Conhecer Góis 7
O património natural. Dois ex-libris do concelho. 1
É valioso o nosso património natural. O encanto das montanhas e das serras, dos rios e das ribeiras, as matas e os espaços verdes, as paisagens e o ambiente, o sossego, o clima, um pouco de tudo isso está a atrair emigrantes de outros países, que aqui encontram uma qualidade de vida que não usufruem nas suas terras. São já algumas dezenas de famílias estrangeiras que aqui estão instaladas, com perspectivas de um aumento progressivo, à medida que o homem moderno, com as possibilidades que a tecnologia lhes oferece, de a todo o momento poder estar em contacto com o mundo inteiro, se volta cada vez mais para residir junto da natureza.
Tendo que fazer uma escolha para ilustrar este património, opto pelos dois seguintes.
O Penedo de Góis
Em tempos remotos, em data incerta, mas certamente durante a orogenia do ciclo hercínico (com início há cerca de 450 milhões de anos), terá acontecido aqui, um fenómeno geológico semelhante a tantos outros que a natureza nos proporciona: uma grande projecção e derrame de aglomerados de rochas metamórficas, vindos do interior da terra, a temperaturas elevadas, transformando os arenitos em quartzitos, a rocha predominante do novo maciço que se formou.
Nascia assim uma nova elevação, sobrelevando-se às vizinhas, no seguimento de uma linha de alturas que, ligando a Serra da Lousã com a do Açor, divide o concelho em duas zonas bem diferenciadas.
Com o passar do tempo, por ocorrência de desligamentos, fracturas e enrugamentos, aliada com a resistência à erosão que é própria do quartzito, o Penedo tomaria o seu aspecto actual, de acentuado contraste de relevo, de crista alongada, imponente e majestoso nos seus 1043 metros de altura, que sobressai da paisagem, avistado das cinco freguesias do concelho.
Composto por vários montes, os pastores foram-nos baptizando com denominações simbólicas ou alusivas à sua utilização, que entraram no seu vocabulário quotidiano, o Penedo da Abelha, o Penedo do Picoto, o Penedo das Portas do Sol, o Penedo do Meio-Dia, o Penedo do Reboludo, o Penedo da Foice, o Penedo do Pinheiro, o Penedo da Aigra, o Penedo da Carvalha, o calhau das merendas, as meninas, as fraguitas...
A pastorícia era a principal actividade de subsistência. Grandes rebanhos comunitários, de vários milhares de cabeças, compartilhavam os mesmos pastos e eram geridos pelo mesmo pastor, indicado rotativamente por cada grupo proprietário.
Quem visite esta região, ainda pode deleitar-se, junto dos poucos residentes, com histórias de lobos, atacando os seus rebanhos, umas com pitadas de heroísmo ou de bravura, outras fantasmagóricas, ou com lendas de mouros que em tempos habitavam nas suas grutas.
Quatro aldeias da região – Comareira, Aigra Nova, Aigra Velha e Pena – pequenos aglomerados à base do xisto, constituindo como que um percurso histórico, estão sob alçada de um projecto comunitário de desenvolvimento. Mas é pertinente também referir, como aldeias típicas desta região, e aconchegadas ao Penedo, os Povorais e o Vale Torto.
Na parte ocidental, na extrema com o concelho de Castanheira de Pêra, o espaço ao redor da capela de Santo António da Neve é local do “Encontro dos Povos Serranos”, alegre convívio anual entre as gentes das serras.
Em tempos remotos, juntavam-se os pastores dos montes e aldeias ao redor, nos seus trajes característicos, constituindo grande romaria, com gentes vindas de zonas muito afastadas. Uma romaria e, agora também feira, que continua a fazer-se anualmente, no segundo sábado do mês de Julho, não faltando a tradição de cada participante levar, para além da merenda, um queijo inteiro, em homenagem ao seu santo padroeiro.
Outrora, fabricava-se ali gelo, a partir de neve, em poços de que ainda hoje se observam vestígios, vendido depois para diferentes partes do país, nomeadamente para as geladeiras da Corte, em Lisboa. O antigo armazém dos neveiros transformar-se-ia na actual capela, por se ter encontrado num dos poços, um santo, logo baptizado de Santo António da Neve. Curiosamente, por meio da capela, passa a linha de fronteira dos dois concelhos, Góis e Castanheira de Pêra.
