sábado, 21 de outubro de 2006

«A raiva dos de Góis»

Saía de Coimbra para o sul, o Senhor de Góis, quando vinha por Santa Clara Filipe III com a sua comitiva a entrar na ponte. Levanta-se então ao fidalgo português um dilema - cruzando-se com o rei estrangeiro, tem de o cumprimentar; evitá-lo dando meia volta, é demasiado duro para o seu orgulho. Qualquer das decisões lhe parece inaceitável e opta por uma terceira. Dá esporas ao cavalo, lança-se com ele no rio e cruzam-se a nado. Filipe III assiste, pergunta de quem se trata e cometa: «A raiva dos de Góis!»
Parece ser já proverbial no século XVII, «a raiva dos de Góis» deve vir de famas mais antigas. Episódios que fizeram história, como a disputa pelo direito ao senhorio da vila no século XIII, que foi apaixonada e violenta e obrigou a intervenção real, ou muitos outros de menor monta, podem exemplificar essa «raiva dos de Góis», mas é certo que a placidez da vila parece contradizer o velho dito.

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