sábado, 23 de dezembro de 2006

Estrada da Beira divide autarcas PSD

O futuro da EN-17, face à construção do futuro IC3, para ligação de Coimbra ao interior do distrito, está a gerar polémica na Lousã e em Poiares.

A Estrada da Beira, que une Coimbra ao interior do distrito, está a dividir autarcas do PSD, por causa da apresentação de uma proposta de construção de uma via alternativa, anunciada esta semana pelos vereadores social-democratas da Lousã.
Os vereadores do PSD da Lousã defenderam esta semana uma via alternativa à Estrada da Beira, a entroncar no futuro traçado do IC3, entre Tomar e Coimbra, cujo trajecto definitivo será conhecido no final do primeiro trimestre de 2007.
“A construção do IC3 com passagem nas Torres do Mondego será fundamental para se poder viabilizar uma alternativa à Estrada da Beira, que se encontra estrangulada”, considera o vereador social-democrata Pedro Curvelo, que enquanto candidato à autarquia da Lousã já tinha defendendo esta solução.
O autarca social-democrata defendeu que “esta alternativa é uma via estruturante para resolver os problemas de acessibilidade rodoviária a Coimbra, não só da Lousã mas também de todo o interior do distrito, incluindo Góis, Arganil e Pampilhosa da Serra”.
“Consideramos que a construção do IC3 associada à variante de Foz de Arouce e o seu prolongamento com a via alternativa da Estrada da Beira poderá alavancar definitivamente o nosso desenvolvimento”, sustentou.
Segundo Pedro Curvelo, o projecto que propõe permitirá um trajecto com cerca de 21 quilómetros (desde as rotundas da Lousã à da Portela), “rápido, seguro e sem atravessamento de povoações até Coimbra, a uma velocidade de 90 quilómetros por hora se fará em cerca de 14 minutos”.
Para isso, acrescentou, basta que o novo traçado do IC3 contemple um nó de ligação na margem esquerda do Mondego, “que permita posteriormente ligar uma nova via alternativa da Estrada da Beira, entre o final da futura Variante de Foz de Arouce (Lousã) e as Torres do Mondego”.
O presidente da Câmara de Poiares, Jaime Soares (PSD), lamentou, por seu turno, que o autarca social-democrata da Lousã tenha avançado com uma proposta alternativa sem debater o assunto com a autarquia.
“Não conheço a proposta, mas entendo que é uma atitude pouco ética o PSD da Lousã não ter tido previamente uma conversa com quem tem procurado soluções e feito propostas sobre a Estrada da Beira”, argumentou Jaime Soares, presidente da Câmara de Poiares e da Distrital do PSD de Coimbra.
O presidente da autarquia de Poiares afirmou que, “se a proposta tiver viabilidade e valor”, não terá problemas de a “apreciar e apoiar”, mas não deixou de criticar a atitude dos seus companheiros de partido.
“O PSD da Lousã não descobriu nada. Todos sabemos que a actual estrada está esgotada e não tem hipóteses, mas é uma atitude inqualificável divulgar uma proposta sem, no mínimo, termos conversado, já que somos altamente interessados”, criticou Jaime Soares.
Na opinião do autarca de Poiares, as soluções deveriam ser discutidas entre as autarquias atravessadas pela Estrada da Beira, mas Jaime Soares reconhece “liberdade aos vereadores social-democratas da Lousã para apresentarem projectos”.
“Este é o pior caminho para procurar protagonismos partidários e pessoais e esgrimir argumentos políticos”, considerou no entanto Jaime Soares.
O presidente da Câmara Municipal da Lousã, o socialista Fernando Carvalho, referiu, por seu turno, que “é desfasado estar a discutir a proposta do PSD, quando se está ainda a discutir o novo traçado do IC3”.
“Esse é um assunto de interesse para a Lousã”, disse, por seu turno, a presidente da autarquia de Miranda do Corvo, a social-democrata Fátima Ramos, instada a comentar a proposta dos companheiros de partido do concelho vizinho.
Para a autarca, que é também vice-presidente da distrital do PSD de Coimbra, “o que interessa neste momento é a construção do IC3, porque vai permitir melhor acesso à auto-estrada, a Coimbra e ao IP3”.
“O importante é que o Governo opte pelo novo IC3, com o traçado previsto entre Penela e Miranda do Corvo, e avance com a sua concretização o mais rapidamente possível”, acrescentou.
O estudo prévio da solução final do IC3 deverá ser apresentada pela Estradas de Portugal no final do primeiro trimestre de 2007, seguindo-se o envio para Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) no Instituto do Ambiente, documento que deverá estar concluído até ao final do próximo ano.
Já as fases seguintes do processo (calendarização do projecto e da respectiva obra) não possuem ainda data definida.
Estão em discussão dois traçados possíveis que divergem, entre outros aspectos, na extensão (respectivamente 67,6 e 72,5 quilómetros) e na implantação no terreno.
“Há um consenso muito largo à volta de dois traçados, que podem ainda sofrer alguns acertos”, referiu no início da semana Henrique Fernandes, governador civil de Coimbra, explicando que o trajecto final, que será decidido pela empresa Estradas de Portugal, poderá resultar “da escolha de um deles ou de uma solução combinada”.
Segundo Henrique Fernandes, uma das hipóteses é a estrada passar a poente da localidade de Alvaiázere (Leiria) e a nascente de Coimbra, ligando Tomar, pelo interior centro, ao IP3 (a norte de Coimbra, em Souselas).
in Diário As Beiras, de 23/12/2006