quarta-feira, 13 de junho de 2007

As mulheres de Chã de Alvares

Nos primórdios do regionalismo a mulher nunca esteve presente nas várias fases da vida associativa regional. Eram os homens que tudo palneavam, organizavam e dirigiam. As mulheres só estavam presentes quando se organizavam umas festas nas Casas Regionais onde se tocava e dançava à moda da nossa terra, ou quando se começaram a fazer os piqueniques. Aí sim, a mulher aparece e colaborava nos vários eventos que se faziam, e até ofereciam bolos caseiros para leiloar e várias coisas para o bar. Nos almoços ou jantares que se organizavam é que a mulher não aparecia, eram só homens.
Até que um dia a nossa cara-metade disse que queria ir ao almoço que a nossa Liga fazia na Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra. Nós, de bom grado, dissemos que sim, que podia ir. Logo surgiu um contratempo: não queria ir sozinha, gostaria que fosse uma senhora a acompanhar. Logo resolvi o problema, indo convidar uma amiga. Chegado o dia lá fomos os três para o almoço. Surpresa das surpresas! Todos os homens ficaram admirados por terem duas senhoras à mesa. Mas houve um milagre!
No fim do almoço todos os presentes se renderam à evidência do facto. Houve discursos, muitos aplausos e os nossos amigos Barata Hipólito, António Francisco e António Rito (falecido) e outros, logo prometeram de que, no próximo almoço, levariam as suas mulheres e filhos, o que de facto aconteceu.
A mulher de Chã de Alvares desde esse dia aparece em qualquer manifestação, faz parte dos órgãos sociais da nossa Liga, serve almoços ou jantares e organiza outras actividades.
As mulheres de Chã de Alvares merecem o nosso respeito e a nossa admiração.
António Dias
in Jornal de Arganil, de 7/06/2007

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