quinta-feira, 12 de abril de 2007

Câmara "vende" quinta duas vezes sem concurso

A Câmara de Góis decidiu, pela segunda vez e novamente sem concurso público, alienar parte da Quinta do Baião a favor da Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra (Adiber), por 250 mil euros. A venda da propriedade à associação dirigida pelo socialista José Cabeças, ex-presidente da autarquia, foi aprovada, anteontem, com votos favoráveis da maioria do PS e a abstenção do PSD.

"O conhecimento de outros potenciais interessados na quinta demonstra que não foram levados em consideração princípios gerais, designadamente no que respeita à concorrência, transparência, igualdade e imparcialidade", protesta a vereadora Graça Aleixo, independente eleita em nome do PSD, que diz não ter votado contra por respeito para com anteriores decisões da Câmara, agora presidida por Girão Vitorino (PS), que o JN não logrou ouvir.

A primeira deliberação sobre a venda da quinta foi tomada em 1999, era Cabeças presidente da autarquia e da Adiber. E esta associação recebeu mesmo 234 mil euros do programa comunitário Leader II para concretizar o negócio - o que nunca aconteceu.

Adiber negociará a quinta

Nos últimos meses, surgiram duas empresas interessadas na Quinta do Baião (Eniol e FTP) e a Adiber voltou a manifestar-se interessada na propriedade, para ali criar uma unidade de turismo rural, um centro hípico, uma queijaria, uma salsicharia, um museu do mel e uma loja de artesanato.

O interesse da Eniol na quinta foi comunicado à Câmara de Góis pelo seu assessor jurídico, Pedro Pereira Alves, que também trabalha para a empresa. Já a FTP mostrou-se disposta a negociar, por intermédio do advogado e militante do PSD Abílio Cardoso.

Satisfeito com a última decisão da Câmara, por considerar que a história do processo dispensava o concurso público, Cabeças não afasta a possibilidade de vir a negociar o futuro investimento na quinta com a Eniol. "Como tínhamos tido uma conversa, vamos conversar novamente", admite, dizendo-se disposto a fazer uma parceria com a empresa, mas não a revender a quinta.

O facto de a Adiber ter recebido 234 mil euros do programa comunitário Leader II para um projecto que nunca concretizou - como denunciou o JN, a 15 de Março - levou a Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural a abrir um processo de averiguações. Dirigida por Carlos de Carvalho e responsável pelas várias gerações de programas Leader, esta entidade vai agora pedir contas à Adiber e poderá obrigá-la a devolver a verba recebida do Leader II, que vigorou entre 1994 e 1999. Mas o presidente da Associação, José Cabeças, diz pretender regularizar a situação, consumando a compra da Quinta do Baião. Para concretizar o projecto destinado à quinta, espera beneficiar do quadro comunitário de apoio que entrou em vigor este ano.
in Jornal de Notícias, de 12/04/2007

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6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ver se percebo: a ADIBER recebeu fundos comunitários para um projecto, mas não tem dinheiro para o concretizar na sua totalidade (gastou-o todo(?) na compra da quinta). Agora espera receber mais fundos comunitários para fazer o resto do que tinha projectado e, como se não chegasse, quer receber também dinheiro do investidor privado através duma "parceria". Vamos ver quantos anos ficará o dinheiro dos novos fundos comunitários(caso seja atribuído) "guardado", como ficou o outro atribuído há 8 anos. E, com o andar da carruagem, ainda veremos a ADIBER a alugar ou mesmo revender a Quinta à Eniol. Sempre a facturar!!

12 abril, 2007 09:06  
Anonymous Anónimo said...

Algo parece estar mal explicado, senão vejamos: A CM aprovou a venda, a ADIBER sujeitou o projecto a financiamento, que viu aprovado e recebeu o dinheiro. Será que poderia fazer a obra sem que a venda fosse realizada? Cabe então perguntar: porque não foi a venda feita? foi porque a ADIBER não quiz assinar a escritura? foi porque a Câmara não tinha condições legais para assinar a mesma? A resposta a estas perguntas parece-me ser de capital importância para fazer "julgamentos" justos.
É que algo está mal explicado e, mais uma vez, vai ser o Concelho de Góis a pagar (ou pelo menos a ficar sem o financiamento a que tinha direito). E porquê? Tricas e mais tricas e o Zé, o António, etc., que se lixe ...

