Entrevista ao Presidente da Câmara Municipal de Góis
Os pólos industriais do concelho albergam pequenas empresas locais, mas têm funcionado como a fórmula mágica que está a permitir a fixação de jovens em Góis. Sem descurar o Turismo, através da requalificação de Prais Fluviais, eventos chamativos e integração no projecto de Aldeias de Xisto, José Girão Vitorino acredita que o Concelho pode dar o salto qualitativo em desenvolvimento, mas para tal reivindica uma nova Estrada Nacional 342.
Jornal de Arganil - Quais os projectos que a Câmara Municipal tem em curso?
José Girão Vitorino - Temos projectos na área dos pólos industriais, o de Cortes e Vila Nova do Ceira. O primeiro já está a funcionar, o outro está em fase de acabamento. Além disso, estamos a beneficiar novamente a rede viária do concelho. Foi um investimento muito elevado, de forma a que as pessoas mais isoladas tenham um bom acesso e consigam chegar mais rapidamente à sede de concelho.
JA - Instalaram-se novas empresas nesses pólos?
JGV - No pólo industrial de Cortes estão instaladas empresas do concelho, sendo que no total, albergam cerca de 12 postos de trabalho.
JA - Parece-lhe que o futuro pela via indústria é o mais promissor?
JGV - Não. Por exemplo, no pólo industrial de Cortes não temos procura de insdústrias ou de pessoas com a possibilidade de criar mais postos de tabalho. São oficinas e pequenas fábricas. Quanto ao pólo industrial de Vila Nova do Ceira não tenho grandes expectativas de criação de grandes empresas. Já tivemos uma empresa ligada a confecções. Tinha 24 postos de trabalho, maioritariamente para jovens. Na altura criou expectativas, os jovens que fixaram-se, casaram e de um momento para outro fechou. Foi uma decepção. No pólo industrial de Góis, têm aumentado o número de postos de trabalho muito rápido. O pólo industrial de Góis é um exemplo. Tem empresas que nos dão garantia de continuarem a crescer. O pólo industrial de Alagoa tem sido um quebra cabeça para nós, devido à aquisição de terrenos. Já temos uma fábrica de mármores a funcionar e estamos a tentar adquirir mais terrenos. Conseguimos adquirir um com cerca de 12 mil metros2, mas para instalar os estaleiros da Câmara Municipal. Temos projecto e cerca de 500 mil euros disponíveis para avançar com a obra.
Mas a grande indústria está a instalar-se próximo das grandes vias, junto a aeroportos e portos marítimos. Por isso, neste momento, contamos mais com as pequenas empresas.
JA - Considera importante apoiar os empreendedores oriundos do Concelho?
JGV - Muito importante. Fizemos essa aposta, porque sabemos do seu dinamismo. Há uma empresa com 30 postos de trabalho e outra dinamizada por jovens de Góis, na área dos alumínios, que tem, sensivelmente, esse número de trabalhadores e compraram parte de uma fábrica para montar uma serralharia. Têm produção garantida por dois anos.
JA - O Jornal de Arganil tem conhecimento da existência de terrenos que, apesar de estarem em PDM (Plano Director Municipal) para construção, a Estradas de Portugal impedia a sua aprovação. A situação mantem-se?
JGV - Há mais de 14 anos que o corredor da Estrada Nacional 342, na vila de Góis, estava a impedir o desenvolvimento e construção de moradias. A Estradas de Portugal impedia a construção porque é um corresor da variante da 342, Lousã-Góis-Arganil. Porém, se queremos uma via de desenvolvimento e estruturante para a nossa região, não a podemos desenvolver dentro da vila. O senhor Secretário de Estado, quando esteve em Góis, apresentou-nos o estudo prévio e o que queremos é que a EN342 se afaste um pouco da Vila, de modo que o traçado se situe entre Góis e Vila Nova do Ceira. Felizmente, a Provedoria da Justiça recomendou-nos seguirmos o PDM e a Câmara já deu o parecer positivo para a edificação de uma casa.
JA - O concelho tem apostado no Turismo. É uma vertente que considera importante?