João Nogueira Ramos
in www.portaldomovimento.com
É valioso o nosso património natural. O encanto das montanhas e das serras, dos rios e das ribeiras, as matas e os espaços verdes, as paisagens e o ambiente, o sossego, o clima, um pouco de tudo isso está a atrair emigrantes de outros países, que aqui encontram uma qualidade de vida que não usufruem nas suas terras. São já algumas dezenas de famílias estrangeiras que aqui estão instaladas, com perspectivas de um aumento progressivo, à medida que o homem moderno, com as possibilidades que a tecnologia lhes oferece, de a todo o momento poder estar em contacto com o mundo inteiro, se volta cada vez mais para residir junto da natureza.
Tendo que fazer uma escolha para ilustrar este património, opto pelos dois seguintes.
O Penedo de Góis
Em tempos remotos, em data incerta, mas certamente durante a orogenia do ciclo hercínico (com início há cerca de 450 milhões de anos), terá acontecido aqui, um fenómeno geológico semelhante a tantos outros que a natureza nos proporciona: uma grande projecção e derrame de aglomerados de rochas metamórficas, vindos do interior da terra, a temperaturas elevadas, transformando os arenitos em quartzitos, a rocha predominante do novo maciço que se formou.
Nascia assim uma nova elevação, sobrelevando-se às vizinhas, no seguimento de uma linha de alturas que, ligando a Serra da Lousã com a do Açor, divide o concelho em duas zonas bem diferenciadas.
Com o passar do tempo, por ocorrência de desligamentos, fracturas e enrugamentos, aliada com a resistência à erosão que é própria do quartzito, o Penedo tomaria o seu aspecto actual, de acentuado contraste de relevo, de crista alongada, imponente e majestoso nos seus 1043 metros de altura, que sobressai da paisagem, avistado das cinco freguesias do concelho.
Composto por vários montes, os pastores foram-nos baptizando com denominações simbólicas ou alusivas à sua utilização, que entraram no seu vocabulário quotidiano, o Penedo da Abelha, o Penedo do Picoto, o Penedo das Portas do Sol, o Penedo do Meio-Dia, o Penedo do Reboludo, o Penedo da Foice, o Penedo do Pinheiro, o Penedo da Aigra, o Penedo da Carvalha, o calhau das merendas, as meninas, as fraguitas...
A pastorícia era a principal actividade de subsistência. Grandes rebanhos comunitários, de vários milhares de cabeças, compartilhavam os mesmos pastos e eram geridos pelo mesmo pastor, indicado rotativamente por cada grupo proprietário.
Quem visite esta região, ainda pode deleitar-se, junto dos poucos residentes, com histórias de lobos, atacando os seus rebanhos, umas com pitadas de heroísmo ou de bravura, outras fantasmagóricas, ou com lendas de mouros que em tempos habitavam nas suas grutas.
Quatro aldeias da região – Comareira, Aigra Nova, Aigra Velha e Pena – pequenos aglomerados à base do xisto, constituindo como que um percurso histórico, estão sob alçada de um projecto comunitário de desenvolvimento. Mas é pertinente também referir, como aldeias típicas desta região, e aconchegadas ao Penedo, os Povorais e o Vale Torto.
Na parte ocidental, na extrema com o concelho de Castanheira de Pêra, o espaço ao redor da capela de Santo António da Neve é local do “Encontro dos Povos Serranos”, alegre convívio anual entre as gentes das serras.
Em tempos remotos, juntavam-se os pastores dos montes e aldeias ao redor, nos seus trajes característicos, constituindo grande romaria, com gentes vindas de zonas muito afastadas. Uma romaria e, agora também feira, que continua a fazer-se anualmente, no segundo sábado do mês de Julho, não faltando a tradição de cada participante levar, para além da merenda, um queijo inteiro, em homenagem ao seu santo padroeiro.
Outrora, fabricava-se ali gelo, a partir de neve, em poços de que ainda hoje se observam vestígios, vendido depois para diferentes partes do país, nomeadamente para as geladeiras da Corte, em Lisboa. O antigo armazém dos neveiros transformar-se-ia na actual capela, por se ter encontrado num dos poços, um santo, logo baptizado de Santo António da Neve. Curiosamente, por meio da capela, passa a linha de fronteira dos dois concelhos, Góis e Castanheira de Pêra.
João Nogueira Ramos
in www.portaldomovimento.com
Etiquetas: aldeias do xisto, fotografia, góis, movimento, penedos
1 Comments:
«Curiosamente, por meio da capela, passa a linha de fronteira dos dois concelhos, Góis e Castanheira de Pêra.»
A Capela sempre pertenceu à Freguesia do Coentral, o que divide os dois concelhos é sim a estrada que passa da parte de trás da capela.
Bom blog
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