12 abril, 2007 14:19  
Anonymous Anónimo said...

Força Dr. Cabeças, se o interesse do Concelho passar pelo estabelecimento da parceria falada não vejo qualquer mal em assinar a mesma. Disse parceria e não venda, com a qual nada concordo.
Já alguém dizia que "aceitava críticas de quem fizesse melhor mas não de quem sabia muito". E obras, mesmo obras, é coisa que vejo muito pouco.

12 abril, 2007 14:29  
Anonymous Anónimo said...

Góis é o espelho de Portugal nos últimos 20 anos: incompetência, corrupção, péssima gestão dos recursos humanos, vigarices atrás de vigarices, laxismo, oportunismo, etc etc etc.

12 abril, 2007 22:18  
Anonymous Anónimo said...

Eu não sou de Góis, mas tenho acompanhado a vida de Góis. Agora que coisas muito estranhas (ou se calhar muito parecidas com o que no resto de portugal - portugal minúsculo) se passam... é verdade.
A Câmara tem de explicar o porquê da venda. E a Adiber deve explicar rapidamente o porquê da compra. Se isso não acontecer vamos ficar a conhecer a alma goiense... Ou Góis assiste pacificamente e continua só a mostrar-se através de blogues e por figuras sem credibilidade ou vamos ter um Góis, alicerçada na sua história,a correr com estes individuos que tão mal tratam os recursos económicos dos Goienses.

12 abril, 2007 23:05  
Anonymous Anónimo said...

Eu concordo com os últimos posts. Falta coragem. Todos pagamos impostos para este sistema e ninguém tem a coragem de o denunciar. Até parece que já não há instâncias independentes neste país.
Senão vejamos: o Presidente da Câmara adquire uma Quinta sem verificar que sobre a mesma impendia algum ónus (regista-se a falta de cuidado que qualquer cidadão comum coloca quando adquire um imóvel). A seguir o Vice-Presidente da mesma Câmara propõe a venda de uma parcela da Quinta a uma Associação (que por acaso era presidida pelo Presidente da Câmara!?). Naturalmente que a Deliberação favorável à venda se concretizou sem a participação do Presidente que alegou impedimento. Esta Associação, por sua vez, faz uma candidatura a um programa comunitário para desenvolver um projecto na referida parcela que é aprovado poucos meses antes do mesmo programa fechar. O Registo não permitiu o destaque, por ter havido um outro pouco antes da aquisição da Quinta pela Câmara e a Associação fica com financiamento comunitário para desenvolver um projecto que não pode ser concretizado antes que passem 10 anos!!! Com o financiamento e com as chaves de acesso aos imóveis!!!
O Vice- Presidente proponente do negócio, actual Presidente traz agora a questão ao actual executivo, sabendo da existência de outros interessados, quem sabe com melhores propostas, que delibera favoravelmente a venda à Associação. A Associação, com o maior dos desplantes, vem dizer aos jornais que vai negociar (sem vender) com uma das entidades que havia manifestado interesse em adquirir a Quinta.
É assim meus senhores: qualquer promessa de ‘’um lugar ao sol’’ (neste caso um lugar elegível nas próximas eleições) faz milagres e até tira as dúvidas a quem as exibia publicamente que dá um voto favorável sem as esclarecer (será que não sentem a ameaça que estão a fazer ao próprio património em caso de fiscalização ou que, em pouco tempo se adquire a poderosa sensação de impunidade dos políticos?).
Mas todos ficamos parados ou abandonamos os poucos resistentes que permanecem no Concelho à sua sorte deixando que aqueles que perante eles assumiram obrigações se banqueteiem à custa de posições de favorecimento.
Haja coragem para agir: e que tal uma denúncia ao Tribunal de Contas?
A análise às contas da Câmara pode elucidar tudo isto e muito mais.

13 abril, 2007 00:38  

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