domingo, 9 de setembro de 2007

Remédios Sociais

Antes dos medicamentos, da medicina e da farmácia existe um amplo leque de soluções a que as sociedades poderão recorrer e que são facilitadoras da sanidade de vida das populações. Também neste aspecto os concelhos de interior fazem um esforço quantas vezes sobrehumano em criatividade e recursos para fixarem populações e que estas vivam em bem estar social. Para isso é preciso trabalho gerador de dinheiro e influenciador de fluxos económicos já que a Indústria gera um melhor Comércio, este por sua vez uma melhor Agricultura e todos eles geram melhores Serviços. Também nos concelhos de interior como Góis estas atitudes são cada vez mais difíceis, mas, felizmente vamos encontrando alguns exemplos. No jornal "O Goiense", Boletim da Família Paroquial de Góis, em Março de 1973 (Ano IX n.º 87) podia-se ler na página 3, sob o título "Irmãos Bandeiras - Indústria Progressiva na vila de Góis" que com a devida vénia transcrevo: "Entre as várias industrias existentes na vila de Góis e que a seu tempo daremos notícia, há uma que nos merece neste momento especial relevo: a metalúrgica dos Irmãos Bandeiras. Foi em 1962 que se começou a construir uma espécie de barracão. Em princípios de 1963 os dois sócios Augusto e Eugénio Bandeira como sociedade irregular começaram o seu trabalho. Um ano mais tarde entra o primeiro operário com 14 anos. Actualmente além dos patrões são 9 operários em serviço e dois a cumprir o serviço militar. Durante a existência do tal barracão não existia sequer escritório. Em 1967 foi dado o segundo arranque sinal de progresso, união e ordem existente naquela empresa. Novo edifício surgiu com cobertura metálica e novo frontespício. Foram adquiridas várias e importantes máquinas modernas que proporcionaram uma produção em melhores condições. Em Novembro de 1968 foi constituída a sociedade por quotas limitadas. Últimamente, graças a Deus, a produção tem sido boa e porque meteram mais aprendizes o espaço devido e necessário é pouco. Por isso tencionam dar o terceiro arranque. O projecto já foi entregue ao Sr. Presidente da Câmara de Góis que lhes prometeu dar a melhor colaboração. Certamente mais homens ali terão também o seu ganha-pão!-Estes dois homens, símbolo do trabalho e do querer reflectem em si a força da gente goiense! Souberam, além de mais criar ali dentro um clima de fraternidade entre eles e todos os seus colaboradores, o ambiente é totalmente familiar! Quase não se nota a diferença entre patrões e empregados, pois todos se ajudam uns aos outros, todos procuram cumprir da melhor maneira com o seu dever."
Se fosse hoje olhávamos para esta história como de sucesso, chamar-lhe-íamos "cluster" de desenvolvimento económico já só esta empresa empregava mais pessoas do que alguns Pólos Industriais de hoje. Todos quantos trabalharam e aprenderam nesta empresa saíram para formarem novas empresas e novos pólos de desenvolvimento no concelho de Góis e noutros concelhos levando bem longe o nome da empresa "Irmãos Bandeira" como escola de formação na área da metalurgia. Aos fundadores (Augusto e Eugénio Bandeira) temos de estar sempre gratos pelo exemplo social que deixaram. Aos continuadores (Ana Maria Barata e Cassiano Baeta) a nossa homenagem pela coragem de continuarem em frente num mundo económico cada vez mais adverso. A 5 anos do cinquentenário da empresa "Irmãos Bandeiras" aqui fica o exemplo que perpetua o sucesso e a minha homenagem a quem faz da sua vida um empenho de trabalho e de resultados sociais. Estes são os remédios sociais que empurram um concelho e um País para a frente.-Sejam muito felizes, com saúde.
Fernando J. Bandeira da Cunha
in Jornal de Arganil, de 9/08/2007

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