Soito - xisto atrai pessoas
Para quem não conhece a aldeia do Soito (Colmeal), situa-se a meia encosta, no caminho entre Colmeal e Fajão, a cerca de 500 metros do rio Ceira. O Soito, que na primeira metade do século passado contava com mais de 200 pessoas, foi uma das aldeias onde a desertificação mais cedo se fez sentir, o que associado à sua destruição parcial pelo incêndio de há 15 anos e à inactividade da respectiva Comissão de Melhoramentos durante quase duas décadas, fez perder a esperança a muitos dos seus conterrâneos e descendentes, com o abandono definitivo de muitas das casas.
Contrariando aquela tendência, o renascimento do associativismo local em 1999, associado è persistência de algumas pessoas interessadas a mudar o rumo dos acontecimentos, conduziu a um processo de transformação sem precedentes, que fez renascer a esperança na aldeia e no seu futuro, pese embora o número reduzido de residentes permanentes.
Este processo, que ao nível colectivo, foi levado a cabo pelo esforço financeiro de todos os amigos do Soito, com algumas ajudas externas a que todas as associações congéneres tem acesso e com algum apoio local especialmente da Câmara Municipal de Góis e ADIBER, permitiu dotar a aldeia de um conjunto de equipamentos essenciais que a tornam mais atractiva, não só aos que ali residem, mas também a todos que a visitam, com maior ou menor frequência.
De entre os equipamentos colectivos construídos é de salientar: a construção da Casa de Convívio e Espaço Museológico, bem como a área adjacente que inclui um largo para festas, forno colectivo e churrasqueira; a rede de protecção contra incêndios florestais com cobertura total da aldeia e que inclui saídas de água para bombeiros e mangueiras com agulhetas para autodefesa, sendo ainda de salientar a manutenção anual de um perímetro de segurança junto da aldeia; a adaptação do tanque local a piscina natural; a recuperação e embelezamento e manutenção de outros espaços (p.e. fonte velha, entradas da aldeia); e recuperação da capela se S. Pedro.
Ainda do ponto de vista colectivo, o Soito pensa concretizar no decorrer de 2008, duas importantes realizações: a recuperação da antiga “eira” à entrada da aldeia e a integração no património colectivo da aldeia, de um moinho movido a água existente no seu interior, que assim complementará o espaço museológico já existente. De salientar que este moinho, para além da sua importância em termos turísticos, poderá ser utilizado para fazer farinha, por quem pretender.
A par do já referido esforço colectivo, a reconstrução tradicional em xisto, passou a ser uma preocupação permanente para quem tem construído no Soito, o que se traduz num número assinalável de casas já reconstruídas com este material, ao ponto da aldeia ser já considerada uma espécie de aldeia de xisto, mas até agora sem quaisquer subsídios.
Face a este movimento e a uma atempada abertura ao mercado, ao nível imobiliário, que, de certa forma veio fazer face ao abandono da aldeia por parte de algumas das famílias dali originárias, o Soito tornou-se uma aldeia atractiva, quer para portugueses que ali não têm as sua raízes, quer para cidadãos de outros estados membros da União Europeia, sendo que esta procura se faz sentir ao nível de casas para reconstruir (também em xisto), de casas já reconstruídas e mesmo de casas para alugar.
Assim e apesar do número reduzido de habitantes permanentes, o Soito tem hoje uma população flutuante muito interessante e, face à impossibilidade de voltar a ter o número de habitantes que já teve no passado, esta poderá ser uma boa forma de garantir o futuro da aldeia e de muitas outras que na região existem em situação idêntica.
Neste contexto, entendemos que a possibilidade de investimentos públicos que valorizem as nossas aldeias devem ter como prioridade, não a política de subsídio-dependência para quem pouco ou nada fez e espera que os poderes públicos façam tudo, devendo, pelo contrário, constituir uma forma de reconhecer as boas práticas, o trabalho já realizado e a capacidade de realização, mobilizando os factores endógenos em relação a um futuro melhor, para a freguesia do Colmeal e para o concelho de Góis.
António Duarte
in A Comarca de Arganil, edição electrónica
Contrariando aquela tendência, o renascimento do associativismo local em 1999, associado è persistência de algumas pessoas interessadas a mudar o rumo dos acontecimentos, conduziu a um processo de transformação sem precedentes, que fez renascer a esperança na aldeia e no seu futuro, pese embora o número reduzido de residentes permanentes.
Este processo, que ao nível colectivo, foi levado a cabo pelo esforço financeiro de todos os amigos do Soito, com algumas ajudas externas a que todas as associações congéneres tem acesso e com algum apoio local especialmente da Câmara Municipal de Góis e ADIBER, permitiu dotar a aldeia de um conjunto de equipamentos essenciais que a tornam mais atractiva, não só aos que ali residem, mas também a todos que a visitam, com maior ou menor frequência.
De entre os equipamentos colectivos construídos é de salientar: a construção da Casa de Convívio e Espaço Museológico, bem como a área adjacente que inclui um largo para festas, forno colectivo e churrasqueira; a rede de protecção contra incêndios florestais com cobertura total da aldeia e que inclui saídas de água para bombeiros e mangueiras com agulhetas para autodefesa, sendo ainda de salientar a manutenção anual de um perímetro de segurança junto da aldeia; a adaptação do tanque local a piscina natural; a recuperação e embelezamento e manutenção de outros espaços (p.e. fonte velha, entradas da aldeia); e recuperação da capela se S. Pedro.
Ainda do ponto de vista colectivo, o Soito pensa concretizar no decorrer de 2008, duas importantes realizações: a recuperação da antiga “eira” à entrada da aldeia e a integração no património colectivo da aldeia, de um moinho movido a água existente no seu interior, que assim complementará o espaço museológico já existente. De salientar que este moinho, para além da sua importância em termos turísticos, poderá ser utilizado para fazer farinha, por quem pretender.
A par do já referido esforço colectivo, a reconstrução tradicional em xisto, passou a ser uma preocupação permanente para quem tem construído no Soito, o que se traduz num número assinalável de casas já reconstruídas com este material, ao ponto da aldeia ser já considerada uma espécie de aldeia de xisto, mas até agora sem quaisquer subsídios.
Face a este movimento e a uma atempada abertura ao mercado, ao nível imobiliário, que, de certa forma veio fazer face ao abandono da aldeia por parte de algumas das famílias dali originárias, o Soito tornou-se uma aldeia atractiva, quer para portugueses que ali não têm as sua raízes, quer para cidadãos de outros estados membros da União Europeia, sendo que esta procura se faz sentir ao nível de casas para reconstruir (também em xisto), de casas já reconstruídas e mesmo de casas para alugar.
Assim e apesar do número reduzido de habitantes permanentes, o Soito tem hoje uma população flutuante muito interessante e, face à impossibilidade de voltar a ter o número de habitantes que já teve no passado, esta poderá ser uma boa forma de garantir o futuro da aldeia e de muitas outras que na região existem em situação idêntica.
Neste contexto, entendemos que a possibilidade de investimentos públicos que valorizem as nossas aldeias devem ter como prioridade, não a política de subsídio-dependência para quem pouco ou nada fez e espera que os poderes públicos façam tudo, devendo, pelo contrário, constituir uma forma de reconhecer as boas práticas, o trabalho já realizado e a capacidade de realização, mobilizando os factores endógenos em relação a um futuro melhor, para a freguesia do Colmeal e para o concelho de Góis.
António Duarte
in A Comarca de Arganil, edição electrónica
Etiquetas: fotografia, soito
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