Tudo sobre rodas

"Góis tá-se bem!" é o lema da 14.ª Concentração Mototurística, que enche por estes dias as ruas pacatas da vila de Góis. A população tem assim o seu próprio festival de Verão.
Motas para todos os gostos e feitios.Capacetes ornamentados com os tradicionais chifres, mas também um casal de papagaios, impávidos e serenos no alto da cabeça de um motard, ou um cão a conduzir uma moto, já não surpreendem porque "esta festa é mesmo de loucos". Vivem-se por estes dias momentos de emoção e de festa em Goís. A concentração motard, no Parque do Cerejal já não deixa a população indiferente. As ruas estão mais movimentadas, e no ar já se ouvem vários sotaques e línguas. A décima quarta edição da concentração mototurística veio dia 16 e vai ficar até amanhã. A animação está assim garantida pelos milhares de motadards e visitantes.
Um dos momentos simbólicos do evento é o desfile de despedida do evento, que amanhã vai encher as ruas da vila e da região. a concentração mototurística é também benéfica para o turismo. " Vivem-se dias agradáveis, e no final do evento, aproveitam sempre para regressar", diz o organizador da concentração, Jaime Garcia.

Sol trás expectativas

w A organização do evento é levada a cabo pelo Moto Clube de Góis, que espera que a afluência total de visitantes atinja os 20 mil. "Este ano não temos chuva, o sol vai ajudar a festa", refere o organizador da concentração, Jaime Garcia. As inscrições estão assim limitadas a 10 mil motards e por 35 euros, os motards participantes têm direito a uma série de brindes. Desde a tradicional t-shirt oficial, o pin, uma bebida á chegada sem esquecer as refeições, desde o jantar de hoje ao de amanhã, "tudo foi pensado ao promenor", explica Jaime Garcia. Mas apenas para os curiosos ou para os "menos entusiastas", o preço diário custa 10 euros, um "preço módico" se forem considerados os nomes das bandas presentes, conclui o organizador do evento.
A diferença atrai a curiosidade. Para além das grande motos, sempre apreciadas, as novidades causam sempre alguma surpresa. Entre elas, o carrinho de supermercado engenhosamente transformado em motocicleta, o atrelado parecido com uma mota ou a espreguiçadeira motorizada, com guarda-sol e tudo.Adereços para todos os gostos e feitios.
Vêem-se famílias inteiras numa moto, com os pais a passarem o 'bichinho' aos mais pequenos, certeza de que esta tradição vai ter continuação.

A diferença atrai curiosidade

Difícil é conseguir escolher entre os sofisticadas 'motões', com ar condicionado e música estéreo, e as pequenas vespas, sem esquecer as bicicletas com motor e até mesmo trotinetas. Mas, nem só os homens marcam a concentração. Muitas são as mulheres que também aderiram ao evento. Diferentes sexos e idades e uma mistura de nacionalidades, é "um dos pontos altos da concentração" refere com orgulho Jaime Garcia.
As noites são longas e recheadas de "música, copos e muita diversão", como diz ao DIÁRIO AS BEIRAS, João Gaspar. O motard que vem de Guimarães, já é presença habitual na concentração de Góis. Mas João Gaspar não veio sozinho. Ele e três amigos chegaram à vila ontem por volta das 17H00 e esperam um sábado de "arromba". "Afinal, é esse o objectivo da nossa vinda a Góis", sustenta. O motard de Guimarães promete ainda que voltará em 2008.
Mas, a concentração de Góis, compreende também a realização de diferentes actividades. Seja a nona edição Bike Show, uma exposição, o concurso de motas personalizadas, ou a "Feira do Motociclista", "com certeza que o motard vai ter muito por onde escolher", menciona o organizador, Jaime Garcia. No local, é possível encontrar de tudo para a actividade motard. Lenços, fios, material, roupa característica, bandeiras, sem esquecer as mais recentes novidades do sector motociclístico. "Isto é uma autêntica festa para os amantes dos desportos motorizados", diz outro motard, que não deixa ninguém indiferente. O recinto está cheio de tendas de campismo e motas estacionadas. Um grupo de 10 amigos, entre homens, mulheres e duas crianças, de Alcochete, é alegria constante. O alarido é muito, porque "a malta vem para aqui divertir-se. Quem quiser dormir, vá para casa", afirma um dos elementos femininos. Os dias da concentração são bem diversificados, segundo contam. Dividem-se entre passeios de moto pela região, praia fluvial e "grandes almoçaradas". A noite é sagrada. Ninguém sai do recinto. "Assiste-se aos concertos, curte-se a música, bebe-se uns copos e reencontra-se velhos amigos motociclistas".Mas a oferta não fica por aqui. Para quem gosta de desportos radicais existe ainda espaço no local para uma zona, com divertimentos com nomes tão sugestivos como, "Laser Tag", "Sky Bike", "Orbit Ball", "Human Lop", para além das mais convencionais como parede de escalada, slide e rappel.

E a oferta continua

Mas o apetite aperta sempre nestas alturas. As tasquinhas, os restaurantes e o já tradicional pão-com-chouriço, são uma constante da concentração. Mas há sempre quem prefira trazer a comida de casa. Mário vem de Alpiarça, concelho de Santarém, mas não vem sozinho. A sua passagem não deixa ninguém indiferente, com ele vem um presunto e algumas cervejas. " Assim a coisa fica mais barata", explica com um sorriso nos lábios.
A Centralcer é o principal patrocinador da Concentração Mototurística de Góis. Apoiando a organização desde a sua primeira edição, dá nome ao palco principal, através da campanha "zero% álcool", que já acontece há alguns anos. Engane-se quem pensa que organizar um evento destas dimensões é tarefa fácil. Jaime Garcia explica ao DIÁRIO AS BEIRAS que a concentração vive muito do trabalho voluntário. "Todos temos o nosso emprego", menciona. A população já se habituou ao barulho constante das motas que se ouve nesta altura do ano.
A crise ainda não se fez sentir no recinto da festa motard. O comércio dos produtos típicos "está este ano ainda mais forte", refere Bruna, uma das vendedoras no local. Entre os oito e os 25 euros é possível escolher entre uma t-shirt, bordados, aventais e toucas. Diversidade não falta.
Admitindo que o Mototurismo de Góis ganha, a cada edição, novos adeptos, Jaime Garcia salvaguardou que ,"o objectivo não é competir com outras concentrações do país , algumas até com mais recursos", mas antes oferecer uma nova dinâmica e organização, que privilegia, essencialmente, o convívio e entrosamento dos motards com a população local. "O roncar das motos" vai deixar saudades.
in Diário as Beiras, de 18/08/2007