Menina do Balancé, de Abílio Bandeira Cardoso
Lembro a primeira vez que te vi
Chorava por ver minha mãe sair
Tu choravas por ver tua mãe partir
Mas metade do meu choro foi por ti...
Primeiro dia de escola... ah aventura!
Tantas primeiras vezes... que tortura
Nem sabia o que era amor
Nem sabia que era possível
Só sentia uma espécie de dor
Um aperto no peito, indescritível,
Ao lado de meu coração indeiscente...
Ainda sinto o cheiro do pau de giz
E das batas brancas... no meu nariz
Lembro-me como, nos balancés, pedias
Que te empurrasse mais alto e mais forte
Para que tocasses o sol que sentias
Eu sorria... era feliz... tanta sorte!
Tocar-te nesses empurrões era tanto
Sentir o teu cheiro na deslocação d'ar
Ver-te sorrir e ouvir-te gritar:
"Empurra mais..." Meu encanto!
E eu empurrava,... com força valente!
Ainda sinto o som outonal das folhas a cair
E no balancé...oiço-te rir...
Tantos anos passamos tão perto
Fizemo-nos belos adolescentes
O que eu sentia estava tão certo
Mesmo nos sonhos mais indecentes...
Mas nunca te disse... eras intocável
Mesmo para mim... que te sonhava
E lembrava o tempo que te empurrava
Naquele balancé no tempo imparável
Paixão de minha paixão permanente...
Ainda sinto o sabor do primeiro cigarro
Partilhado nos lábios, é teu sabor que agarro...
Tornamo-nos adultos, faculdade, doutores
Sempre perto e cada vez mais distantes
Conhecemos outras pessoas e outros sabores
Mas nenhum igual ao que senti antes...
O sabor dos lábios no cigarro partilhado
O sabor a ti igual ao de mais ninguém
É esse sabor que à memória sempre vem
Quando outra boca tenho beijado
O teu sabor será sempre diferente
Ainda sinto o calor de todas as namoradas
Nos beijos que te dei em suas bocas molhadas
Nunca te disse nada do que sentia
Se te tivesse... jamais te teria
Tão bem te conheço e não és real...
És a menina do balancé, o meu ideal
És a adolescente que fuma o meu cigarro
E só assim tocas na minha boca
És o corpo que noutra eu agarro
E me foge quando meu olhar lhe toca
Se te tivesse perdia-te de repente...
Assim serás sempre minha, na minha ilusão
Com toda esta história de recordação...
Abílio Bandeira Cardoso
Chorava por ver minha mãe sair
Tu choravas por ver tua mãe partir
Mas metade do meu choro foi por ti...
Primeiro dia de escola... ah aventura!
Tantas primeiras vezes... que tortura
Nem sabia o que era amor
Nem sabia que era possível
Só sentia uma espécie de dor
Um aperto no peito, indescritível,
Ao lado de meu coração indeiscente...
Ainda sinto o cheiro do pau de giz
E das batas brancas... no meu nariz
Lembro-me como, nos balancés, pedias
Que te empurrasse mais alto e mais forte
Para que tocasses o sol que sentias
Eu sorria... era feliz... tanta sorte!
Tocar-te nesses empurrões era tanto
Sentir o teu cheiro na deslocação d'ar
Ver-te sorrir e ouvir-te gritar:
"Empurra mais..." Meu encanto!
E eu empurrava,... com força valente!
Ainda sinto o som outonal das folhas a cair
E no balancé...oiço-te rir...
Tantos anos passamos tão perto
Fizemo-nos belos adolescentes
O que eu sentia estava tão certo
Mesmo nos sonhos mais indecentes...
Mas nunca te disse... eras intocável
Mesmo para mim... que te sonhava
E lembrava o tempo que te empurrava
Naquele balancé no tempo imparável
Paixão de minha paixão permanente...
Ainda sinto o sabor do primeiro cigarro
Partilhado nos lábios, é teu sabor que agarro...
Tornamo-nos adultos, faculdade, doutores
Sempre perto e cada vez mais distantes
Conhecemos outras pessoas e outros sabores
Mas nenhum igual ao que senti antes...
O sabor dos lábios no cigarro partilhado
O sabor a ti igual ao de mais ninguém
É esse sabor que à memória sempre vem
Quando outra boca tenho beijado
O teu sabor será sempre diferente
Ainda sinto o calor de todas as namoradas
Nos beijos que te dei em suas bocas molhadas
Nunca te disse nada do que sentia
Se te tivesse... jamais te teria
Tão bem te conheço e não és real...
És a menina do balancé, o meu ideal
És a adolescente que fuma o meu cigarro
E só assim tocas na minha boca
És o corpo que noutra eu agarro
E me foge quando meu olhar lhe toca
Se te tivesse perdia-te de repente...
Assim serás sempre minha, na minha ilusão
Com toda esta história de recordação...
Abílio Bandeira Cardoso
Etiquetas: abílio cardoso, poema
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