Jovens defenderam em Assembleia Municipal "Igualdade na Diversidade - Por uma Sociedade Justa"
«Os mais pequeninos não são os mais pequenos», ouvimos dizer a alguém, responsável, durante os trabalhos da Assembleia Municipal extraordinária, realizada na passada quarta-feira, na Biblioteca Municipal desta vila, destinada aos jovens e para debater a «Igualdade na Diversidade - Por uma Sociedade Justa».
E de facto, os mais pequeninos demonstraram que não são os mais pequenos, pela sua maturidade, pelo sentido de oportunidade, até pela responsabilidade com que foram capazes de conduzir os trabalhos da Assembleia e trazer ali temas tão actuais como o racismo, a igualdade, o alcoolismo e o direito à diferença.
E os jovens alunos dos 7.º e 8.º B da Escola Básica 2,3 de Góis marcaram a diferença pela positiva, não só porque souberam desempenhar bem o seu papel na «condução» dos trabalhos da Assembleia no papel de «deputados» municipais, mas também e como foi referido pelo titular daquele órgão autárquico, José António Pereira de Carvalho, e pelo Governador Civil de Coimbra, Henrique Fernandes (que esteve no início dos trabalhos), porque são eles, nos mais variados sectores, os decisores de amanhã, são aqueles a quem caberá decidir o futuro do seu concelho e do país.
Por isso e no âmbito do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, foi uma brilhante ideia a realização desta Assembleia Municipal extraordinária, aberta à comunidade e destinada aos jovens, competindo-lhes a eles apresentar, discutir e votar os trabalhos, que tinham como ponto único a «Igualdade na Diversidade - Por uma Sociedade Justa».
Foi depois de, formalmente, José António Pereira de Carvalho, ter aberto os trabalhos. Feita a chamada, as palavras, com o presidente a fazer uma intervenção de fundo sobre o tema que ia estar em discussão, enquanto o Governador Civil de Coimbra, depois de exaltar os valores da democracia, manifestou a sua alegria pela iniciativa, esperando que da Assembleia saísse um bom trabalho e boas propostas e de cujas conclusões ficava à espera, porque afinal «ninguém pode ser descriminado, somo todos iguais em direitos e deveres».
«Uma sociedade que se preocupa consigo própria, é uma sociedade aberta a todos»
Por isso e como salientou a presidente da Câmara Municipal em exercício, Helena Moniz, «uma sociedade que se preocupa consigo própria, é uma sociedade aberta a todos, de forma a que cada indivíduo se possa rever e projectar».
«Nesse sentido, - continuou - encontramo-nos hoje reunidos para abordar um tema tão importante como é o da igualdade de oportunidades para todos, contribuindo assim para a organização de uma sociedade mais justa». E por essa razão a realização daquela Assembleia, «específica e exclusiva com alunos de modo a poder junto deles passar a mensagem positiva de uma sociedade plural, igualitária em oportunidades e construtora de uma identidade colectiva, onde todos somos importantes», salientou.
E depois de se referir à realidade que são os problemas que iriam estar em debate e que são comuns a todos os concelhos, a autarca salientou o facto não só de envolver nels os jovens, mas também para «sensibilizar os corações mais duros e as mentes mais incrédulas que nunca ouvem ou vêem a realidade que os envolve». E terminou por acentuar que os «valores cívicos são o sustentáculo de uma comunidade que se quer viva», enquanto «os valores morais dignificam quem age e faz de forma diferente. Assim, aproveitamos esta oportunidade para dialogar francamente e de forma construtiva por nós e, sobretudo, pelas gerações vindouras».
A lição dos «políticos» de palmo e meio
Foi o que aconteceu. Dada a condução dos trabalhos aos jovens, «abriu» a sessão o «presidente», André Paiva, do 8.º A, que foi «secretariado» pelo Abel Santos, do memso ano e pela Regina José, do 7.º A. O «executivo» municipal estava representado pelos «vereadores» Rita Nunes, Tiago Jesus e Andreia Castro, todos do 8.º A.
