve hipótese de fazer, além de outras actividades integradas desportivas integradas em outras manifestações festivas do concelho.
- Porque falamos em desporto, o magnífico pavilhão desportivo está a cumprir a missão para que foi construído?
- O pavilhão tem actividade. É aproveitado pelas crianças, pelos alunos da escola para ali darem as suas aulas e à parte isso, eu consegui estabelecer um horário de maneira a que esteja aberto ao sábado de manhã. Não era até agora, mas na realidade e se calhar não vale a pena, porque há dias pedi que me fizessem uma estatística da frequência das pessoas e realmente tem um indíce muito baixo.
- Falta de interesse ou falta divulgação?
- Eu penso que por falta de divulgação não será. E agora que se aproximam as férias da Páscoa, eu recomendo sempre que haja ocupações para esse tempo, dirigido aos alunos, às crianças, mas é muito raro aderirem. Mesmo apesar de se divulgar. Há, com certeza, outras motivações...
- Mesmo apesar de uma nova estrada estar quase a chegar à porta, acrescentámos em jeito de brincadeira.
Um sorriso e Maria Helena Moniz não deixou passar a oportunidade para salientar:
- Felizmente, finalmente, e eu penso que todos temos a ganhar. Em todos os sectores. Por exemplo e a nível turístico, como referi há dias numa reunião de Câmara, falta-nos a instalação de uma boa unidade hoteleira, porque sem isso, mesmo com uma melhor estrada, os turistas não vêm se não houver condições de as alojar.
- Reconhece então que a indústria do turismo pode ser um dos caminhos de futuro para o concelho?
- Eu diria mesmo que é a luz ao fundo do túnel para Góis. Temos locais lindíssimos, temos as nossas aldeias do xisto, temos as pessoas, a caça e a pesca, a nossa gastronomia e a nossa cultura e tudo isto devidamente enquadrado e articulado com a região, poderá ser, de facto, a grande aposta no futuro. Essa é também uma das nossas preocupações.
- Como é que uma mulher como Helena Moniz, que nunca tinha entrado numa aventura política é hoje a vice-presidente da Câmara e responsável por pelouros tão importantes como é a cultura e o desporto?
- O «bichinho» da política já há muito que despertou em mim, mas nunca o tinha posto em prática, muito embora já tendo sido membro da Assembleia de Freguesia e mais tarde presidente, mas é um envolvimento muito diferente deste. Quando fui convidada hesitei, porque sabia que a responsabilidade ia ser muita e quando estou nas coisas, seja o que for, ou estou a 100% ou então não estou. Não sou capaz de fazer as coisas pelo meio termo. Hesitei, realmente, ponderei os prós e os contras, porque iria obrigar a uma mudança de 360 graus na minha vida. Era gestora do meu lar, como eu costumo dizer, e apesar disso sempre fiz também algum trabalho, mas voluntário. Estava envolvida em algumas associações. Mas depois de ponderar aceitei e estou nesta função de alma e coração, dando tudo o que posso e sei ao serviço do concelho e do bem-estar de todos os residentes.
- Tem sido difícil?
- Não tem sido fácil. É necessário ir ultrapassando todas as dificuldades que se vão pondo no dia-a-dia, alguns desgastes políticos, incompreensões... Às vezes fico um pouco zangada, mas ainda não me arrependi e como a minha consciência está muito tranquila, vou continuando o meu caminho, porque o que interessa é estar de cosnciência tranquila. Claro que posso cometer erros, ninguém é perfeito nem eu tinha a ousadia de pensar que sou a dona da verdade, mas tudo o que faço é com a convicção de que estou a fazer o melhor para o meu concelho e para os meus conterrâneos.
- Também à sua terra, Caselhos, Helena Moniz tudo tem dado como boa filha daquele lugar. Nas festas, na capela, nos melhoramentos. Sentimentos que soube transmitir à filha. Porque sabe que o futuro é dos jovens, que à sua maneira são tão generosos. São capazes de dar sem nada pedir em troca.
A propósito desta dar, Helena Moniz não resistiu a contar um episódio, recente, que se passou consigo e a propósito do voluntariado e da actividade que tinha numa associação, onde alguém lhe perguntava:-«Quanto é que ganhas?». Por favor, deves estar a brincar comigo? - respondi-lhe, enquanto o meu marido acrescentava, em jeito de graça: «Olha, ganha a gasolina que gasta e mais alguma coisa». E então essa pessoa virou-se para mime disse ainda: «não te percebo. Não sei como é que é possível tu dispores do teu tempo, emtroca de nada. O teu tempo, o teu trabalho e não receber nada. Sinceramente não compreendo isso». E eu só lhe respondi: «Por favor, se és meu amigo, e repara que estão aqui os teus filhos e a minha filha, nunca mais te refiras nesses termos ao trabalho de voluntariado».
