sábado, 31 de maio de 2008

Ramal da Lousã: Movimento entregou quatro mil assinaturas a exigir estudo alternativo ao metro

O Movimento de Defesa do Ramal da Lousã (MDRL) entregou hoje, no Governo Civil de Coimbra, um abaixo-assinado com cerca de quatro mil assinaturas, exigindo ao Executivo um estudo alternativo ao projecto de metro previsto para a linha.

A petição, entregue esta tarde, por um representação do movimento, exige que não "se avance para nenhuma transformação, sem que haja um estudo sobre os custos e benefícios para os utentes", entre electrificar o Ramal e colocar novo material circulante e a instalação de um metro ligeiro de superfície.

Isabel Simões, do MDRL, disse hoje à Lusa que o resultado da petição é "imprevisível", mas mostrou-se esperançada num recuo do Governo, à semelhança do que aconteceu no projecto da Ota ou no encerramento das urgências de Anadia.

O abaixo-assinado tem como primeiro destinatário o primeiro-ministro, seguindo-se o presidente da Assembleia da República, Câmaras Municipais de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo e à administração da sociedade Metro Mondego.

"Se for necessário vamos para a rua. Temos o exemplo de Anadia que saiu à rua quantas vezes foram necessárias para conseguir os seus objectivos", afirmou a activista depois de entregar o documento no secretariado do Governo Civil, face à ausência dos representantes políticos, no que foi acompanhada por cerca de meia centena de utentes.

"O que podemos garantir é que não vamos ficar por aqui. Vamos querer fazer chegar a nossa voz da maneira e da forma que for preciso", enfatizou Isabel Simões.

O abaixo-assinado exige ainda que "qualquer alteração" garanta a "manutenção ou redução dos preços das tarifas cobradas, aumento da velocidade do transporte, número de lugares sentados, frequência do transporte, redução do impacto ambiental, manutenção da ligação à rede ferroviária nacional e a gestão pública do Ramal".

"Este Ramal não tem investimentos de fundo por parte da CP e da REFER há mais de vinte anos", referem os promotores do abaixo-assinado, acrescentando que "pouco se conhece das alterações que se pretende", apesar de existirem "dados que poderão colocar em causa a manutenção do serviço prestado".

O movimento recorda que "o Ramal da Lousã transporta mais de um milhão de passageiros por ano e tem uma importância fundamental para os utentes que o usam, garantindo a sua deslocação para o trabalho, mas também o acesso aos mais variados serviços públicos como os estabelecimentos de Educação e de Saúde".

Para aquela linha, que liga Coimbra a Serpins (Lousã), e para a cidade de Coimbra, o Governo tem previsto a instalação de um metro ligeiro de superfície do tipo "tram-train" - com capacidade para circular nos eixos ferroviários, urbanos, suburbanos e regionais, designado por Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM).

Isabel Simões adiantou ainda à Lusa que, em data a designar, será efectuada uma viagem de autocarro entre o trajecto Coimbra e Serpins, ao final da tarde, em hora de ponta, para os utentes verificarem "o inferno rodoviário" que serão os transportes alternativos se a linha for encerrada por causa do projecto de instalação do metro.

Durante o dia de hoje, o núcleo do Bloco de Esquerda de Miranda do Corvo defendeu, em comunicado, "a electrificação e modernização do Ramal da Lousã, o seu prolongamento até Góis e Arganil, sem separação da Rede Ferroviária Nacional, assim como o regresso do transporte de mercadorias".

"Recusamos a destruição incondicional dos actuais carris, quando não existem garantias políticas claras. Ao deixarmos que se faça a remoção da actual bitola, sujeitamo-nos a uma perda irremediável, pois se faltarem as verbas, se houver falência ou se houver mudança de Governo, os utentes da actual ferrovia poderão ficar "com as mãos a abanar", lê-se no documento.

Também o PCP de Coimbra salientou hoje, em comunicado, que "os objectivos apresentados pelo MDRL - transportes dignos, manutenção das tarifas, gestão pública, mais comodidade e rapidez, entre outros - merecem a sua solidariedade".

"Há muitos anos que o PCP no distrito e na Assembleia da República pugna pela sua concretização", sublinha a estrutura comunista.
in Lusa

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