sábado, 2 de dezembro de 2006

Doce rio, de Abílio Bandeira Cardoso

Ah meu Ceira, meu rio, em tuas águas
Minhas lágrimas já caíram e se afogaram
Transportaram para ti tantas mágoas
Que gemeste na dor que te levaram

Ah, tuas águas doces elas salgaram
Soltou-se de meus olhos todo esse sal
Que, em meu peito, meus ais criaram
Sal amargo a ferro feito, aberto a punhal

Ah doce rio, a tuas águas me lanço todo
Para que estas mágoas fiquem em teu lodo
E viva minha alma sem a menor dor

Leva-as para o mar, banha-as no iodo
Devolve-me, da paz, o doce odor
E da nascente traz-me um novo amor

Abílio Bandeira Cardoso

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