- Acha então que é através do nosso exemplo, dando-nos sem estarmos preocupados com a questão monetária, que os nossos filhos poderão amanhã continuar a nossa obra ao serviço dos outros?
- Eu tenho muita esperança nisso. Sou uma mulher de esperança e esta é a última a morrer.
Sobre a programação cultural do concelho, Helena Moniz falou ainda de outras acções que a Câmara Municipal vai desenvolver, nomeadamente as comemorações do Dia do Livro, o 25 de Abril, que será relatado às crianças «é importantíssimo porque cada vez menos sabem o que foi o 25 de Abril (...) também vamos integrar-nos nas comemorações do Monsenhor Nunes Pereira. Teremos uma exposição e penso que um visionamento de um filme sobre a sua vida e obra». Em Julho «teremos o GoisArte, depois em Agosto a FACIG e em Setembro, estou a pensar no encontro de todos os grupos do concelho: musicais, culturais, tudo o que tenha a ver com a cultura. Em Novembro será a Feira dos Santos e em Dezembro, provavelmente, as festas de Natal».
- Góis cultural durante todo o ano...
- Queremos que assim venha a ser. Por agora é o teatro e por isso deixo o apelo a todos os goienses para participarem, para aplaudirem, porque além de ser o maior incentivo para os actores em palco, acabam também contribuir para o seu próprio enriquecemento cultural.
J. M. Castanheira
in A Comarca de Arganil, de 20/03/2007
Os espectáculos já realizados revelaram-se autênticos êxitos. E por isso a nossa primeira pergunta à responsável pelo pelouro da Cultura (e vice-presidente da Câmara Municipal, Helena Moniz, como surgiu a ideia do Ciclo de Teatro em Góis?
- A ideia do Ciclo de Teatro surgiu, em primeiro lugar pera, de alguma maneira, comemorar o Dia Mundial do Teatro, que se celebra a 7 de Março e, em segundo, para que essa data não ficasse em branco no nosso concelho. As nossas gentes sempre gostaram de teatro, tenho esta ideia comigo. Talvez por isso a emblemática casa de espectáculos, não só de teatro, mas tantos, tantos outros, que acabaram por se ir perdendo nos e com os tempos e hoje são apenas gratas recordações, sobretudo das pessoas mais velhas.
- Acha então que com este Ciclo o público vai voltar a teatro?
- Sim, espero que o público adira a estes espectáculos que vão realizar, porque além da oportunidade de ver e apreciar uma boa peça de teatro, de incentivar e aplaudir os grupos e os actores que a levam à cena, o fruto da nossa interioridade também aqui se faz sentir porque, infelizmente e habitualmente se alguém desejar assistir um espectáculo deste género tem que se deslocar a Coimbra ou a outro qualquer grande centro. E nem todas as pessoas têm essa hipótese.
- O espaço emblemático da cultura goiense foi-se degradando com os anos, mas sabemos que a Câmara tem um projecto para recuperar aquela casa.
- Recuperar não, porque depois de uma avaliação técnica viu-se que não era possível a recuperação, não era viável. Temos um projecto novo para aquele espaço, que será a Casa da Cultura, com condições óptimas, não só para as actividades culturais, mas também para as actividades da própria Associação, quer seja para os ensaios da música, para a escola de música e todas as outras que são desenvolvidas, num espaço digno e com condições para qualquer tipo de espectáculo.
- Um espaço que faz falta em Góis?
- Faz falta, sem dúvida. Um equipamento desse género está a faltar em Góis.
- Apesar de tudo, há muitas actividades culturais no concelho?
- Eu diria que não há muitas, mas há algumas.
- E a responsável do pelouro da Cultura está interessada em incentivá-las...
- Exactamente. Esse é outro dos objectivos deste Ciclo de Teatro, incentivando os grupos existentes no concelho porque, como sabe, vão estar em palco um grupo do Esporão e outro de Vila Nova do Ceira, ambos em actividade. Lancei-lhes um repto, que eles aceitaram e estão realmente a dar boa conta de si. Mas é promover o intercâmbio de experiências entre pessoas que gostam de teatro, porque se hoje estão envolvidos a ensaiar e a preparar uma peça é porque gostam de teatro, mesmo de uma maneira amadora, com alguns a revelarem-se autênticos profissionais.
- Alguém disse que sem cultura não há desenvolvimento. Partilha dessa opinião?
- Já disse isso em vários momentos. Eu não entendo o desenvolvimento de uma região sem o seu desenvolvimento cultural.