«Carríssimos colegas de mesa», começou por dizer o «presidente», que a todos saudou para depois dar a palavra à «deputada» Andreia, que veio falar de alcoolismo e dos seus problemas, dizendo mesmo que «somos um país de bêbados» - uma frase forte, mas esclarecedora - enquanto o «deputado» Fábio se referiu ao consumo de alcool no concelho, «um problema a considerar», cabendo ao «deputado» Daniel falar sobre as preferências do consumo entre os homens e as mulheres, referindo ainda que «é considerável o número de pessoas que no concelho bebem bedidas alcoólicas em excesso».
As «deputadas» Diana e Márcia, depois de referirem que o consumo de bebidas alcoólicas começa na adolescência, chamaram depois a atenção para as consequências do alcoolismo, considerando as «deputadas» Ana Lopes e Ana Maria que sendo «uma doença que afecta a família no seu conjunto» e que «milhares de crianças convivem com familiares alcoólicos», sendo por isso importante o papel dos cidadãos para minimizar o problema, como disse a «deputada» Mariana.
E depois destas intervenções foi colocada a «proposta» da criação de um gabinete para ajudar os alcoólicos e suas famílias, bem como a necessidade de disponibilizar uma psicóloga para ao efeito». E posta à «votação», foi «aprovada» por unanimidade e aclamação.
O racismo e a aceitação dos estrangeiros foi, dentro do âmbito da ordem de trabalhos, o assunto trazido à votação pela «deputada» Daniela, confrontada com a «discordância» do «deputado» Artur, ao dizer que o seu «partido» era «favorável à limitação da vinda de estrangeiros».
«Os estrangeiros são uma mais valia para o concelho»
Contrapôs a «deputada» Sofia, ao dizer que o seu «partido» achava «que os estrangeiros são uma mais valia para o concelho», até pela sua influência na aprendizagem de línguas, sobretudo o inglês, mas teriam de pagar impostos e obedecer às leis portuguesas.
A maioria estava de acordo.
O direito à diferença foi trazido pela «deputada» Carla, que disse haver na escola jovens de diferentes cores e raça e com quem gostava de conviver e a «reunião» estava a chegar ao fim, agora com o representante da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, João Pereira, a felicitar «pela iniciativa e pela participação efectiva dos jovens nestes problemas», salientando mesmo que Góis é um exemplo. «Seria bom que na maior parte do país assim fosse».Incentivou os jovens a «continuar o vosso trabalho», porque «vocês são os futuros decisores do nosso país», sendo por isso necessário continuar também «esta lógica de participação e cidadania».
Em representação das bancadas do Partidos Socialista e Partido Social Democrata, também os deputados, efectivos, na Assembleia Municipal, Henrique Mendes e Alexandre Vieira, respectivamente, manifestaram a sua satisfação pelo que ali se passou, «foi muito agradável e interessante», «foi enriquecedor para todos», usando ainda da palavra o deputado Vítor Manuel Nogueira Dias, que disse aos jovens para fazerem sempre «valer as suas ideias».
Mas também os representantes da comunidade estrangeira, que participaram, interessados, na Assembleia, deixaram bem claro que nunca se sentiram discriminados no concelho, mesmo apesar de noutros pontos do país haver focos de descriminação.
O presidente da Assembleia Municipal de Góis agardeceu o empenho dos professores nesta inicitiva, convidou a comunidade estrangeira residente no concelho para uma reunião restrita e pediu para lhe vir a ser entregues as conclusões do que ali se passou «para ser publicado», e antes de terminar a reunião, uma aluna propôs que venham a ser colocados acessos a pessoas deficientes nos espaços públicos, respondendo Helena Moniz «que a Câmara vai ter acessibilidade para todos».