JGV - Das melhores. Estamos muito vocacionados para turismo, porque felizmente temos o Rio Ceira e a Ribeira do Sinhel, que têm grandes potencialidades no Verão, para quem nos quer visitar e tomar banho de água corrente, pura e cristalina. Além disso, temos a concessão de pesca dentro da vila, de truta, muito concorrida. Estamos a tentar fazer criação dessa espécie para repovoamento, em parceria com a Universidade do Minho. Já foram encaminhados alguns exemplares para estudo de modo a criar aqui uma maternidade.
JA - A Câmara está muito atenta à qualidade da água?
JGV - Muito atenta. Os relatórios são de qualidade. Somos associados do CESAB (Centro de Serviços de Ambiente), que são muito rigorosos. Trabalhamos também com a Comissão de Coordenação da Região Centro e com a Delegação de Saúde. Portanto há três entidades a fazer análises à água do rio, dando-nos a garantia de fidelidade dos resultados. Temos tido sempre água de boa qualidade na vila de Góis. Apesar de garantirmos também boa qualidade em Vila Nova do Ceira, na Praia das Canaveias, estamos a lutar para que atinja o patamar de qualidade da água do rio da sede de concelho. Na Ribeira de Alvares, nomeadamente no curso das águas, porque havia necessidade do rio ficar livre no Inverno na época das cheias. Vamos jardinar o espaço, fazer um parque infantil, construir um passadiço e um bar de apoio. Alvares está muito afastado da sede de concelho, mas queremos que tanto ela como as nossas aldeias continuem vivas.
JA - O concelho ainda tem aldeias que conservasm as suas características. Foi um factor determinante para integrar o projecto Aldeias de Xisto?
JGV - A integração no projecto Aldeias de Xisto foi uma boa aposta, porque estávamos a verificar que as aldeias estavam a ficar desertificadas. O número de habitantes é muito reduzido, há aldeias com 4 e 5 habitantes. Com 70% de fundos comunitários a Câmara, ao abrigo de um programa que facilitou aos moradores o pagamento do restante, reparam-se coberturas, fachadas e caixilharia.
JA - Góis também aposta em "cartazes" fortes, como a Concentração Mototurística ou o GóisArte. Essas iniciativas são importantes?
JGV - Importantíssimas. É bom não só para Góis, mas também para os concelhos vizinhos. Todos ganham, são 3,4 dias óptimos para o comércio da nossa região. Desde já dou os parabéns à dinâmica da direcção do MotoClube de Góis. São voluntários, não recebem nada em troca. Graças a esses cartazes, o Concelho torna-se conhecido porque as pessoas voltam noutras alturas do ano.
JA - A desertificação é ponto assente nos concelhos do interior. Tem esprança que mude ou é um facto que se tem de se assumir?
JGV - Eu penso que todos nós temos de colaborar. Temos uma grande colónia de migração em Lisboa, mais de 1500, e eu penso que se tivessem um pouco de boa vontade podiam ajudar, porque são pessoas que estão bem instaladas na vida. Podiam olhar um pouco mais para a sua terra, porque considero que assim podíamos dar um passo positivo. Felizmente há jovens de Góis que querem investir aqui. Têm à disposição a Quinta do Baião, suspendi provisoriamente o Plano de Pormenor para adaptá-lo às necessidades. Estão a tentar arranjar investidores e espero que isso aconteça a curto prazo, porque são filhos da terra e estão cheios de boa vontade. Com a ajuda da Câmara e dinamismo dos jovens tenho a certza absoluta que vamos dar um passo em frente no concelho de Góis. É uma esperança.
JA - Relativamente aos que estão em Lisboa, como poderiam ajudar? Através das comissões de melhoramentos?
JGV - As comissões de melhoramentos limitam-se a fazer os seus almoços e o dinamismo já não é o mesmo como antigamente. Têm as suas casas de convívio, fazem a sua festa anual, mas depois a actividade acaba. Se quisessem manter as suas aldeias vivas, podiam tentar incentivar as pessoas a vir. As aldeias estão cada vez mais desertificadas. Grande parte das pessoas só aparecem no Verão. De resto, os pais estão nos lares, vêm cá de vez em quando para os ver, mas mais nada.