- Mas não acha que a cultura foi esquecida durante muitos anos?
- Foi, sem dúvida. As pessoas acomodaram-se, exactamente, porque quando, por exemplo, não havia televisão, havia grupos florescentes de teatro, havia grandes manifestações culturais e recreativas aqui em Góis. Não falo com conhecimento de causa, mas falo por relatos que tenho ouvido e que andei a investigar.
- É necessário então voltar a apostar na cultura, nomeadamente no teatro?
- Eu penso que esse trabalho começa pela educação, depois pelo gosto pela cultura na qual se inclui o teatro, a dança, que devem começar logo pelo banco das escolas. E aqui temos um trabalho de grande responsabilidade, sobretudo para com os mais pequeninos, que deve começar logo nas escolas do 1.º ciclo, para que comecem a tomar gosto pelas actividades culturais, cada vez mais necessárias para a sua formação como cidadãos. Eu sei que as solicitções são muitas. É a televisão, o computador, a internet, são todos os meios postos aos seu alcance, óptimos, mas que deverão ser utilizadas com peso, conta e medida. Tudo isto é bom e tem vantagens enormes, muito diferentes de outros tempos em que tinhamos de inventar as nossas brincadeiras, tinhamos mais criatividade. Não estou a dizer que as crianças hoje não tenham criatividade, mas eu penso que ela está um pouco limitada e mais virada para o imitar aquilo que vêem.
- Então o teatro, até como ocupação de tempos livres não deixa de ser importante?
- Eu acho que sim. É importantíssimo.
- Daí a sua aposta nesta organização?
- Sim, e será uma maneira de, quem sabe, incentivar os pequenos espectadores que poderão assistir a estas peças na sua terra até, de se tornarem futuros actores, quem sabe até se não vamos despertar consciências.
- Além do teatro, que outras apostas estão a ser feitas na cultura?
- Para já não temos muita coisa planeada, mas temos outras apostas, como o desporto, um sector no qual as pessoas também estão um bocadinho adormecidas, principalmente a nossa juventude. Se não repare: ainda há dias, quando das comemorações do 1.º aniversário do Circuito de Manutenção, por incrível que pareça há pessoas que ainda não deram por ele. Mesmo apesar de ser um local extraordinário sobre o qual, digo sinceramente, conheço outros circuitos mas acho que aquele é realmente uma maravilha, até talvez devido ao seu enquadramento paisagístico. Tenho dito às pessoas que estão na moda as caminhadas, porque não irem para ali caminhar? Acho que será muito mais agradável do que caminharem à beira de uma estrada, com todos os perigos inerentes.
- Inclusivamente usufruindo com todas as recomedações que o Circuito lá tem.
- Exactamente, seguindo as recomendações colocadas ao longo do percurso, esticando os braços, fazendo uma flexão, enfim aquilo que lhe apetecer. Mas porque estou a falar de desporto, aproveito para dizer que estou a pensar voltar a promover um encontro de pesca feminina, que no ano passado por diversos motivos não houve hipótese de fazer, além de outras actividades integradas desportivas integradas em outras manifestações festivas do concelho.
- Porque falamos em desporto, o magnífico pavilhão desportivo está a cumprir a missão para que foi construído?
- O pavilhão tem actividade. É aproveitado pelas crianças, pelos alunos da escola para ali darem as suas aulas e à parte isso, eu consegui estabelecer um horário de maneira a que esteja aberto ao sábado de manhã. Não era até agora, mas na realidade e se calhar não vale a pena, porque há dias pedi que me fizessem uma estatística da frequência das pessoas e realmente tem um indíce muito baixo.
- Falta de interesse ou falta divulgação?
- Eu penso que por falta de divulgação não será. E agora que se aproximam as férias da Páscoa, eu recomendo sempre que haja ocupações para esse tempo, dirigido aos alunos, às crianças, mas é muito raro aderirem. Mesmo apesar de se divulgar. Há, com certeza, outras motivações...
- Mesmo apesar de uma nova estrada estar quase a chegar à porta, acrescentámos em jeito de brincadeira.
Um sorriso e Maria Helena Moniz não deixou passar a oportunidade para salientar:
- Felizmente, finalmente, e eu penso que todos temos a ganhar. Em todos os sectores. Por exemplo e a nível turístico, como referi há dias numa reunião de Câmara, falta-nos a instalação de uma boa unidade hoteleira, porque sem isso, mesmo com uma melhor estrada, os turistas não vêm se não houver condições de as alojar.
- Reconhece então que a indústria do turismo pode ser um dos caminhos de futuro para o concelho?
