sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Ponte "Pedro e Inês" inaugurada dia 26 em Coimbra

A ponte pedonal sobre o rio Mondego, que será baptizada com a designação “Pedro e Inês”, vai ser inaugurada no próximo dia 26.

A obra, integrada no Programa Polis de Coimbra, é um projecto considerado "singular", da autoria dos engenheiros Cecil Balmond e Adão da Fonseca. No centro da ponte existe uma praça, definido como "local de pausa, de meditação". "As pontes pedonais são uma paixão", confessou, ao JN, Adão da Fonseca, referindo que a nova travessia do Mondego "é uma obra de grande rigor, mas também muito delicada". "É quase uma obra religiosa, feita com cuidado e carinho, que apetece fazer-lhe festas", acrescenta.

Do ponto de vista de engenharia, o projectista observou que esta ponte "é muito complexa, porque tem um vão grande, é esbelta e original. É uma obra digna para aquele local e um motivo de atracção e de fruição para as pessoas". "Tudo isto, deu-me um prazer especial", salientou. Original é a praça no centro da ponte, com oito metros de largura, mesmo no meio do rio. "Há necessidade de utilizar essa praça. A ponte é relativamente comprida e, por isso, a ideia foi criar no meio uma espécie de local de repouso.

É um local de vivência", explicou, afirmando que "a relação entre a engenharia e o uso constitui a grande arquitectura". Outra originalidade são as guardas do tabuleiro (grades laterais) que usam vidros de quatro cores. "Coimbra tem um ambiente limpo e zonas verdes, por isso foram escolhidos os vidros porque dão transparência, mas também segurança", referiu Adão da Fonseca. Os vidros são especiais, laminados, e a ideia da cor "tem a ver com o facto de a ponte ser visível num ambiente colorido.

Escolheu-se o amarelo, azul e verde porque são as principais cores da natureza. Depois o rosa, que faz o contraste", explicou. Adão da Fonseca diz ter "duas obras marcantes". A ponte do Infante (Porto-Gaia) e a nova ponte Pedro e Inês. Esta última "dá uma paz incrível. Na praça as pessoas descansam e contemplam a paisagem. É uma ponte com alma", refere. Quanto ao nome escolhido pela Câmara de Coimbra, ambos os projectistas ficaram "satisfeitos". "Pedro e Inês dão à ponte uma dimensão romântica, cultural e poética", concluiu.

A nova ponte, situada em pleno Parque Verde, é uma estrutura em aço, com 275 metros de comprimento, quatro de largura e tapete em madeira. Apoiando-se num arco central com 110 metros de vão, que se eleva a 10 metros da água, a ponte é anti-simétrica em cada meio-arco que coincidem no centro do rio e permitem a criação de uma praça com oito metros de largura. O investimento rondou os 3,5 milhões de euros.
in Correio da Beira Serra, de 24/11/2006

O Blogóis (goisvive) associa-se a esta inauguração com a publicação de dois poemas escritos pelo Poeta goiense Abílio Bandeira Cardoso sobre Pedro e Inês.

Hoje Inês morreu-me nos braços
E Pedro não chorou juras eternas
Nem se partiram corações em pedaços
Em apagadas procissões de lanternas

Hoje Inês finou-se em pias cavernas
Abandonou fontes em belos espaços
Limitou-se a perder força nas pernas
Soltando rosas nos nossos regaços

Segurei Inês com porte firme e fiel
Nem com uma lágrima lhe aqueci o peito
Nem chamei Pedro num grito imperfeito

Já nenhuma história se escreve com mel
Nem há tumulos esculpidos a cinzel
E abandonei Inês sem lágrimas no leito



A Fonte Eterna

Nas Lágrimas, serão rosas, será dor,
Que o vermelho da fonte perpetua?
Vivo sangue escorrido do amor
Vivo amor ceifado a faca crua..

Acorda Inês, recebe o meu calor
Recolhe a minha vida, fá-la tua
Nas àguas desta fonte em clamor
Fonte de dor que toda dor fez sua..

Fala Inês, nas lágrimas encarnadas
Fala nas àguas pra sempre soluçadas
Ou no seu brilho que é teu olhar

Diz ao mundo como eterno é teu amar
Nas lágrimas doces de amor brotadas
No eterno sangue d'almas separadas ...


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