JA - Começa a haver um desapego ao concelho por parte da segunda geração?
JGV - Eu penso que sim. Enquanto Góis e Vila Nova do Ceira ainda se consegue investir, nas zonas mais longes da sede do concelho a situação agrava-se. O Cadafaz e o Colmeal preocupam-me muito, porque não vejo maneira de promover algo inovador para estas aldeias.
JA - Góis está a viver o fenómeno da instalação de estrangeiros nas aldeias.
JGV - Sim, temos aldeias quase 100% ocupadas por estrangeiros. Vêm, compram, reconstroem e instalam-se. Têm infra-estruturas e o que falta é colmatado pela Câmara Municipal. É uma nova vida para eles e para as crianças.
JA - Já se pode avaliar as consequências do fenómeno?
JGV - Veja-se o caso da Edith, de Vale de Asna, que comprou um rebanho e agora tem lá uma queijaria, que criou com a ajuda de apoios comunitários. É um sinal de que se as pessoas quiserem podem fazer algo em Góis e conseguem sobreviver.
JA - Adaptam-se bem?
JGV - Adaptam-se muito bem à nossa região e convivem com a população local. Quando há problemas juntam-se e tentam solucioná-los. Por exemplo, já houve incêndios em que se prontificaram logo a ajudar a comunidade. Integraram-se muito bem. Instalaram-se em lugarejos que estavam fechados e hoje têm vida. Os filhos estão na escola mas têm uma particularidade, não deixam os filhos ficar na residência de estudantes, querem que voltem para casa todos os dias.
JA - Está a meio do mandato, o que gostaria ver cumprido até ao final?
JGV - Tenho apostado muito na ajuda na área social e Góis neste momento tem uma cobertura muito boa. Falta cobrir duas freguesias, que já têm apoio domiciliário e Centro de Dia, mas gostava de ajudar a construir o Lar da Freguesia do Cadafaz, na Cabreira. A Cáritas Diocesana já apresentou o projecto, o povo colabora, a Câmara também, falta o Governo colaborar.
Na cultura temos um projecto para a Casa da Cultura da vila, porque a Associação Educativa e Recreattiva de Góis (AERG) não tem condições físicas para continuar. O meu sonho é a Casa da Cultura da AERG. Porém, a obra ronda os 2 milhões de euros e, se não tivermos ajuda, é completamente impossível avançarmos, já que o orçamento da Câmara é de 4 milhões de euros.
Continuamos a debruçar-nos no projecto de requalificação uebana da vila. Há muito para fazer, como dotá-la de passeios e pavimento. Gostaria de, até final do mandato, ter as candidaturas aprovadas. Queria também fazer a ligação pedonal entre a Praia da Peneda e a Praia do Pêgo-Escuro. Já adquirimos alguns terrenos, outros foram cadidos. Temos de valorizar toda essa zona ribeiriha. Depois queria também eleborar um Plano de Pormenor de Góis e Vila Nova do Ceira e lançar o concurso para o espaço museológico de Góis. Gostava igualmente de me debruçar sobre o Mercado Municipal, mas é uma obra impossível para os próximos dois anos. Já está em andamento a beneficiação do campo de futebol. Vamos lançar o concurso e penso que ficará adjudicado até Junho. Apresentámos o projecto ao Instituto de Desporto, que mereceu parecer favoráver. São cerca de 350 mil euros para arranjo do campo de futebol que ficará com relvado.
Vamos continuar com o programa de infra-estrutura florestal de prevenção a incêndios. Temos vários projectos aprovados e continuaremos a fazer candidaturas para protecção da floresta, que é um dos maiores bens do concelho de Góis.
JA - Há quantos anos é autarca?
JGV - Há 27 anos. Como vereador, vice-presidente da Câmara e agora os últimos dois mandatos como presidente. Está n altura de me reformar.
JA - Não pensa recandidatar-se?