Uma das professoras envolvidas nesta iniciativa, Fátima Martins, disse, orgulhosa, que os meninos e jovens de Góis dão exemplo naquilo que «é aceitar o outro».
J. M. Castanheira
in A Comarca de Arganil, de 26/06/2007
E de facto, os mais pequeninos demonstraram que não são os mais pequenos, pela sua maturidade, pelo sentido de oportunidade, até pela responsabilidade com que foram capazes de conduzir os trabalhos da Assembleia e trazer ali temas tão actuais como o racismo, a igualdade, o alcoolismo e o direito à diferença.
E os jovens alunos dos 7.º e 8.º B da Escola Básica 2,3 de Góis marcaram a diferença pela positiva, não só porque souberam desempenhar bem o seu papel na «condução» dos trabalhos da Assembleia no papel de «deputados» municipais, mas também e como foi referido pelo titular daquele órgão autárquico, José António Pereira de Carvalho, e pelo Governador Civil de Coimbra, Henrique Fernandes (que esteve no início dos trabalhos), porque são eles, nos mais variados sectores, os decisores de amanhã, são aqueles a quem caberá decidir o futuro do seu concelho e do país.
Por isso e no âmbito do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, foi uma brilhante ideia a realização desta Assembleia Municipal extraordinária, aberta à comunidade e destinada aos jovens, competindo-lhes a eles apresentar, discutir e votar os trabalhos, que tinham como ponto único a «Igualdade na Diversidade - Por uma Sociedade Justa».
Foi depois de, formalmente, José António Pereira de Carvalho, ter aberto os trabalhos. Feita a chamada, as palavras, com o presidente a fazer uma intervenção de fundo sobre o tema que ia estar em discussão, enquanto o Governador Civil de Coimbra, depois de exaltar os valores da democracia, manifestou a sua alegria pela iniciativa, esperando que da Assembleia saísse um bom trabalho e boas propostas e de cujas conclusões ficava à espera, porque afinal «ninguém pode ser descriminado, somo todos iguais em direitos e deveres».
«Uma sociedade que se preocupa consigo própria, é uma sociedade aberta a todos»
Por isso e como salientou a presidente da Câmara Municipal em exercício, Helena Moniz, «uma sociedade que se preocupa consigo própria, é uma sociedade aberta a todos, de forma a que cada indivíduo se possa rever e projectar».
«Nesse sentido, - continuou - encontramo-nos hoje reunidos para abordar um tema tão importante como é o da igualdade de oportunidades para todos, contribuindo assim para a organização de uma sociedade mais justa». E por essa razão a realização daquela Assembleia, «específica e exclusiva com alunos de modo a poder junto deles passar a mensagem positiva de uma sociedade plural, igualitária em oportunidades e construtora de uma identidade colectiva, onde todos somos importantes», salientou.
E depois de se referir à realidade que são os problemas que iriam estar em debate e que são comuns a todos os concelhos, a autarca salientou o facto não só de envolver nels os jovens, mas também para «sensibilizar os corações mais duros e as mentes mais incrédulas que nunca ouvem ou vêem a realidade que os envolve». E terminou por acentuar que os «valores cívicos são o sustentáculo de uma comunidade que se quer viva», enquanto «os valores morais dignificam quem age e faz de forma diferente. Assim, aproveitamos esta oportunidade para dialogar francamente e de forma construtiva por nós e, sobretudo, pelas gerações vindouras».
A lição dos «políticos» de palmo e meio
Foi o que aconteceu. Dada a condução dos trabalhos aos jovens, «abriu» a sessão o «presidente», André Paiva, do 8.º A, que foi «secretariado» pelo Abel Santos, do memso ano e pela Regina José, do 7.º A. O «executivo» municipal estava representado pelos «vereadores» Rita Nunes, Tiago Jesus e Andreia Castro, todos do 8.º A.
