Montaria em Góis sem javalis

Cerca de 60 monteiros, provenientes de várias regiões do país, participaram na montaria ao javali que decorreu no sábado em Amioso do Senhor, freguesia de Alvares, concelho de Góis, montaria que se inseriu nas Montarias do Centro 2007/2008, e que foi organizada pela Câmara Municipal de Góis, em parceria com a Região de Turismo do Centro e a Associação Florestal do concelho de Góis, contando com o apoio da junta de freguesia de Alvares e da Comissão de Melhoramentos de Amioso do Senhor. Apesar dos inúmeros esforços por parte dos funcionários da autarquia em manter os javalis naquela zona de caça, dando-lhes duas toneladas de milho ao longo de dois meses, no dia da montaria os animais não apareceram, o que, segundo o presidente da Câmara Municipal de Góis, “é um caso estranho”. No entanto, os participantes desta montaria aproveitaram para conviver com os seus colegas, realizando-se um almoço na Comissão de Melhoramentos, onde também não faltou a animação musical.
Em declarações ao RCA NOTICIAS, o presidente da Câmara Municipal de Góis explicou que esta montaria já se realizou no Colmeal mas este ano devido “às solicitações dos moradores de Amioso do Senhor” decorreu nesta localidade, onde “havia bastantes javalis”. No entanto, pela primeira vez no concelho de Góis, não foi abatido nenhum animal nesta montaria, não havendo uma explicação em concreto para o sucedido, até porque “eu próprio confirmei pelos vestígios que era qualquer coisa de importante os animais que aqui andavam”, realçou José Girão Vitorino.
Para compensar os monteiros que participaram nesta iniciativa, o autarca garantiu que em 2009 a Câmara Municipal de Góis vai oferecer a montaria a todos aqueles que estiveram presentes, uma vez que “nós próprios nos sentimos tristes porque contávamos abater alguns animais, até para o bem da população, e isso não aconteceu”. “É uma desilusão mas no convívio correu tudo bem”, acrescentou o presidente da autarquia goiense, revelando que “há pessoas que por tradição vêm sempre ao concelho de Góis” e que “para o ano cá estarão novamente”.
Questionado pelo RCA NOTICIAS acerca das possíveis razões que levaram ao afastamento dos javalis, Girão Vitorino alegou que “pode acontecer que não tenham aqui o dormitório deles e se tenham desviado para a serra”, ou então devido a “mudanças de temperatura”. Admirado com o resultado desta montaria, o edil assegurou que “todo o concelho é muito rico em javalis e também nos veados”, espécie responsável pela destruição de muitas culturas, sobretudo das oliveiras.
Para além disso, “para o ano talvez vamos abrir a caça menor ao coelho para que os caçadores se possam entreter”, anunciou, defendendo que é necessário apostar na caça e na pesca enquanto formas de atrair pessoas ao concelho durante a época do Inverno. Relativamente às montarias, de acordo com o presidente da Câmara Municipal, vão continuar a realizar-se no concelho, estando já a ser preparada uma montaria a ter lugar numa das suas freguesias, ainda no decorrer deste mês, destinada apenas “aos naturais e residentes da região”, com o intuito de abater “alguns animais que começa a haver em excesso”.
Já o presidente da Federação de Caça e Pesca da Beira Litoral, que também marcou presença na montaria em Amioso do Senhor, revelou que esta montaria “foi fraca” apesar dos “homens da Câmara se esforçarem o máximo para manter os animais”. “Os javalis comeram muito milho mas concerteza iam dormir a outro lado”, esclareceu Luís Fernandes, considerando, no entanto, que “esta zona de caça municipal é muito boa”. Para o dirigente da Federação, o principal objectivo destas iniciativas é “o desenvolvimento da região”, para além de ser “uma forma de colmatar os prejuízos provocados pelos javalis”. Refira-se que o papel da Federação passa por apoiar todas as iniciativas para “o bem do agricultor, do caçador e da caça”, frisou.
Em declarações ao RCA NOTICIAS estiveram também dois monteiros que participaram nesta montaria. Joaquim Carvalhal, caçador há cerca de trinta anos, veio de Vila Nova de Famalicão até Amioso do Senhor a convite de alguns amigos que “têm contactos em Góis”, até porque é habitual participar mais nas montarias que se realizam no Norte do país. No entanto, “não vi nenhum javali”, contou, afirmando que “a caça é mesmo assim, um dia é da caça, outro dia do caçador”. Já António Machado, caçador de Góis, costuma participar nas montarias de Góis, Arganil e Teixeira, caçando muito também no Alentejo. Constatando que também não avistou nenhum animal nesta montaria, o monteiro defendeu que “ a mancha tinha pouca densidade de mato para estarem fixados os javalis”. Contudo, a satisfação de participar era visível, já que o principal objectivo deste evento é “o convívio” e se “hoje não correu bem, corre para a próxima”, finalizou.
in www.rcarganil.com