JGV - Depende da minha saúde. Agora não faço grandes projectos para o futuro. Digo com toda a frontalidade, se me pedirem para fazer uma reunião daqui a um mês, ou para estar presente num almoço não me comprometo, só dias antes. Tenho muita força de vontade de viver, toda a gente tem, mas custa-me assumir um compromisso e não cumprir. Mas, em breve, irei anunciar se me sinto com forças ou não, para aceitar o desafio.
JA - Vinte e sete anos na política... é uma paixão?
JGV - É uma paixão mesmo. Ainda por cima por um concelho que não é o meu. Nasci em Formoselha, concelho de Montemor-o-Velho e vim para Góis no dia 2 de Janeiro de 1972. Adoptei Góis há 36 anos.
JA - É mais difícil ser autarca agora do que há 15 ou 20 anos atrás?
JGV - Penso que ser autarca sempre foi difícil. Num concelho como o de Góis, com fracos recursos financeiros, é muito difícil para gerir uma extensão de 272 km2. A Câmara Municipal é a entidade que mais emprega trabalhadores, somos à volta de 140, entre pessoal do quadro, tarefeiros e contratados. Ter dinheiro para investimentos, para rede viária, rede de águas ou lixo, e ainda fazer obra nova, é muito difícil. Mas dá gosto esta luta. É sempre uma vitória quando conseguimos que o Poder Central aprove mais um projecto. Dá prazer conseguirmos essas verbas para avnaçar. Não gosto de assumir um compromisso sem ter como pagar e contrair dividas.
Mas dá-me prazer ser autarca, sentir que conheço e gosto de todas as pessoas, apesar de não poder agradar a todas. Sinto-me muitas vezes magoado porque sei que as pessoas têm necessidades e ficam ansiosas para que se faça tudo, mas muitas vezes a Câmara não consegue atingir esses objectivos por falta de meios e isso dói. Por vezes culpam o presidente de Câmara, e apontam o dedo como se fosse culpado de tudo! Elas têm de compreender que também somo seres humanos e que erramos, mas tentamos sempre fazer o nosso máximo.
JA - Ao fim destas anos já pode afirmar que há obra feita?
JGV - Vejo muito trabalho feito. Há uma diferença em Góis de há uns anos para cá. Quando aqui cheguei, o rio não estava aproveitado. Quem é que cá vinha passar férias? Ninguém. Góis tinha as portas fechadas e hoje já não nos envergonha. Tenho ainda a esperança que o nosso Concelho possa ainda abrir mais as portas ao mundo e ao turismo, mas para isso temos de ter uma via estruturante que seja capaz de nos permitir desenvolver, a Estrada Nacional 342. Se o Governo fizer o que nos prometeu temos a certeza absoluta que vamos ficar com um corredor entre Coja-Arganil-Góis-Lousã até Condeixa, que nos vai permitir dar um passo em qualidade e desenvolvimento. Temos de agradecer o bocado de estrada que nos foi arranjado, mas continua tudo na mesma. Não é uma estrada de desenvolvimento, não dá para grande tráfego. É realmente necessário que daqui a 3,4 anos se consiga uma EN 342 como uma via rápida. Ficariamos com um concelho aberto, com condições para as pessoas nos visitarem.
Maria da Conceição Oliveira, Diana Duarte
in Jornal de Arganil, de 7/02/2008
Jornal de Arganil - Quais os projectos que a Câmara Municipal tem em curso?
José Girão Vitorino - Temos projectos na área dos pólos industriais, o de Cortes e Vila Nova do Ceira. O primeiro já está a funcionar, o outro está em fase de acabamento. Além disso, estamos a beneficiar novamente a rede viária do concelho. Foi um investimento muito elevado, de forma a que as pessoas mais isoladas tenham um bom acesso e consigam chegar mais rapidamente à sede de concelho.
JA - Instalaram-se novas empresas nesses pólos?
JGV - No pólo industrial de Cortes estão instaladas empresas do concelho, sendo que no total, albergam cerca de 12 postos de trabalho.
JA - Parece-lhe que o futuro pela via indústria é o mais promissor?
