Porque é Dia da Mãe... poemas e rosas
PALAVRAS PARA A MINHA MÃE
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.
José Luís Peixoto, A Casa, a Escuridão
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.
José Luís Peixoto, A Casa, a Escuridão
SÓ POR ISSO, MÃE
Mesmo que a noite esteja escura,
Ou por isso,
Quero acender a minha estrela.
Mesmo que o mar esteja morto,
Ou por isso,
Quero enfunar a minha vela.
Mesmo que a vida esteja nua,
Ou por isso,
Quero vestir-lhe o meu poema.
Só porque tu existes,
Vale a pena!
Lopes Morgado, Mulher Mãe
É NOITE, MÃE
As folhas já começam a cobrir
o bosque, mãe, do teu outono puro...
São tantas as palavras deste amor
que presas os meus lábios retiveram
pra colocar na tua face, mãe!...
Continuamente o bosque se define
em lividez de pântanos agora,
e aviva sempre mais as desprendidas
folhas que tornam minha dor maior.
No chão do sangue que me deste, humilde
e triste, as beijo. Um dia pra contigo
terei sido cruel: a minha boca,
em cada latejar do vento pelos ramos,
procura, seca, o teu perdão imenso...
É noite, mãe: aguardo, olhos fechados,
que uma qualquer manhã me ressuscite!...
António Salvado, Difícil Passagem
QUANDO EU FOR PEQUENO
Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.
Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.
Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.
Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.
José Jorge Letria, O Livro Branco da Melancolia
POEMA À MÃE
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade, Os Amantes sem Dinheiro
Etiquetas: fotografia, poema
18 Comments:
Poemas muito belos. Excelente escolha.
Se nascer fosse opção,
Perdoa-me a confissão,
Mas ao aprender a lição,
Ficava no teu coração.
Agora que me pariste,
Embora esteja triste,
A vida insiste,
E o Amor persiste.
VIVA O POVO LIVRE!
Ó Povo Livre não armes ao pingarelho!Tu não consegues pôr de jeito uma palavra atrás da outro quanto mais escrever rimas! Ganha juízo!...
Caro Senhor(a) "22:19", dedico-lhe:
Não és o dono da verdade,
nem tão pouco deves parecê-lo.
Deves ser um poço de vaidade,
com muita dor de cotovelo.
VIVA O POVO LIVRE!
Caro Senhor(a) "22:19", acho que merece mais. Aqui vai:
Para ti é pouco vaidoso,
tens outos atributos, também.
Não te vou chamar merdoso,
por respeito à minha Mãe.
VIVA O POVO LIVRE!
Ai tu queres ver como se rima? Então aí vai:
O Povo Livre é um tretas
Além disso é o bloguista
Passa a vida a pensar petas
na sua vidinha intriguista
Anda por aqui todo meloso
a largar falinhas mansas
tem aquele ar de merdoso
dos vendedores de esperanças
Estratégia rasca, sem futuro
porque o povo livre quer pão
Vai acabar contra um muro
De indiferença e desdém
Não te vou chamar cagão
por respeito à minha mãe
Agora vê lá se publicas ó seu tretas...
E já agora mais esta:
Saiu-me isto de repente
Numa hora de aflição
porque é mais uma lição
Vais ficar todo contente
Sabe-se que por essas bandas
Deves muito à inteligência
Não nos lixes a paciência
Pois de vaidade tresandas
E se acaso tiveres dúvida
Sobre a tua grande burrice
Senta-te um pouco e medita
Que mesmo para a crendice
Em Góis, terra bendita
Há cura para a tua desdita
Hem?! Soneto perfeito. Quando quiseres mais é só pedir.
Hem?! Soneto perfeito. Quando quiseres mais é só pedir.
AHAHAH!!! Boa. E agora ó Povo Livre, não queres responder? Parece-me que este sabe mais do que tu...
Senhor(a) "1:33"e "2:06".
Asno afirma que sou,
E zurrar nunca me ouviu,
Ou é premonição, ou
Burra foi quem me pariu.
Gostei da resposta ao que fiz,
Revela que sabe o que faz,
Verdade fosse o que diz,
E era uma pessoa de paz.
Sonetos não é comigo,
Era mais com o Camões,
Dá muito trabalho a fazer,
Prefiro coçar os joelhos.
Um grande abraço um grande bem haja e gostei
VIVA O POVO LIVRE!
ERRATA
Sonetos não é comigo,
Era mais com o Camões,
Dá muito trabalho a fazer,
Prefiro coçar o umbigo.
VIVA O POVO LIVRE!
Vienes de la pobreza de las casas del Sur,
de las regiones duras con frío y terremoto
que cuando hasta sus dioses rodaron a la muerte
nos dieron la lección de la vida en la greda.
Eres un caballito de greda negra, un beso
de barro oscuro, amor, amapola de greda,
paloma del crepúsculo que voló en los caminos,
alcancía con lágrimas de nuestra pobre infancia.
Muchacha, has conservado tu corazón de pobre,
tus pies de pobre acostumbrados a las piedras,
tu boca que no siempre tuvo pan o delicia.
Eres del pobre Sur, de donde viene mi alma:
en su cielo tu madre sigue lavando ropa
con mi madre. Por eso te escogí, compañera.
Pablo Neruda
Ó Povo Livre (falso), escusavas de te repetir com erratas. Eu, e todos os leitores que por aqui andam, perceberam à primeira...
No entanto, e como gostaste, deixa-me que te diga:
Preferes coçar o umbigo!
Tens boas inclinações
Não sei se viste o perigo
dessas tuas afirmações
Cada um coça o que quer
outros coçam o que podem
Alguns não querem ver
Muitos outros já não têm
Parece-me que no teu caso
Meu amigo, só com espelhos
Acho que chegaste ao ocaso
Já só mijas pr'ós joelhos
Não faças pois mais chiqueiro
que o WC custa a limpar
É melhor pensares primeiro
Em pé não, melhor sentar
E não fiques estarrecido
Por procurares sem encontrar
Assim andas entretido
enganado mas a cantar
Olha, isto nem sempre sai bem. mesmo assim fica à consideração. Sempre ao dispôr.
Gosto da desgarrada. Só falta uma guitarra a acompanhar.
Senhor(a) "19:58":
Com atenção vos li do novo.
Pela conversa de mijo,
Vejo que sois do POVO.
Constato com regozijo.
Apesar da sua rima,
não fiquei com embaraço,
Demonstro-lhe o meu afecto:
Para si um grande abraço.
VIVA O POVO LIVRE!
Ok, percebi! Então um grande abraço para si também. Um dia destes, quando houver inspiração, fazemos mais uma desgarrada...
Fica alinhavado então.
Uma desgarrada faremos,
Quando houver inspiração.
Foi engraçado.
Um grande bem haja e muita saúde.
VIVA O POVO LIVRE!
Cuidado a sra.Lurdes está a vigiar
para ver quantos poetas temos em Gois.
Quem? A Lulu? Oh meu amigo, essa percebe de outras "coisas", agora de poetas?!!
Não esquecer do meu cão que também se chama poeta...
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