sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

“Rosários de Amor” - um livro de Clarsisse Barata Sanches

Se há poetas que continuam inspirados e a transmitir aos outros essa faculdade criativa, através da obra que editam, certamente que nesse número teremos que incluir Clarisse Barata Sanches, poetisa goiense que continua a cantar em verso, com regularidade e um sentimento que lhe brota da alma, as belezas de Góis e os valores básicos duma sociedade fraterna mas que o fluir do tempo vai varrendo com crescente intensidade do nosso quotidiano.
Desde 1983, com "Cantei ao Céu e à Terra", obra inspirada no amor, que Clarisse Barata Sanches dá expressão à sua arte de escritora, com relevo para a área da poesia mas sem olvidar também a prosa, encantando os seus leitores não apenas com a forma como constrói o seu pensamento mas igualmente com a profundidade dos conceitos que aborda na sua produção literária.
Após uma série já longa de livros publicados, vem agora o 11º dessa listagem. E mais uma vez, com a amabilidade habitual, esta ilustre e credenciada artista da poesia me fez chegar esse seu último livro, último na série já longa da sua bibliografia mas espero que longe de ser o derradeiro da sua produção literária. Julgo que "Rosários de Amor" é uma bela designação para um livro de poemas e bem definidora não apenas da própria personalidade da autora como das características fundamentais duma postura na vida que transbordam para a sua obra no campo da poesia.
Trata-se de um livro bem apresentado, com adequado prefácio do, também poeta, dr. João de Castro Nunes e que ao longo das suas mais de 230 páginas e algumas centenas de poemas nos remete para um encontro com uma poesia bem construída, reveladora duma ternura e duma filosofia que deixam transparecer sentimentos e percursos de vida, acontecimentos marcantes passados no ambiente físico e humano que fazem parte dum quotidiano olhado com os olhos da alma.
São estas impressões que me ficaram duma leitura, ainda que rápida, de "Rosários de Amor', um livro que me apetece definir como um conjunto de pérolas reunidas como grãos de contas de um rosário de orações recitadas passando as contas pelos dedos. Uma outra leitura, mais lenta e demorada, se irá seguir, bebendo cada poema, com o vagar com que se deve apreciar poesia, encantado com a beleza dos versos e reflectindo sobre a profundidade dos sentimentos e a qualidade dos conceitos que a sensibilidade e a inspiração de Clarisse Barata Sanches transformaram em obra de arte no domínio da poesia.
Autores de qualidade, seja em verso ou em prosa, e tantos há, felizmente na nossa região, merecem ser devidamente apoiados e dados a conhecer. Eles podem desempenhar uma missão de verdadeiras correias de transmissão da cultura e do conhecimento que são a base essencial do desenvolvimento. Felizmente que, como é o caso, há entidades que pensam deste modo, dando assim um forte quão necessário contributo para a difusão cultural e estimulando a criatividade dos artistas da nossa região.
Aníbal Pacheco
in A Comarca de Arganil, de 19/02/2008

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