JGV - Não. Por exemplo, no pólo industrial de Cortes não temos procura de insdústrias ou de pessoas com a possibilidade de criar mais postos de tabalho. São oficinas e pequenas fábricas. Quanto ao pólo industrial de Vila Nova do Ceira não tenho grandes expectativas de criação de grandes empresas. Já tivemos uma empresa ligada a confecções. Tinha 24 postos de trabalho, maioritariamente para jovens. Na altura criou expectativas, os jovens que fixaram-se, casaram e de um momento para outro fechou. Foi uma decepção. No pólo industrial de Góis, têm aumentado o número de postos de trabalho muito rápido. O pólo industrial de Góis é um exemplo. Tem empresas que nos dão garantia de continuarem a crescer. O pólo industrial de Alagoa tem sido um quebra cabeça para nós, devido à aquisição de terrenos. Já temos uma fábrica de mármores a funcionar e estamos a tentar adquirir mais terrenos. Conseguimos adquirir um com cerca de 12 mil metros2, mas para instalar os estaleiros da Câmara Municipal. Temos projecto e cerca de 500 mil euros disponíveis para avançar com a obra.
Mas a grande indústria está a instalar-se próximo das grandes vias, junto a aeroportos e portos marítimos. Por isso, neste momento, contamos mais com as pequenas empresas.
JA - Considera importante apoiar os empreendedores oriundos do Concelho?
JGV - Muito importante. Fizemos essa aposta, porque sabemos do seu dinamismo. Há uma empresa com 30 postos de trabalho e outra dinamizada por jovens de Góis, na área dos alumínios, que tem, sensivelmente, esse número de trabalhadores e compraram parte de uma fábrica para montar uma serralharia. Têm produção garantida por dois anos.
JA - O Jornal de Arganil tem conhecimento da existência de terrenos que, apesar de estarem em PDM (Plano Director Municipal) para construção, a Estradas de Portugal impedia a sua aprovação. A situação mantem-se?
JGV - Há mais de 14 anos que o corredor da Estrada Nacional 342, na vila de Góis, estava a impedir o desenvolvimento e construção de moradias. A Estradas de Portugal impedia a construção porque é um corresor da variante da 342, Lousã-Góis-Arganil. Porém, se queremos uma via de desenvolvimento e estruturante para a nossa região, não a podemos desenvolver dentro da vila. O senhor Secretário de Estado, quando esteve em Góis, apresentou-nos o estudo prévio e o que queremos é que a EN342 se afaste um pouco da Vila, de modo que o traçado se situe entre Góis e Vila Nova do Ceira. Felizmente, a Provedoria da Justiça recomendou-nos seguirmos o PDM e a Câmara já deu o parecer positivo para a edificação de uma casa.
JA - O concelho tem apostado no Turismo. É uma vertente que considera importante?
JGV - Das melhores. Estamos muito vocacionados para turismo, porque felizmente temos o Rio Ceira e a Ribeira do Sinhel, que têm grandes potencialidades no Verão, para quem nos quer visitar e tomar banho de água corrente, pura e cristalina. Além disso, temos a concessão de pesca dentro da vila, de truta, muito concorrida. Estamos a tentar fazer criação dessa espécie para repovoamento, em parceria com a Universidade do Minho. Já foram encaminhados alguns exemplares para estudo de modo a criar aqui uma maternidade.
JA - A Câmara está muito atenta à qualidade da água?
JGV - Muito atenta. Os relatórios são de qualidade. Somos associados do CESAB (Centro de Serviços de Ambiente), que são muito rigorosos. Trabalhamos também com a Comissão de Coordenação da Região Centro e com a Delegação de Saúde. Portanto há três entidades a fazer análises à água do rio, dando-nos a garantia de fidelidade dos resultados. Temos tido sempre água de boa qualidade na vila de Góis. Apesar de garantirmos também boa qualidade em Vila Nova do Ceira, na Praia das Canaveias, estamos a lutar para que atinja o patamar de qualidade da água do rio da sede de concelho. Na Ribeira de Alvares, nomeadamente no curso das águas, porque havia necessidade do rio ficar livre no Inverno na época das cheias. Vamos jardinar o espaço, fazer um parque infantil, construir um passadiço e um bar de apoio. Alvares está muito afastado da sede de concelho, mas queremos que tanto ela como as nossas aldeias continuem vivas.
