sábado, 25 de novembro de 2006

Escondida do mundo, escondida de Deus. Ou Adhan de um pedaço de pano, de Abílio Bandeira Cardoso

Um poema que dedico a todas as mulheres, pedaços de qualquer coisa, que ficam atrás de si próprias.

“Allahu Akbar
Deus é Maior !
Allahu Akbar
Deus é o Maior !
Allahu Akbar
Deus é o Maior !
Allahu Akbar
Deus é o Maior !”

Que Deus tão grande é esse que te tapa o rosto?
Que homens de Deus são esses que te negam a identidade?
Que lágrimas escondes?
Que rugas te sulcam o rosto?
Que se pode ler nelas?
Que te esconde do mundo?
Que expressões fazes?
Como mostras o desagrado?
Ou um simples sorriso…?

“Ach hadu an la ilaha ill- Allah
Testemunho de que não há outra divindade além de Deus
Ach hadu an la ilaha ill- Allah
Testemunho de que não há outra divindade além de Deus”

Mãe, como te encontro na multidão?
Mãe, tu és a minha deusa na terra
E não te encontro…
És um pedaço de pano
Entre outros pedaços de pano
Todos iguais
Todos sem rosto!...
Pedaços de pano não sorriem
Não mostram indignação…
Como posso ver em teu rosto
O que te vai no coração?...

“Haiyá alas-salat
Vinde para a Oração
Haiyá alas-salat
Vinde para a Oração
Haiyá alal-falah
Vinde para a salvação
Haiyá alal-falah
Vinde para a salvação”

Onde estavas mulher que não te vi?
Porque te escondes do mundo?
Como te posso salvar se te não vejo?
Chamei-te à oração.
Vieste!
Mas não te vi.
Quero salvar-te mas não sei quem és…
Descobre-te,
É o teu Deus quem manda!
Quero ver-te sorrir,
Chorar,
Sentir,
Amar…
Não te quero prisioneira,
Porque sou liberdade.
Não te quero na escuridão,
Porque sou luz.
Não te quero vendada,
Porque sou olhar.
Não te quero ausente
Dum mundo que construí
Também
Para ti…

Abílio Bandeira Cardoso

Etiquetas: ,