«Carríssimos colegas de mesa», começou por dizer o «presidente», que a todos saudou para depois dar a palavra à «deputada» Andreia, que veio falar de alcoolismo e dos seus problemas, dizendo mesmo que «somos um país de bêbados» - uma frase forte, mas esclarecedora - enquanto o «deputado» Fábio se referiu ao consumo de alcool no concelho, «um problema a considerar», cabendo ao «deputado» Daniel falar sobre as preferências do consumo entre os homens e as mulheres, referindo ainda que «é considerável o número de pessoas que no concelho bebem bedidas alcoólicas em excesso».
As «deputadas» Diana e Márcia, depois de referirem que o consumo de bebidas alcoólicas começa na adolescência, chamaram depois a atenção para as consequências do alcoolismo, considerando as «deputadas» Ana Lopes e Ana Maria que sendo «uma doença que afecta a família no seu conjunto» e que «milhares de crianças convivem com familiares alcoólicos», sendo por isso importante o papel dos cidadãos para minimizar o problema, como disse a «deputada» Mariana.
E depois destas intervenções foi colocada a «proposta» da criação de um gabinete para ajudar os alcoólicos e suas famílias, bem como a necessidade de disponibilizar uma psicóloga para ao efeito». E posta à «votação», foi «aprovada» por unanimidade e aclamação.
O racismo e a aceitação dos estrangeiros foi, dentro do âmbito da ordem de trabalhos, o assunto trazido à votação pela «deputada» Daniela, confrontada com a «discordância» do «deputado» Artur, ao dizer que o seu «partido» era «favorável à limitação da vinda de estrangeiros».
«Os estrangeiros são uma mais valia para o concelho»
Contrapôs a «deputada» Sofia, ao dizer que o seu «partido» achava «que os estrangeiros são uma mais valia para o concelho», até pela sua influência na aprendizagem de línguas, sobretudo o inglês, mas teriam de pagar impostos e obedecer às leis portuguesas.
A maioria estava de acordo.
O direito à diferença foi trazido pela «deputada» Carla, que disse haver na escola jovens de diferentes cores e raça e com quem gostava de conviver e a «reunião» estava a chegar ao fim, agora com o representante da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, João Pereira, a felicitar «pela iniciativa e pela participação efectiva dos jovens nestes problemas», salientando mesmo que Góis é um exemplo. «Seria bom que na maior parte do país assim fosse».Incentivou os jovens a «continuar o vosso trabalho», porque «vocês são os futuros decisores do nosso país», sendo por isso necessário continuar também «esta lógica de participação e cidadania».
Em representação das bancadas do Partidos Socialista e Partido Social Democrata, também os deputados, efectivos, na Assembleia Municipal, Henrique Mendes e Alexandre Vieira, respectivamente, manifestaram a sua satisfação pelo que ali se passou, «foi muito agradável e interessante», «foi enriquecedor para todos», usando ainda da palavra o deputado Vítor Manuel Nogueira Dias, que disse aos jovens para fazerem sempre «valer as suas ideias».
Mas também os representantes da comunidade estrangeira, que participaram, interessados, na Assembleia, deixaram bem claro que nunca se sentiram discriminados no concelho, mesmo apesar de noutros pontos do país haver focos de descriminação.
O presidente da Assembleia Municipal de Góis agardeceu o empenho dos professores nesta inicitiva, convidou a comunidade estrangeira residente no concelho para uma reunião restrita e pediu para lhe vir a ser entregues as conclusões do que ali se passou «para ser publicado», e antes de terminar a reunião, uma aluna propôs que venham a ser colocados acessos a pessoas deficientes nos espaços públicos, respondendo Helena Moniz «que a Câmara vai ter acessibilidade para todos».
Uma das professoras envolvidas nesta iniciativa, Fátima Martins, disse, orgulhosa, que os meninos e jovens de Góis dão exemplo naquilo que «é aceitar o outro».
J. M. Castanheira
in A Comarca de Arganil, de 26/06/2007
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