JA - O concelho ainda tem aldeias que conservasm as suas características. Foi um factor determinante para integrar o projecto Aldeias de Xisto?
JGV - A integração no projecto Aldeias de Xisto foi uma boa aposta, porque estávamos a verificar que as aldeias estavam a ficar desertificadas. O número de habitantes é muito reduzido, há aldeias com 4 e 5 habitantes. Com 70% de fundos comunitários a Câmara, ao abrigo de um programa que facilitou aos moradores o pagamento do restante, reparam-se coberturas, fachadas e caixilharia.
JA - Góis também aposta em "cartazes" fortes, como a Concentração Mototurística ou o GóisArte. Essas iniciativas são importantes?
JGV - Importantíssimas. É bom não só para Góis, mas também para os concelhos vizinhos. Todos ganham, são 3,4 dias óptimos para o comércio da nossa região. Desde já dou os parabéns à dinâmica da direcção do MotoClube de Góis. São voluntários, não recebem nada em troca. Graças a esses cartazes, o Concelho torna-se conhecido porque as pessoas voltam noutras alturas do ano.
JA - A desertificação é ponto assente nos concelhos do interior. Tem esprança que mude ou é um facto que se tem de se assumir?
JGV - Eu penso que todos nós temos de colaborar. Temos uma grande colónia de migração em Lisboa, mais de 1500, e eu penso que se tivessem um pouco de boa vontade podiam ajudar, porque são pessoas que estão bem instaladas na vida. Podiam olhar um pouco mais para a sua terra, porque considero que assim podíamos dar um passo positivo. Felizmente há jovens de Góis que querem investir aqui. Têm à disposição a Quinta do Baião, suspendi provisoriamente o Plano de Pormenor para adaptá-lo às necessidades. Estão a tentar arranjar investidores e espero que isso aconteça a curto prazo, porque são filhos da terra e estão cheios de boa vontade. Com a ajuda da Câmara e dinamismo dos jovens tenho a certza absoluta que vamos dar um passo em frente no concelho de Góis. É uma esperança.
JA - Relativamente aos que estão em Lisboa, como poderiam ajudar? Através das comissões de melhoramentos?
JGV - As comissões de melhoramentos limitam-se a fazer os seus almoços e o dinamismo já não é o mesmo como antigamente. Têm as suas casas de convívio, fazem a sua festa anual, mas depois a actividade acaba. Se quisessem manter as suas aldeias vivas, podiam tentar incentivar as pessoas a vir. As aldeias estão cada vez mais desertificadas. Grande parte das pessoas só aparecem no Verão. De resto, os pais estão nos lares, vêm cá de vez em quando para os ver, mas mais nada.
JA - Começa a haver um desapego ao concelho por parte da segunda geração?
JGV - Eu penso que sim. Enquanto Góis e Vila Nova do Ceira ainda se consegue investir, nas zonas mais longes da sede do concelho a situação agrava-se. O Cadafaz e o Colmeal preocupam-me muito, porque não vejo maneira de promover algo inovador para estas aldeias.
JA - Góis está a viver o fenómeno da instalação de estrangeiros nas aldeias.
JGV - Sim, temos aldeias quase 100% ocupadas por estrangeiros. Vêm, compram, reconstroem e instalam-se. Têm infra-estruturas e o que falta é colmatado pela Câmara Municipal. É uma nova vida para eles e para as crianças.
JA - Já se pode avaliar as consequências do fenómeno?
JGV - Veja-se o caso da Edith, de Vale de Asna, que comprou um rebanho e agora tem lá uma queijaria, que criou com a ajuda de apoios comunitários. É um sinal de que se as pessoas quiserem podem fazer algo em Góis e conseguem sobreviver.
JA - Adaptam-se bem?
JGV - Adaptam-se muito bem à nossa região e convivem com a população local. Quando há problemas juntam-se e tentam solucioná-los. Por exemplo, já houve incêndios em que se prontificaram logo a ajudar a comunidade. Integraram-se muito bem. Instalaram-se em lugarejos que estavam fechados e hoje têm vida. Os filhos estão na escola mas têm uma particularidade, não deixam os filhos ficar na residência de estudantes, querem que voltem para casa todos os dias.
