sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Uma breve introdução

A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) matou mais de 20 milhões de pessoas nos últimos 20 anos e, até hoje, não foi possível encontrar nem uma cura nem uma vacina eficazes para lutar contra esta ameaça que afecta pessoas de todas as idades, em todos os continentes.

A SIDA é provocada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que, ao entrar no organismo humano e ao penetrar no sistema sanguíneo, começa de imediato a reproduzir-se dentro dos linfócitos T4 (ou células CD4) acabando por matá-las. As células CD4 são, precisamente, os elementos do sistema imunológico que dão indicações às restantes células para a necessidade de proteger o organismo contra agentes invasores.

Sob a acção do vírus, a função de defesa fica enfraquecida e deixa a pessoa infectada, ou seropositiva, mais vulnerável em relação à actuação de bactérias e vírus, que provocam as chamadas doenças oportunistas. É o caso de formas raras de pneumonia, toxoplasmoses, candidose, meningite criptocócica e cancros como o Sarcoma de Kaposi. Estas doenças são, normalmente, a causa de morte dos seropositivos, sendo bastante raras entre as pessoas que não sofrem de imunodeficiência.

Foi precisamente a ocorrência de algumas destas doenças, nos Estados Unidos da América, entre jovens aparentemente saudáveis, que, em 1981, levou à suspeição da existência de uma nova patologia. Os primeiros casos foram detectados em homossexuais masculinos, de tal forma que a doença chegou a ser identificada como GRID («Gay-related Immune Deficiency»), antes de se perceber que a SIDA podia afectar todas as pessoas, independentemente da idade, sexo, estado de saúde ou localização geográfica.

A SIDA é uma síndrome, ou seja, de um conjunto de sintomas e sinais que não dizem respeito apenas a uma doença. É uma síndrome de Imunodeficiência porque o vírus deixa o sistema imunológico deficiente; e é Adquirida, uma vez que resulta da acção de um agente externo ao organismo humano.

A infecção com o VIH caracteriza-se por quatro fases diferentes. Ocorre primeiro o período de infecção aguda, até quatro semanas após o contágio e no qual o seropositivo é afectado por diversos sintomas pouco característicos, semelhantes aos de uma gripe, e cuja causa, normalmente, passa despercebida a doentes e médicos.

Segue-se um período que pode durar dez a 15 anos (em alguns casos mais em outros menos), no qual, embora o vírus se continue a multiplicar, o seropositivo não apresenta quaisquer sintomas. Nesta fase, apesar de o vírus continuar a matar as células CD4, o organismo consegue repor quase a mesma quantidade de células que são destruídas diariamente.

A terceira fase da doença, em que o organismo já não consegue repor completamente a quantidade de células CD4 destruídas pelo vírus, caracteriza-se por uma imunodepressão moderada, com sintomas e sinais associados. Emagrecimento, suores nocturnos, diarreia prolongada e febre, são alguns dos exemplos de manifestações clínicas nesta fase de evolução da infecção.

A quarta fase, em que o seropositivo passa a ter SIDA, ocorre quando a contagem de células CD4 se torna muito baixa ou quando a pessoa é afectada por outra doença indicadora de um estado de imunodeficiência grave.

O VIH apenas afecta os humanos, só neles sobrevive e se reproduz e pode ser transmitido de três formas: por contacto sanguíneo; através do sémen e dos fluidos vaginais nas relações sexuais; de mãe para filho, o que pode ocorrer durante a gestação, no momento do parto e durante o aleitamento.

Apesar de não existirem fármacos capazes de eliminar por completo o vírus do organismo, os medicamentos anti-retrovíricos existentes conseguem baixar a quantidade do vírus para valores mínimos e preservar a função imunológica do organismo, retardando a evolução da doença e proporcionando aos seropositivos uma maior esperança e melhor qualidade de vida.

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