quinta-feira, 15 de março de 2007

Os Madeireiros

Ex.mo sr. Presidente da Câmara Municipal de Góis
Dirigimos esta crónica a V. Ex.ª por o assunto em causa depender do órgão Executivo Municipal e seu Gabinete de Apoio Técnico que muito dignamente dirige, um drama que bem conhece, mas perdura no tempo e na incapacidade de sermos mais eficazes. V. Ex.ª vai concerteza tomar medidas para solucionar este premente problema, que atinge naturalmente o nosso concelho e outras regiões do país.
Num encontro ocasional com V. Ex.ª foi-lhe expressado o nosso reconhecimento pelo seu humanismo, tolerância e espírito de bem servir, sendo o autarca que mais investiu e propocionou aos Alvarenses um quotidiano de vida mais digno. Esperançados que o seu espírito de bem servir se mantenha por mais uma ou duas décadas, esquecendo porventura alguma inconveniência ou menos abonatória intervenção ou acto de algum representante dos nossos colectivos mais responsável.
A Comunidade Alvarense ainda dispõe de uma força viva muito forte, dispersa por algumas regiões do país, muito sensível aos problemas da sua freguesia.
Estarão os madeireiros subordinados a alguma Legislação Estatal ou Estatuto que coordene com rigor a sua actividade? Pelo que se tem constatado, a sua actuação no terreno, subentende estarem a ser agraciados com algum excesso de autonomia. Serão os Madeireiros actualmente reis e senhores da floresta? A monarquia acabou.
Numa visita efectuada recentemente a uma área de pinhal na periferia de uma aldeia, deparámos com um espectáculo chocante, que combalia a alma mais insensivel à natureza. Aquele chão, numa área aproximada a 3.000 m2, encontrava-se juncado de grandes quantidades de total desordem, que até a estrada que por ali passa, sentiu os efeitos do tornado.
Um confrangedor panorama. Autênticos barris de pólvora à espera do próximo Verão.
Sr. Presidente, como é possível nos tempos que correm, sermos ainda confrontados com tais desmandos, com Verões de alto risco, que carbonizam pelo fogo as nossas florestas, com profundos e irreversíveis danos ambientais a médio prazo e consequências bastantes nocivas para o nosso Ecossistema.
Foram promulgadas campanhas de senbilização na prevenção aos incêndios, definiram-se regras de conduta para as queimadas e limpeza de matas, mas os resultados de tais medidas aparentam estar a passar ao lado de todas as entidades que têm responsabilidades neste sector, com resultados calamitosos para os meses de inferno.
Decidimos investigar a lamentável ocorrência, tendo contactado alguns trabalhadores do ramo; e ainformação recolhida, resumiu-se a uma resposta peremtória, que primou pela humanidade: Só limpamos as testadas se nos pagarem para isso. Como assim? Se vendermos os pinheiros ao preço da chuva. Não poderão as autarquias entrar no negócio? Sempre havia concorrência e mais coerência na repetição dos valores auferidos.
Temos uma Unidade de Gestão do Fundo Florestal, regida pelo Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, que muito nos poderá ajudar nesta gravosa questão.
Na compra do produto, o vendedor pratica uma tabela de preços incomportável com as necessidades do produtor, não defendendo minimamente os interesses de quem efectivamente investe ao longo de 30 anos. E entende-se por investimento, limpeza e ordenamento do pinhal, corte de ramadas e operações de manutenção técnica e química.
Defendia-se o produtor no passado, com a venda da resina, uma fonte de receita, que cobria bem as despesas e ainda deixava algum lucro.
O que nos poderá prender actualmente à nossa aldeia? Quem semeia, gosta de colher e saborear o fruto do seu esforço. Não havendo dividendos compensadores, não há motivação para manter, ampliar ou cuidar da obra que nos deixaram.
Vergado pelo trabalho ao longo de uma vida, fora do seu casulo, o nosso Beirão, ao voltar às suas origens, procura uma ou mais tarefas para ocupar o seu tempo, mas tendo sempre como objectivos, não só zelar pelo aspecto físico para manter a forma e a saúde, mas principalmente o económico. Trabalhar para aquecer não dá.
O ar puro, as águas cristalinas e o chilrear dos pássaros, não chega para prender o nosso Beirão, enquanto sentir uma réstia de força e vontade de viver?
A desertificação humana continuará, se perdurar no tempo a incapacidade de dermos mais eficientes.
Tomar-se uma decisão inteligente e justa para esta matéria não é fácil, considerando os muitos anos de alegria, inércia e desprezo devotado ao nosso parque florestal, pelos nossos governantes pós 25 de Abril.
Mais fácil é penalizar os infractores. Quem suja limpa, eles que se amanhem.
Felizmente não precisamos dos pinheiros para comer, podem lá estar 200 anos.
Estamos convictos que V. Ex.ª, vai mais uma vez provar a sua excelente capacidade de bem servir, resolvendo esta chaga de muitas chagas que inundam o nosso parque florestal, para bem das comunidades e de todos os intervenientes, mais ligados ao sector e possa servir ao sector e possa servir de exemplo a outros concelhos.
LOURES, 26 de Fevereiro de 2007
Um Grupo de Proprietários Florestais da Freguesia de Alvares identificados
in Jornal de Arganil, de 15/03/2007

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Neste aspecto, parece-me haver a fazer uma coisa muito simples e essencial em sociedade: CUMPRIR AS LEIS VIGENTES.
O quer dirá a Lei sobre esta situação? Quem tem a obrigação de a fazer cumprir?
Responda (actue) quem tem isso como obrigação.

17 março, 2007 10:36  

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