JA - Está a meio do mandato, o que gostaria ver cumprido até ao final?
JGV - Tenho apostado muito na ajuda na área social e Góis neste momento tem uma cobertura muito boa. Falta cobrir duas freguesias, que já têm apoio domiciliário e Centro de Dia, mas gostava de ajudar a construir o Lar da Freguesia do Cadafaz, na Cabreira. A Cáritas Diocesana já apresentou o projecto, o povo colabora, a Câmara também, falta o Governo colaborar.
Na cultura temos um projecto para a Casa da Cultura da vila, porque a Associação Educativa e Recreattiva de Góis (AERG) não tem condições físicas para continuar. O meu sonho é a Casa da Cultura da AERG. Porém, a obra ronda os 2 milhões de euros e, se não tivermos ajuda, é completamente impossível avançarmos, já que o orçamento da Câmara é de 4 milhões de euros.
Continuamos a debruçar-nos no projecto de requalificação uebana da vila. Há muito para fazer, como dotá-la de passeios e pavimento. Gostaria de, até final do mandato, ter as candidaturas aprovadas. Queria também fazer a ligação pedonal entre a Praia da Peneda e a Praia do Pêgo-Escuro. Já adquirimos alguns terrenos, outros foram cadidos. Temos de valorizar toda essa zona ribeiriha. Depois queria também eleborar um Plano de Pormenor de Góis e Vila Nova do Ceira e lançar o concurso para o espaço museológico de Góis. Gostava igualmente de me debruçar sobre o Mercado Municipal, mas é uma obra impossível para os próximos dois anos. Já está em andamento a beneficiação do campo de futebol. Vamos lançar o concurso e penso que ficará adjudicado até Junho. Apresentámos o projecto ao Instituto de Desporto, que mereceu parecer favoráver. São cerca de 350 mil euros para arranjo do campo de futebol que ficará com relvado.
Vamos continuar com o programa de infra-estrutura florestal de prevenção a incêndios. Temos vários projectos aprovados e continuaremos a fazer candidaturas para protecção da floresta, que é um dos maiores bens do concelho de Góis.
JA - Há quantos anos é autarca?
JGV - Há 27 anos. Como vereador, vice-presidente da Câmara e agora os últimos dois mandatos como presidente. Está n altura de me reformar.
JA - Não pensa recandidatar-se?
JGV - Depende da minha saúde. Agora não faço grandes projectos para o futuro. Digo com toda a frontalidade, se me pedirem para fazer uma reunião daqui a um mês, ou para estar presente num almoço não me comprometo, só dias antes. Tenho muita força de vontade de viver, toda a gente tem, mas custa-me assumir um compromisso e não cumprir. Mas, em breve, irei anunciar se me sinto com forças ou não, para aceitar o desafio.
JA - Vinte e sete anos na política... é uma paixão?
JGV - É uma paixão mesmo. Ainda por cima por um concelho que não é o meu. Nasci em Formoselha, concelho de Montemor-o-Velho e vim para Góis no dia 2 de Janeiro de 1972. Adoptei Góis há 36 anos.
JA - É mais difícil ser autarca agora do que há 15 ou 20 anos atrás?
JGV - Penso que ser autarca sempre foi difícil. Num concelho como o de Góis, com fracos recursos financeiros, é muito difícil para gerir uma extensão de 272 km2. A Câmara Municipal é a entidade que mais emprega trabalhadores, somos à volta de 140, entre pessoal do quadro, tarefeiros e contratados. Ter dinheiro para investimentos, para rede viária, rede de águas ou lixo, e ainda fazer obra nova, é muito difícil. Mas dá gosto esta luta. É sempre uma vitória quando conseguimos que o Poder Central aprove mais um projecto. Dá prazer conseguirmos essas verbas para avnaçar. Não gosto de assumir um compromisso sem ter como pagar e contrair dividas.