- Eu diria mesmo que é a luz ao fundo do túnel para Góis. Temos locais lindíssimos, temos as nossas aldeias do xisto, temos as pessoas, a caça e a pesca, a nossa gastronomia e a nossa cultura e tudo isto devidamente enquadrado e articulado com a região, poderá ser, de facto, a grande aposta no futuro. Essa é também uma das nossas preocupações.
- Como é que uma mulher como Helena Moniz, que nunca tinha entrado numa aventura política é hoje a vice-presidente da Câmara e responsável por pelouros tão importantes como é a cultura e o desporto?
- O «bichinho» da política já há muito que despertou em mim, mas nunca o tinha posto em prática, muito embora já tendo sido membro da Assembleia de Freguesia e mais tarde presidente, mas é um envolvimento muito diferente deste. Quando fui convidada hesitei, porque sabia que a responsabilidade ia ser muita e quando estou nas coisas, seja o que for, ou estou a 100% ou então não estou. Não sou capaz de fazer as coisas pelo meio termo. Hesitei, realmente, ponderei os prós e os contras, porque iria obrigar a uma mudança de 360 graus na minha vida. Era gestora do meu lar, como eu costumo dizer, e apesar disso sempre fiz também algum trabalho, mas voluntário. Estava envolvida em algumas associações. Mas depois de ponderar aceitei e estou nesta função de alma e coração, dando tudo o que posso e sei ao serviço do concelho e do bem-estar de todos os residentes.
- Tem sido difícil?
- Não tem sido fácil. É necessário ir ultrapassando todas as dificuldades que se vão pondo no dia-a-dia, alguns desgastes políticos, incompreensões... Às vezes fico um pouco zangada, mas ainda não me arrependi e como a minha consciência está muito tranquila, vou continuando o meu caminho, porque o que interessa é estar de cosnciência tranquila. Claro que posso cometer erros, ninguém é perfeito nem eu tinha a ousadia de pensar que sou a dona da verdade, mas tudo o que faço é com a convicção de que estou a fazer o melhor para o meu concelho e para os meus conterrâneos.
- Também à sua terra, Caselhos, Helena Moniz tudo tem dado como boa filha daquele lugar. Nas festas, na capela, nos melhoramentos. Sentimentos que soube transmitir à filha. Porque sabe que o futuro é dos jovens, que à sua maneira são tão generosos. São capazes de dar sem nada pedir em troca.
A propósito desta dar, Helena Moniz não resistiu a contar um episódio, recente, que se passou consigo e a propósito do voluntariado e da actividade que tinha numa associação, onde alguém lhe perguntava:-«Quanto é que ganhas?». Por favor, deves estar a brincar comigo? - respondi-lhe, enquanto o meu marido acrescentava, em jeito de graça: «Olha, ganha a gasolina que gasta e mais alguma coisa». E então essa pessoa virou-se para mime disse ainda: «não te percebo. Não sei como é que é possível tu dispores do teu tempo, emtroca de nada. O teu tempo, o teu trabalho e não receber nada. Sinceramente não compreendo isso». E eu só lhe respondi: «Por favor, se és meu amigo, e repara que estão aqui os teus filhos e a minha filha, nunca mais te refiras nesses termos ao trabalho de voluntariado».
- Acha então que é através do nosso exemplo, dando-nos sem estarmos preocupados com a questão monetária, que os nossos filhos poderão amanhã continuar a nossa obra ao serviço dos outros?
- Eu tenho muita esperança nisso. Sou uma mulher de esperança e esta é a última a morrer.
Sobre a programação cultural do concelho, Helena Moniz falou ainda de outras acções que a Câmara Municipal vai desenvolver, nomeadamente as comemorações do Dia do Livro, o 25 de Abril, que será relatado às crianças «é importantíssimo porque cada vez menos sabem o que foi o 25 de Abril (...) também vamos integrar-nos nas comemorações do Monsenhor Nunes Pereira. Teremos uma exposição e penso que um visionamento de um filme sobre a sua vida e obra». Em Julho «teremos o GoisArte, depois em Agosto a FACIG e em Setembro, estou a pensar no encontro de todos os grupos do concelho: musicais, culturais, tudo o que tenha a ver com a cultura. Em Novembro será a Feira dos Santos e em Dezembro, provavelmente, as festas de Natal».
- Góis cultural durante todo o ano...
- Queremos que assim venha a ser. Por agora é o teatro e por isso deixo o apelo a todos os goienses para participarem, para aplaudirem, porque além de ser o maior incentivo para os actores em palco, acabam também contribuir para o seu próprio enriquecemento cultural.
J. M. Castanheira
in A Comarca de Arganil, de 20/03/2007
Etiquetas: câmara municipal, góis
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