quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Aigra Nova já tem loja da Rede das Aldeias de Xisto

A aldeia de Aigra Nova, na freguesia e concelho de Góis, viveu ontem um dia diferente com a inauguração da quarta loja da Rede de Lojas das Aldeias de Xisto, um evento que decorreu
em simultâneo com a comemoração do Entrudo.

O início da celebração do Entrudo começou em Coentral, logo pela manhã, rumando em seguida a comitiva para Aigra Nova onde o Grupo Etnográfico da Região da Lousã animou o dia da aldeia, cuja povoação recriou o ambiente tradicional das aldeias serranas.
Assim, os muitos visitantes que ali acorreram puderam ver o pastor com as cabras, a mulher com o porco, a sardinheira, o homem a carregar o molho de mato, a pilar as castanhas, um apicultor a tratar das colmeias, a malhar o centeio, crianças na brincadeira na rua, raparigas na fonte a namorar e obviamente o Grupo Etnográfico da Região da Lousã a acompanhar para dar música ao ambiente.
O ponto alto do dia teve lugar aquando da cerimónia de inauguração da loja da Rede de Lojas das Aldeias do Xisto, um espaço onde se encontram «produtos genuínos de qualidade seleccionada». Do tradicional ao moderno, ali podem adquirir-se artigos feitos à mão por artesãos ou interpretações de processos e materiais tradicionais, «peças de verdadeiro design contemporâneo de inspiração rural».
A loja disponibiliza ainda alguns produtos tradicionais como o queijo, o vinho, ervas aromáticas, infusões ou doçaria regional. Os acessórios também não foram esquecidos, tendo este espaço à venda chapéus, écharpes, malas, sacos e carteiras, anéis, colares ou pregadeiras.
Uma vez que Aigra Nova é uma das 24 aldeias do xisto distribuídas por 14 municípios do Pinhal Interior, Girão Vitorino sublinhou que o projecto “Aldeias do Xisto” «foi, é, e continuará a ser, uma ideia original, simples e natural porque assentou nos pontos fortes que uma larga comunidade transconcelhia decidiu manter, a sua identidade, as suas raízes e a sua cultura».
Por isso, referiu o edil que desde a primeira hora abraçou este projecto, «se outrora as serras isolavam as aldeias, agora une-as, permitindo que todas se afirmem por aquilo que são, aldeias edificadas diferentemente umas das outras, mas recorrendo ao xisto».
Tendo em conta que como recordou o presidente da Câmara Municipal de Góis, «se começou a ver particulares a investir na recuperação das suas habitações, assim como outros a procurar e a adquirir uma casa de xisto na serra», este projecto, no seu entender, funcionou «como um verdadeiro reforço positivo na auto-estima das populações que ainda teimam em dar vida a esta zona serrana».
O edil lembrou ainda que o projecto “Aldeias do Xisto” conta com diversas parcerias, nomeadamente, com a Lousitanea, que promoveu diversas actividades nas aldeias, «contribuindo para dinamizar estes recantos», e a ADXTUR, que se afirmou como «verdadeira agência para o desenvolvimento do mundo rural», através da implementação da Rede das “Lojas da Aldeia”.
Girão Vitorino teve também uma palavra para os residentes ou «resistentes» das aldeias do xisto. «A vontade é uma pedra que é necessário erguer para construir e o amor que têm revelado ao longo da vossa vida à vossa terra é a argamassa que cimenta a vida, por isso, continuem a transmitir esta verdade e este carinho aos vindouros, tal como o têm sabido fazer até aqui».
Reforçando o que o autarca havia dito, o representante da CCDRC afirmou que este projecto das aldeias do xisto «veio fortalecer a auto-estima dos residentes que estas aldeias ainda acolhem e veio também tirar as dúvidas a muitas pessoas que colocavam em causa estas intervenções que hoje se rendem às evidencias».

Aldeias onde tudo é autêntico
Foi como visível alegria que Paulo Fernandes contou que ultimamente se assiste à chegada de pessoas que «aqui encontram as suas raízes e que depois se dedicam à recuperação deste património», em aldeias onde «tudo é autêntico», e que «marcam a diferença e conseguem afirmar-se pela sua distinção».
O presidente da ADXTUR espera que a loja «seja uma âncora para o desenvolvimento dos produtos locais e que bem trabalhados possam constituir um produto atractivo para os visitantes».
Por seu turno, Paulo Silva afirmou que «estamos aqui porque achamos que existem valores genuínos, num sítio onde encontramos pessoas verdadeiras, autênticas», considerando o dia que se estava a viver «um momento importante», porque, segundo o presidente da Lousitanea, «existe um grupo animado a fazer a recriação do Entrudo tradicional».
Coube a este dirigente apresentar o projecto “Tradições do Xisto”, que representa na sua opinião «o que queremos revitalizar», uma vez que «queremos dar nova vida a estas aldeias» e, para o efeito, uma das medidas passa pela implementação do “Museu das Aldeias do Xisto de Góis”, projecto para o qual contam com o apoio da autarquia Goiense.
Isabel Duarte
in Diário de Coimbra, de 6/01/2008

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