Mas dá-me prazer ser autarca, sentir que conheço e gosto de todas as pessoas, apesar de não poder agradar a todas. Sinto-me muitas vezes magoado porque sei que as pessoas têm necessidades e ficam ansiosas para que se faça tudo, mas muitas vezes a Câmara não consegue atingir esses objectivos por falta de meios e isso dói. Por vezes culpam o presidente de Câmara, e apontam o dedo como se fosse culpado de tudo! Elas têm de compreender que também somo seres humanos e que erramos, mas tentamos sempre fazer o nosso máximo.
JA - Ao fim destas anos já pode afirmar que há obra feita?
JGV - Vejo muito trabalho feito. Há uma diferença em Góis de há uns anos para cá. Quando aqui cheguei, o rio não estava aproveitado. Quem é que cá vinha passar férias? Ninguém. Góis tinha as portas fechadas e hoje já não nos envergonha. Tenho ainda a esperança que o nosso Concelho possa ainda abrir mais as portas ao mundo e ao turismo, mas para isso temos de ter uma via estruturante que seja capaz de nos permitir desenvolver, a Estrada Nacional 342. Se o Governo fizer o que nos prometeu temos a certeza absoluta que vamos ficar com um corredor entre Coja-Arganil-Góis-Lousã até Condeixa, que nos vai permitir dar um passo em qualidade e desenvolvimento. Temos de agradecer o bocado de estrada que nos foi arranjado, mas continua tudo na mesma. Não é uma estrada de desenvolvimento, não dá para grande tráfego. É realmente necessário que daqui a 3,4 anos se consiga uma EN 342 como uma via rápida. Ficariamos com um concelho aberto, com condições para as pessoas nos visitarem.
Maria da Conceição Oliveira, Diana Duarte
in Jornal de Arganil, de 7/02/2008
Etiquetas: câmara municipal, josé girão vitorino
14 Comments:
Comentar?
Mas o quê?
Cada vez mais triste e desiludido.
Temos novidades. Então o homem ainda se quer recandidatar?!!!
Por favor tenha dó do concelho e vá-se embora enquanto pode. É que aturar incompetência e incapacidade anos a fio, mesmo em Góis, tem limites...
Cala-te Lurdes
Cala-te Abilio bibi. Trabalha.
lllllllllllllllllllooooooooooooooollllllllllllll
Gosto destas ramboiadas
A Lurdes que tanta inveja vos causa será a próxima Presidente de Câmra. Podem andar por onde andarem, mas que ela vai subir ao pode vai!
coitados de nós!
inveja de quê???de uma filha que esconde há tantos anos???lol...nem mãe merece ser...coitada
Ela nao esconde a Filha, tem medo é que lhe perguntem quem é o pai... Secalhar também nao sabe
Ela nao esconde a Filha, tem medo é que lhe perguntem quem é o pai... Secalhar também nao sabe
Bem me parecia que havia um trauma qualquer na vida desta mulher. Se isso é verdade diz muito sobre a sua verdadeira personalidade e caracter. E não é bom o que se depreende desta história...
Se é verdade que tem uma filha e a esconde, não quer dizer que não seja boa mãe, devemos primeiro saber se ela a esconde por motivos que salvaguardem a própria filha. Só sabe o que vai no convento quem lá está dentro... Imaginem que foi violada, pode ser um motivo justificativo para nunca se encarar um filho... Primeiro devemos saber os motivos, antes de cruxificar as pessoas e para além disso a vida privada de cada um não deveria interferir na política. Pessoas que comentam este tipo de coisas, não têm escrupulos.
Mais uma novidade. Violação?!!!
Realmente essa possibilidade até explica muita coisa. Mas, e a criança tem alguma culpa disso?...
ela nunca seria violada...uma pessoa só é violada se não cooperar...ela jamais o faria...uma mal f.....como ela...hehehe...ela sim, seria a violadora, e isso meu caro, não é motivo para esconder uma filha, não queiram atirar mais areia para os olhos...quem esconde uma filha de tudo e de todos...decididamente...não presta...e é esta dita senhora...assistente social...é este o país que temos...infelizmente
Enviar um comentário
<< Home